Inteligência Artificial

'FOMO' por ações de IA concentra risco em poucas empresas e preocupa Banco Central Europeu

Relatório cita otimismo excessivo e identifica paralelos com a bolha das pontocom; outros analistas acreditam que ainda há espaço para anos de crescimento

Luis de Guindos: vice-presidente do BCE (Thomas Lohnes/Getty Images)

Luis de Guindos: vice-presidente do BCE (Thomas Lohnes/Getty Images)

Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 16h09.

O Financial Stability Review, um tradicional relatório do Banco Central Europeu (BCE), destacou que a euforia com empresas ligadas à inteligência artificial está elevando de forma consistente o valor das ações, mesmo diante de riscos macroeconômicos persistentes. A constatação não é nova, e soma coro com uma dezena de outras publicações e avaliações, mas para o BCE é nítida a existência de valorização impulsionada pelo medo de ficar de fora – o FOMO (fear of missing out, na expressão em inglês).

O BCE também apontou que os índices globais estão em alta histórica, com forte concentração em um pequeno grupo de empresas interconectadas dos EUA. Isso torna o mercado, segundo o relatório, mais propenso a ajustes bruscos.

Apesar de reconhecer que os lucros dessas empresas têm sido “excepcionalmente robustos”, o banco alertou que a valorização pode estar sendo impulsionada por expectativas irreais e receio de perder ganhos, não apenas por fundamentos econômicos. A análise do BCE segue posições já apresentadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco da Inglaterra.

Além disso, a concentração de valor em poucas ações também preocupa. Juntas, as “Magnificent 7” — Alphabet, Amazon, Apple, Tesla, Meta, Microsoft e Nvidia — acumulam alta anual de 24% e respondem por 40% do índice da Morningstar nos EUA. Esse nível representa risco elevado, especialmente se os lucros futuros das empresas ligadas à IA não se concretizarem.

Valor real ou bolha inflada?

No entanto, analistas divergem sobre a existência de uma bolha, embora muitos concordem que algumas ações estejam infladas pelo FOMO. O BCE evitou usar esse termo, mas notou paralelos com o cenário que levou à crise das pontocom.

Luis de Guindos, vice-presidente da instituição, afirmou que uma queda nas expectativas de crescimento ou nos lucros dessas empresas poderia provocar correção abrupta nos mercados.

Por outro lado, analistas como Dan Ives, da Wedbush Securities, acreditam que ainda há espaço para crescimento: “Estamos às 22h30 da festa da IA, que vai até as 4h da manhã. O BCE está olhando pela janela”, disse. Segundo ele, o ciclo de investimentos pode durar até dez anos – e este é apenas o terceiro.

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