Inteligência Artificial

Navegadores com IA prometem automação, mas ainda falham em tarefas simples

Modelos como Atlas, da OpenAI, e Comet, da Perplexity, esbarram em limitações técnicas, como a estrutura da web feita para humanos, e enfrentam baixa adesão de sites e desconfiança dos usuários

Navegadores como o Comet, da Perplexity, oferecem como diferencial o chamado agentic browsing, funcionalidade que promete automatizar tarefas tais quais preencher formulários, realizar compras online ou extrair informações de e-mails (Getty Images)

Navegadores como o Comet, da Perplexity, oferecem como diferencial o chamado agentic browsing, funcionalidade que promete automatizar tarefas tais quais preencher formulários, realizar compras online ou extrair informações de e-mails (Getty Images)

Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 10h51.

Apesar da promessa de automação de tarefas a serviço dos usuários e funções de agentes de inteligência artificial, navegadores baseados em IA ainda não são capazes de substituir versões tradicionais como o Google Chrome ou o Mozilla Firefoxambos também integrados à nova tecnologia, ainda que de forma menos disruptiva.

Navegadores como o Atlas, da OpenAI, e o Comet, da Perplexity, oferecem como diferencial o chamado agentic browsing, funcionalidade que promete automatizar tarefas tais quais preencher formulários, realizar compras online ou extrair informações de e-mails. A proposta é que o usuário interaja com a internet via comandos de linguagem natural, sem precisar navegar manualmente.

Na prática, no entanto, esses sistemas ainda apresentam limitações. Testes realizados pela Bloomberg verificaram que as ferramentas falham em tarefas simples, como rolar páginas ou interagir com elementos visuais dinâmicos. Em alguns casos, os navegadores recorrem a capturas de tela e reconhecimento de imagem para contornar interfaces mal estruturadas para robôs – o que consome mais processamento e pode travar o sistema.

Estrutura da web dificulta automação

A maior barreira técnica está no próprio design da maioria dos sites, que foram construídos para usuários humanos. Isso obrigou empresas como OpenAI e Anthropic a criarem novos protocolos para comunicação entre agentes de IA e provedores de conteúdo.

No entanto, o desafio é duplo: além da tecnologia ainda imatura, há também baixa adesão e pouca pressa por parte de serviços online para desenvolverem modelos voltados à automação por IA. Alguns, como o Booking.com, estão testando versões piloto, mas com capacidade limitada, o que leva usuários a preferirem utilizar o site ou app nativo.

Por outro lado, o Airbnb e outras plataformas ainda hesitam em adaptar seus sistemas, enquanto sites de alto tráfego, como Reddit, Amazon e New York Times, já moveram processos contra o uso indevido de seu conteúdo por empresas de IA.

Além disso, a confiança no uso de agentes automatizados permanece baixa. Segundo pesquisa da Mozilla, 60% dos usuários preferem utilizar IA apenas para tarefas de baixo risco. O receio de que os sistemas tomem decisões baseadas em interesses comerciais ocultos, como comissões em compras de passagens, freia a adoção mais ampla desses navegadores.

Nesse cenário, há expectativa quanto à integração de ferramentas agentes em navegadores estabelecidos como o Chrome ou o Edge, da Microsoft. Esses produtos, que não evoluíram para acompanhar o crescimento do tráfego por dispositivos móveis — hoje superior a 67% —, podem se aproveitar da posição consolidada para incorporar recursos gradualmente, à medida que moldam e são moldados pelos avanços técnicos e culturais no uso da web.

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