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4 fatores que podem agravar (ou melhorar) a economia americana, segundo a Gavekal

Com a eleição se aproximando, os Estados Unidos se preparam para um ciclo de queda de juros em meio à expectativa de desaceleração

Wall Street: Gavekal prevê desaceleração da economia americana no segundo semestre (Leandro Fonseca/Exame)

Wall Street: Gavekal prevê desaceleração da economia americana no segundo semestre (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 14h33.

A força da economia americana voltou a surpreender os economistas, com a revisão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2,8% para 3%. Embora o aumento tenha sido o maior para um segundo trimestre desde 2021, a casa de análise Gavekal Research avalia que a atividade econômica perderá força no segundo semestre, período que coincide com as eleições presidenciais.

Motivos para a piora da economia americana

1 - Defasagem da política monetária

Se confirmada, a desaceleração da atividade ocorrerá em um cenário de queda das taxas de juros nos Estados Unidos. A Gavekal, no entanto, acredita que o efeito defasado da política monetária ainda trará impactos contracionistas sobre a economia americana. "Os mercados já estão precificando dinheiro mais barato, mas normalmente leva mais tempo para que o alívio monetário impulsione a atividade. Por enquanto, a política monetária apertada continua sendo um freio para a economia."

2 - Redução do estímulo fiscal

"No ano fiscal de 2023, o aumento tanto do déficit orçamentário federal quanto do déficit primário (excluindo os pagamentos de juros) compensou os efeitos negativos do aperto monetário sobre o crescimento. Esse estímulo agora está desaparecendo. Com base em projeções oficiais, o saldo primário para o ano fiscal de 2024, que termina em 30 de setembro, se estabilizou. A menos que ocorram mudanças políticas ou uma recessão, o saldo primário começará a diminuir no ano fiscal de 2025, a partir de 1º de outubro."

3 - Dólar forte

A Gavekal acredita que o fortalecimento do dólar nos últimos anos ainda terá efeitos negativos sobre a economia. Segundo a análise, essa apreciação tem uma defasagem de dois a três anos para afetar o déficit comercial dos Estados Unidos. "Isso é uma boa notícia para os exportadores para os EUA, especialmente aqueles que vendem bens de consumo. No entanto, as importações de bens de capital podem enfrentar dificuldades se o dólar tornar os produtores americanos menos competitivos."

4 - Mercado de trabalho mais fraco

Os números mais fracos no mercado de trabalho podem frear o crescimento do país, de acordo com a Gavekal. Nesta sexta-feira, 6, o país reportou números abaixo do esperado para o payroll, indicador que mede a criação de empregos urbanos. A taxa de desemprego subiu para 4,2%, 0,4 ponto percentual acima do registrado no mesmo período do ano passado.

Motivos para os EUA não caírem em recessão

Embora acredite que os ventos contrários irão desacelerar a economia americana, a Gavekal avalia que a chance de uma recessão nos Estados Unidos é pouco provável.

1 - Aumento da riqueza dos americanos

O aumento dos preços dos ativos nos Estados Unidos elevou o nível de riqueza dos americanos, o que a Gavekal considera positivo para sustentar a demanda interna. O risco, segundo a análise, é uma "correção de preços" nos mercados imobiliário e de ações.

2 - Queda dos rendimentos dos títulos

Outro fator positivo pode vir do setor imobiliário, segundo a Gavekal. "Os rendimentos dos títulos americanos caíram acentuadamente nas últimas seis semanas. Se essa tendência continuar, a habitação se tornará mais acessível, e a construção de novas casas deverá aumentar."

3 - Fluxos de imigração continuam fortes

A entrada de imigrantes legais e ilegais continua sendo um fator positivo para o aumento da oferta de trabalhadores nos Estados Unidos, de acordo com a Gavekal. "Enquanto isso continuar, haverá suporte à atividade econômica. No entanto, se Donald Trump vencer a eleição presidencial de novembro, o cenário poderá mudar em 2025."

4 - Inteligência artificial

A Gavekal acredita que a inteligência artificial pode aumentar os níveis de produtividade da economia americana, embora avalie que os efeitos ainda não sejam claros, já que muitas empresas estão se adaptando à nova tecnologia. "Enquanto isso, parece que os veículos autônomos e os robotáxis estão ganhando força. Ainda é cedo, e os ganhos de produtividade, por enquanto, estão limitados a Phoenix, São Francisco e Los Angeles."

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