Inteligência Artificial

Com ajuda brasileira e inteligência artificial, guacamole vira o prato oficial do Super Bowl

No mês que precede o evento, americanos consomem o equivalente a um campo de futebol inteiro de abacates, cerca de 113 milhões de quilos

Alessandra e Kristian Bottini, da agência 270B (270B/Divulgação)

Alessandra e Kristian Bottini, da agência 270B (270B/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 13h33.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2024 às 14h15.

Os Estados Unidos é o país do hambúrguer, mas existe uma comida típica do México que conquistou o estilo de vida americano e se tornou o item mais consumido na época do Super Bowl: o guacamole. No mês que precede o evento, a quantidade de abacates que os americanos consomem cobriria um campo de futebol com mais de 23 metros – cerca de 113 milhões de quilos de abacate – e aí está uma oportunidade para marcas como a Avocados From Mexico, que há dez anos conta com a ajuda de uma agência feita por brasileiros para vender seus produtos durante o evento esportivo que é considerado o “Oscar do marketing” para os americanos. 

A guacamole é uma pasta de abacate que tradicionalmente é misturada com outros ingredientes como tomate, alho e limão. Mas a Avocados quer que você saiba que, neste Super Bowl, o céu é o limite: com ajuda de uma IA generativa, a GuacAImole, a empresa oferece a possibilidade de transformar qualquer comida em uma receita para guacamole. Tente feijão, camarão ou sugira uma pitada de um novo tempero, e a IA vai mostrar ingredientes e modo de preparo.

Numa demonstração feita nos EUA, uma foto de salmão recém-cortado foi carregada no GuacAImole e, em um minuto, foi compartilhada uma receita que apresentava a combinação de uma xícara de salmão, três abacates maduros, suco de limão, coentro, uma pimenta vermelha e sal e molhos. A IA generativa da Avocados foi construída com o GPT-4 da OpenAI e também é alimentado pelo DALL-E 3 para gerar imagens.

Você deve estar se perguntando o que acontece, por exemplo, se uma imagem de uma cadeira for enviada para o chatbot. Tudo foi pensado pela 270B: caso o item não seja reconhecido, a IA vai responder “this is unguacable” (no português, uma brincadeira que soa algo como “isso é impossível deguacamolar).

Para não ficar só na brincadeira e garantir que a receita se transforme numa venda, a 270B também incorporou o 'Aisle', uma plataforma de cupons digitais para incentivar visitas às lojas.

GuacAImole: página inicial do site, que também é possível de acessar via celular (Avocados From Mexico/Captura de tela/Reprodução)

Agência brasileira por trás de tudo

A ideia de combinar tecnologia com a ação digital – este é o primeiro ano que a Avocados não investiu em um comercial para o Super Bowl, que custa cerca de US$ 7 milhões por 30 segundos de tela – veio da agência 270B, que nasceu no Texas e hoje começa a crescer no Brasil. 

Os fundadores, Alessandra Bottini e Kristian Bottini, abriram a 270B nos EUA há 18 anos atrás. Ambos foram morar lá quando ainda eram jovens, e por isso não começaram a empreender diretamente do Brasil.

Com cerca de 80% dos clientes na área de alimentos e bebidas, a agência já trabalhou com empresas como TotalPass, Pepsico (Gatorade, Frito Lay), Nature Sweet, Envy Apples, Subway e AT&T, e chegou oficialmente no Brasil em 2022. “Nosso grande diferencial é a aliança ao digital. Usamos tecnologias de forma criativa, e que muitas vezes já existem no mercado, mas utilizamos ela de um jeito diferente para gerar impacto”, conta Alessandra em entrevista exclusiva à EXAME. 

É Bottini que descreve o Super Bowl como o “Oscar do marketing” para os americanos. 2024 marca o décimo ano que a dupla faz algum trabalho para o evento esportivo, que chega à sua 58ª edição com Kansas City Chiefs e San Francisco 49ers disputando o mais cobiçado título do futebol americano. É estimado que ao menos 200 milhões de espectadores estarão ligados na TV durante o Super Bowl.

Ainda segundo a cofundadora, somente uma ação digital – ou seja, algo que não vai passar durante o cobiçado comercial do jogo – custa ao menos meio milhão de dólares para empresas como a Avocados From Mexico, que aproveitam o grande evento para aumentar as vendas e se solidificar como uma marca conhecida no mercado. “Eles estão competindo com marcas como Doritos e Pepsi, que são gigantes do mercado”, conta. A expectativa da Avocados é de alcançar 2 bilhões de impressões digitais durante o mês do Super Bowl.

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