Inteligência Artificial

IA em Hollywood: oportunidades e resistências da indústria cinematográfica

Enquanto grandes estúdios e alguns diretores exploram a inteligência artificial para otimizar produções e reduzir custos, cineastas, atores e roteiristas temem os impactos da tecnologia no emprego e na criatividade

Em um sinal de guinada rumo à IA, na semana passada, a Disney anunciou uma parceria com a OpenAI para permitir que fãs criem vídeos no Sora com personagens como princesas e super-heróis (Divulgação/ Montagem EXAME)

Em um sinal de guinada rumo à IA, na semana passada, a Disney anunciou uma parceria com a OpenAI para permitir que fãs criem vídeos no Sora com personagens como princesas e super-heróis (Divulgação/ Montagem EXAME)

Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 14h50.

Assim como em outros setores, a inteligência artificial está transformando Hollywood de diversas maneiras, tanto criando novas possibilidades para a produção de filmes quanto gerando controvérsias sobre seus impactos no emprego e na criatividade humana.

Diretores como Timur Bekmambetov, responsável por filmes como O Procurado (2008) e o remake de Ben-Hur (2016), estão explorando o uso de IA para criar filmes com orçamentos reduzidos e equipes menores, utilizando a tecnologia para gerar cenas e até performances de atores.

Embora a IA ainda não tenha qualidade suficiente para substituir totalmente a produção cinematográfica, Bekmambetov acredita que ela pode revolucionar a forma como os filmes são feitos. Sua próxima produção, baseada no livro O homem com um mundo estilhaçado, custará uma fração dos US$ 150 milhões que normalmente seriam necessários, utilizando apenas um ator e uma equipe reduzida, quando tradicionalmente centenas de pessoas seriam empregadas.

Nesse cenário, grandes estúdios também começam a explorar as capacidade da IA para gerar vídeos e recriar cenas. Empresas como Disney, Amazon e Netflix já experimentam como a tecnologia pode ser usada desde o rejuvenescimento de personagens até a otimização de animações e dublagens.

Em um sinal de guinada rumo à IA, na semana passada, por exemplo, a Disney anunciou uma parceria com a OpenAI para permitir que fãs criem vídeos no Sora de personagens como princesas e super-heróis, sinalizando um futuro interativo entre o público, a tecnologia e figuras até então protegidas por direitos autorias.

Resistência à IA

No entanto, a crescente presença da IA também está gerando resistências. Muitos cineastas e trabalhadores da indústria, incluindo atores e roteiristas, temem que a tecnologia possa desvalorizar o trabalho humano e prejudicar suas carreiras.

Esses profissionais estiveram em greve durante meses em 2023, com as preocupações sobre o avanço da IA tendo um papel central na pauta de atores e roteiristas já naquele momento. Com contratos válidos até 2026, há preocupação de que novas paralisações ocorram nos próximos anos.

Ao contrário de Bekmambetov, diretores como Guillermo Del Toro e Rian Johnson expressam sua aversão à IA, destacando como ela pode prejudicar o processo criativo e reduzir a autenticidade das produções.

Questões legais envolvendo os direitos de imagem e voz de celebridades também são pontos críticos, já que a IA pode criar réplicas digitais sem o consentimento dos artistas, levantando preocupações sobre exploração e controle. Embora os estúdios possuam os direitos de um filme, eles não os têm sobre o rosto ou a voz dos atores.

Assim, à medida que a IA avança em Hollywood, além da revisão de roteiros e campanhas de marketing, adentrando a produção, a indústria se vê diante do dilema de abraçar a nova tecnologia ou lutar contra uma realidade que, assim como em outros setores, parece inevitável.

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