Inteligência Artificial

Estudo indica que inteligência artificial não aumentou a "cola" nas escolas

Dados da Universidade de Stanford e Pew Research Center coletados nos EUA mostram que alunos ainda entendem pouco sobre como aproveitar a tecnologia

ChatGPT na sala de aula: cola não aumentou em colégios dos EUA (Philipp von Ditfurth/Getty Images)

ChatGPT na sala de aula: cola não aumentou em colégios dos EUA (Philipp von Ditfurth/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 16h50.

Última atualização em 13 de dezembro de 2023 às 17h01.

Em dezembro passado, a introdução do ChatGPT, chatbot que despontou a inteligência artificial (IA) como promessa tecnológica, despertou preocupações em escolas do mundo todo sobre um possível aumento da cola e do plágio em trabalhos escolares.

No Brasil, nenhum tipo de lei foi imposta sobre o uso da tecnologia e as escolas desenvolveram controle ou aplicações a partir de suas avaliações internas.

Já nos EUA, há exemplos mais diversos documentados. Escolas públicas de várias cidades, incluindo Los Angeles, Seattle e Nova York, reagiram bloqueando o acesso ao ChatGPT em notebooks de ensino e em redes Wi-Fi escolares.

No entanto, uma recente pesquisa da Universidade de Stanford sugere que esses temores podem ter sido exagerados, especialmente no ensino fundamental e médio.

A pesquisa, que abrangeu mais de 40 escolas, indica que cerca de 60 a 70% dos alunos admitiram ter colado recentemente - uma taxa semelhante aos anos anteriores, conforme relatos de pesquisadores de educação de Stanford.

Já um estudo do Pew Research Center descobriu que muitos adolescentes sabem pouco sobre o ChatGPT, e a maioria afirmou nunca ter usado a ferramenta para trabalhos escolares.

O Pew Research Center conduziu uma pesquisa com mais de 1.400 adolescentes americanos entre 13 e 17 anos, sobre o ChatGPT. Quase um terço dos entrevistados disse não saber nada sobre o chatbot, enquanto 44% afirmaram saber pouco sobre ele. Apenas 23% dos adolescentes relataram ter um conhecimento aprofundado sobre o ChatGPT.

As respostas variaram conforme raça e renda familiar. Cerca de 72% dos adolescentes brancos relataram conhecer o chatbot, em comparação com aproximadamente 56% dos adolescentes negros. Entre os jovens de famílias com renda anual superior a US$ 75.000, 75% conheciam o ChatGPT, contra apenas 41% em famílias com renda inferior a $30.000.

Ao serem questionados sobre o uso do ChatGPT para auxílio nos trabalhos escolares, apenas uma pequena minoria (13%) disse ter usado a ferramenta.

Esses resultados sugerem que, até o momento, o ChatGPT não se tornou o fenômeno disruptivo nas escolas previsto por alguns. Entre os adolescentes que conheciam o chatbot, a grande maioria (81%) afirmou não ter usado a ferramenta para auxiliar nos trabalhos escolares.

Quanto às taxas de plágio de trabalhos, elas parecem não ter sofrido grande variação desde a introdução do ChatGPT em 2022. A pesquisa de Stanford deste ano incluiu perguntas específicas sobre o uso de chatbots de IA e descobriu que, em algumas escolas, de 12 a 28% dos alunos utilizaram ferramentas como ChatGPT ou smartphones como auxílio não autorizado em testes ou tarefas.

Apesar de alguns alunos terem usado chatbots para gerar ideias ou editar partes de trabalhos, a porcentagem daqueles que os usaram para escrever a totalidade de um trabalho foi relativamente baixa.

As descobertas apontam para uma necessidade de mudança na discussão sobre chatbots em ambientes escolares, focando menos nos temores da cola e mais na compreensão crítica e no uso responsável dessas novas ferramentas de IA.

Ainda em fase de elaboração de regras de uso aceitáveis para as ferramentas de IA, os estudantes estão desenvolvendo visões mais matizadas sobre o uso do ChatGPT em trabalhos escolares. Enquanto 20% dos adolescentes consideram aceitável o uso do ChatGPT para escrever redações, quase 70% veem como aceitável seu uso para pesquisar novos tópicos.

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