Inteligência Artificial

Nem OpenAI e muito menos Nvidia: as grandes vencedoras da IA são as empresas de energia

A demanda por energia e infraestrutura para centros de dados cresce exponencialmente com a popularização da IA e abre um caminho para investimentos em hardware acima do software

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 1 de julho de 2024 às 10h54.

Última atualização em 1 de julho de 2024 às 15h40.

A crescente demanda por poder computacional para alimentar a inteligência artificial (IA) está transformando o cenário dos centros de dados. Em meio a construções incessantes e salas repletas de servidores, um novo complexo industrial dedicado a esses centros surge, ilustrando a magnitude dessa transformação. Analistas destacam que os centros de dados são beneficiários pouco notados da onda de IA. De acordo com a Goldman Sachs, a demanda por energia dos centros de dados deve aumentar 160% até o final da década, impulsionada pela IA e pelo uso crescente de ferramentas como o ChatGPT, que consomem até dez vezes mais eletricidade que uma pesquisa básica no Google.

Essa revolução pode beneficiar empresas de construção, serviços públicos e elétricas envolvidas no ecossistema dos centros de dados. Tradicionalmente vistos como setores defensivos, agora oferecem oportunidades de investimento promissoras. Nos últimos seis meses, as utilidades são o terceiro setor de melhor desempenho no S&P 500, superando apenas os setores de tecnologia da informação e serviços de comunicação, dominados por gigantes da IA como Meta, Nvidia e Alphabet.

Empresas específicas têm se destacado. A Digital Realty Trust, única empresa de investimento imobiliário de centros de dados na bolsa de Nova York, valorizou-se 38% no último ano. O ETF Global X Data Center & Digital Infrastructure subiu 12%, superando o ganho de 4% do iShares Core US REIT ETF.

Companhias que facilitam o grande uso de eletricidade também tiveram forte desempenho em 2024. A Super Micro Computer, especializada em tecnologia de resfriamento líquido para hardware de IA, teve valorização de 200% até agora. Vertiv, que fabrica equipamentos de energia e resfriamento para centros de dados, subiu 80% neste ano, acumulando 435% desde o último grande trimestre da Nvidia, superando a valorização desta última em 130 pontos percentuais.

Globalmente, ações de equipamentos elétricos e de rede nos EUA, Coreia, Índia e Europa subiram até 140% desde o início do ano, conforme análise do JPMorgan.

Apesar do crescimento robusto do setor, a transição para IA trouxe desafios para as empresas de software, que ficaram para trás em relação aos seus pares de hardware. A alta demanda por GPUs e outros equipamentos físicos fez com que as ações de hardware superassem as de software em 30 pontos percentuais este ano. E essa mudança se da ao fato de que o ciclo de GenAI é voltado principalmente para infraestrutura, com empresas de nuvem planejando gastar mais de US$ 200 bilhões em centros de dados neste ano.

Embora os centros de dados apresentem uma oportunidade de investimento promissora, pode levar anos até que impactem significativamente os lucros corporativos. Travis Miller, estrategista de energia e utilidades da Morningstar, estima que os primeiros impactos significativos nos lucros ocorrerão em 2028. No entanto, ele prevê uma expansão considerável nos próximos anos, apesar dos desafios potenciais relacionados à capacidade energética dos EUA.

Os principais laboratórios de IA do mundo

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificial

Mais de Inteligência Artificial

82% dos CEOs brasileiros acreditam que transparência é a chave para a IA conquistar o mercado

1 em cada 3 profissionais no mundo usa ChatGPT no trabalho, aponta pesquisa

O futuro da produtividade pessoal na visão da Microsoft

No Brasil, 47% dos varejistas já utilizam IA, focando em marketing e vendas

Mais na Exame