Inteligência Artificial

IA trará desafios para o mercado de trabalho no Brasil, diz Deloitte

Relatório da consultoria indica que países do G20 enfrentam obstáculos em infraestrutura e capacitação para explorar o potencial da inteligência artificial

A Deloitte logo is pictured on a sign outside the company's offices in London on September 25, 2017.
Deloitte said Monday that "very few" of the accounting and consultancy firm's clients were affected by a hack after a news report said systems of blue-chip clients had been breached. / AFP PHOTO / Daniel LEAL-OLIVAS        (Photo credit should read DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP via Getty Images) (DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP/Getty Images)

A Deloitte logo is pictured on a sign outside the company's offices in London on September 25, 2017. Deloitte said Monday that "very few" of the accounting and consultancy firm's clients were affected by a hack after a news report said systems of blue-chip clients had been breached. / AFP PHOTO / Daniel LEAL-OLIVAS (Photo credit should read DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP via Getty Images) (DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 11h40.

Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 11h42.

Um relatório da Deloitte em parceria com a Organização Internacional de Empregadores (OIE) revela que a inteligência artificial (IA) está transformando a economia global, especialmente com a chegada da IA generativa. Segundo o estudo, intitulado "G20 2024 Readiness Report: AI Powered Transformation", os países do G20 precisam superar barreiras relacionadas a infraestrutura, investimentos e capacitação para usufruir plenamente dos benefícios dessa tecnologia.

Os dados do relatório indicam que países como Estados Unidos e Alemanha estão em melhor posição para adotar a IA, devido à robusta infraestrutura digital, que inclui conexões de internet rápidas e abrangentes, além de uma força de trabalho altamente qualificada. Já o Brasil, apesar de ter iniciado uma estratégia nacional de IA, ainda enfrenta desafios estruturais e educacionais que dificultam a implementação dessa tecnologia em larga escala.

Disparidades no investimento em IA

O relatório destaca que o nível de financiamento em IA varia bastante entre as nações do G20. China e Estados Unidos lideram os investimentos e o desenvolvimento da tecnologia, enquanto países como Brasil, Índia e África do Sul enfrentam dificuldades para atrair recursos e construir infraestrutura adequada. O estudo recomenda que esses países invistam em um ecossistema colaborativo entre governos, setor privado e academia, para acelerar o desenvolvimento da IA e promover crescimento econômico sustentável.

“A falta de investimentos, capacitação e regulamentação em países emergentes, como o Brasil, pode ampliar as desigualdades econômicas e sociais”, afirma Edson Cedraz, sócio-líder para o Setor Público da Deloitte. Ele ressalta a importância de políticas públicas para garantir uma distribuição equitativa dos benefícios da IA e mitigar riscos como desemprego e desigualdade.

Impacto no mercado de trabalho

O impacto da IA nos mercados de trabalho é um dos pontos centrais do relatório. Funções repetitivas e manuais, como operadores de máquinas e trabalhadores de linha de montagem, estão entre as mais afetadas pela automação. Em contraste, há um aumento na demanda por profissionais especializados em IA e ciência de dados, principalmente em setores como tecnologia da informação e serviços financeiros.

Nos países mais desenvolvidos, a transição para um mercado de trabalho impulsionado pela IA é vista como uma oportunidade de crescimento. No entanto, em economias emergentes, a automação pode gerar desemprego e exacerbar desigualdades sociais, caso não sejam implementadas políticas de requalificação e inclusão digital. "O Brasil ainda precisa avançar em seus programas de capacitação para preparar a força de trabalho para a nova realidade", alerta Cedraz.

Estratégias e regulamentação para IA no Brasil

O Brasil deu início à Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA), lançada em 2021, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da IA de forma responsável. A estratégia inclui a criação de programas de capacitação e bolsas de estudo para formar talentos locais, além de atrair especialistas internacionais.

Apesar dos avanços, o país ainda precisa investir mais em infraestrutura e regulamentação para garantir que a IA seja adotada de maneira segura e inclusiva. O estudo destaca a necessidade de uma governança robusta para mitigar riscos relacionados à privacidade e segurança da informação.

Cedraz enfatiza que "é essencial fortalecer as parcerias público-privadas para alavancar os investimentos e desenvolver a IA de forma ética e sustentável no Brasil". Ele aponta que, sem um esforço conjunto entre governo, empresas e academia, o país pode perder competitividade no cenário global.

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