Inteligência Artificial

Robôs que fazem drogas: primeiro medicamento feito por IA será testado em humanos

Empresa de biotecnologia Insilico Medicine conduz um dos primeiros ensaios clínicos de fase 2 de um medicamento totalmente descoberto e projetado por inteligência artificial

Alex Zhavoronkov: fundador da Insilico Medicine  (Insilico/Reprodução)

Alex Zhavoronkov: fundador da Insilico Medicine (Insilico/Reprodução)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 29 de junho de 2023 às 11h35.

Última atualização em 29 de junho de 2023 às 14h06.

A Insilico Medicine, empresa de biotecnologia apoiada pelo conglomerado chinês Fosun Group e pela gigante do private equity Warburg Pincus, iniciou um dos primeiros ensaios clínicos de fase 2, o momento onde os testes podem ser feitos em humanos, de um medicamento inteiramente descoberto e projetado por inteligência artificial (IA).

Sob a tutela do cientista de origem letã Alex Zhavoronkov, fundador da Insilico, a empresa iniciou os testes com um paciente da China. Trata-se do medicamento INS018_055, usado no tratamento para a fibrose pulmonar idiopática, doença que reduz a capacidade do órgão de realizar trocas gasosas.

Com bilhões de dólares investidos na criação de ferramentas de IA destinadas a revolucionar o desenvolvimento de medicamentos, a Insilico faz parte de uma corrida entre grandes farmacêuticas e investidores para explorar uma oportunidade de mercado de US$ 50 bilhões para a IA no setor, conforme relatado pela Morgan Stanley.

Segundo um pronunciamento de Zhavoronkov, as plataformas de IA podem potencialmente reduzir pela metade o tempo necessário para descobrir medicamentos e diminuir o custo de trazer medicamentos ao mercado. Empresas farmacêuticas como Sanofi, Fosun e Johnson & Johnson firmaram acordos de parceria para acesso à tecnologia.

Para se ter uma ideia, a Insilico usou plataformas de IA para selecionar 12 candidatos a medicamentos pré-clínicos, dos quais três avançaram para ensaios clínicos.

Dado o cenário de alta produtividade da IA que criou, farmacêuticas como a Insilico poderiam economizar de dois a quatro anos no descobrimento pré-clínico, dependendo da novidade e complexidade do alvo. A IA também foi usada para recrutar pacientes com maior probabilidade de responder à terapia.

Potencial de crescimento

A empresa, com sede em Hong Kong e Nova York, levantou mais de US$ 400 milhões de uma variedade de investidores baseados principalmente na Ásia e nos EUA.

Antes do teste de agora, a Insilico Medicine conduziu ensaios clínicos de fase 1 do INS018_055 na Nova Zelândia e na China, que, segundo a empresa, demonstraram resultados favoráveis que apoiaram um ensaio aplicar o medicamento em mais humanos.

Na fase atual, a empresa recrutará 60 pessoas com fibrose pulmonar idiopática na China e nos EUA para avaliar a segurança, tolerabilidade e eficácia preliminar do medicamento.

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