Com novo 'Classroom', Google leva inteligência artificial para as escolas
Seu filho vai usar inteligência artificial na aula e o Google quer ser a escolha das instituições de ensino para a tarefa
Chief Artificial Intelligence Officer da Exame
Publicado em 25 de janeiro de 2024 às 13h42.
Última atualização em 28 de janeiro de 2024 às 18h03.
Recentemente, no Bett UK, evento de educação e tecnologia que aconteceu na Inglaterra, o Google anunciou o lançamento de novos recursos de inteligência artificial (IA) especificamente com foco no ensino básico.
Se a Microsoft continua ganhando a batalha pelos softwares de produtividade nas empresas com o Windows e pacote Office, agora integrando o chatgpt, o Google segue liderando nas escolas com o software de aprendizado Google Classroom, agora integrando novas IAs.
A estratégia do Google com esse produto é a mesma do McDonald's, conquistar corações desde cedo. A maior parte das escolas podem usar o Google Classroom de graça, e em troca as crianças aprendem a usar o pacote de produtividade da empresa para criar textos, apresentações e planilhas. O objetivo é que continuem usando quando arrumarem um emprego.
Ao longo da última década essa estratégia tem funcionado, o Google tem fortalecido sua presença tanto no software quanto no hardware educacionais. Segundo dados da Futuresource Consulting, de 2019, a participação de mercado da empresa em laptops e tablets para salas de aula do ensino fundamental e médio subiu de 5% para 60% entre 2012 e 2019, tornando o Chromebook o dispositivo mais utilizado por estudantes.
Segundo outra pesquisa da Bloomberg de 2020, no lado do software, o número de usuários do Google Classroom dobrou para 100 milhões nos primeiros meses da pandemia, e o Google Workspace for Education (anteriormente G Suite for Education) passou de 90 milhões para 120 milhões de usuários.
Quando eu dei aulas de matemática no ensino fundamental, lembro que o uso do Google Docs era a norma. Os estudantes usavam naturalmente a função de apresentações colaborativas e o PowerPoint da Microsoft não estava no repertório.
Porém, historicamente, a Microsoft segue dominando ferramentas de produtividade nas empresas, especialmente com o Excel e o PowerPoint. São habilidades ensinadas nas universidades, não apenas porque a Microsoft oferece essas ferramentas de graça para instituições de ensino superior, mas também porque as empresas demandam. Será que o Google consegue inverter esse jogo ensinando as crianças a usar Google Docs?
Seguem tentando…
As novas funcionalidades de IA para o Classroom incluem ferramentas de gerenciamento de sala de aula e recursos de acessibilidade, assim como a utilização de IA para criar questões e planos de aula.
Avaliação
Um dos recursos que mais gostei é o "Practice sets", que utiliza IA para criar respostas e dicas. Agora disponível em mais de 50 idiomas, essa ferramenta tem o potencial de democratizar o acesso à educação de qualidade, abrangendo uma diversidade linguística impressionante.
Criação de aulas
Outra novidade incrível é o Duet AI, uma ferramenta de IA generativa para o Google Workspace, que ajuda os professores a desenhar as aulas e fazer o planejamento educacional. No Google Slides, dá pra criar aulas com narração.
Personalização
Interessante também é a nova capacidade de formar grupos na sala de aula e distribuir tarefas diferentes a cada um. Atenção mais direcionada às necessidades de aprendizado dos alunos.
Dados
Também lançaram uma função de coleta de assinaturas e novas ferramentas de análises de desempenho dos alunos, como conclusão de tarefas e tendências de notas. Estas ferramentas fornecem insights valiosos que podem ajudar a melhorar a eficácia do ensino.
Acessibilidade
No que diz respeito à acessibilidade, o Google Meet adicionou legendas em 30 idiomas e a capacidade de fixar vários apresentadores, tornando as aulas online mais acessíveis e inclusivas.
Hardwares
E, para complementar, o Google anunciou 15 novos modelos de Chromebooks. E os estudantes agora veem suas tarefas diretamente na tela inicial do computador.
Essa predominância do Google nas escolas e da Microsoft na Universidades, ainda não são usadas de maneira geral, levanta uma questão importante: como podemos equilibrar a influência das ferramentas do Google/Microsoft com a necessidade de familiarizar os estudantes com outras plataformas, se possível locais, que ainda são amplamente usadas no ensino superior e no mercado de trabalho?