Inteligência Artificial

BlackRock e Microsoft lançam fundo de US$ 30 bilhões para infraestrutura de IA

Fundo busca enfrentar as crescentes demandas de energia e capacidade digital exigidas pela inteligência artificial

SEATTLE, WASHINGTON - MARCH 19: A Microsoft sign is seen at the company's headquarters on March 19, 2023 in Seattle, Washington. (Photo by I RYU/VCG via Getty Images) (I RYU/Getty Images)

SEATTLE, WASHINGTON - MARCH 19: A Microsoft sign is seen at the company's headquarters on March 19, 2023 in Seattle, Washington. (Photo by I RYU/VCG via Getty Images) (I RYU/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 08h30.

Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 17h07.

A BlackRock e a Microsoft estão se unindo para lançar um fundo de mais de US$ 30 bilhões (cerca de R$ 165 bilhões) com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura de inteligência artificial (IA), como centros de dados e iniciativas de energia, segundo fontes próximas ao assunto. O fundo, que será administrado pela BlackRock em parceria com a nova unidade de investimentos em infraestrutura do grupo, Global Infrastructure Partners (GIP), também terá a participação da Nvidia e da MGX, empresa de investimentos de Abu Dhabi. As informações são do Financial Times.

Com o crescente desenvolvimento de IA, a demanda por energia e capacidade de processamento digital tem colocado pressão sobre a infraestrutura energética existente. O fundo, que figura entre os maiores já criados por Wall Street, visa justamente suprir essas necessidades e evitar gargalos que podem dificultar o avanço de tecnologias como o aprendizado de máquinas e a computação em nuvem.

A Global Infrastructure Partners, que recentemente foi adquirida pela BlackRock por US$ 12,5 bilhões (aproximadamente R$ 68,5 bilhões), terá neste fundo seu primeiro grande projeto desde o acordo. A previsão é que essa aquisição seja finalizada em outubro deste ano. A criação do fundo é um movimento importante, considerando o cenário de rápido crescimento da necessidade por energia gerada pela IA.

Setor de energia

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, tem destacado o setor de energia como uma de suas principais oportunidades de crescimento. Em uma carta aos investidores, o CEO Larry Fink mencionou que, ao longo de seus quase 50 anos no mercado financeiro, nunca havia visto uma demanda tão elevada por infraestrutura energética. A IA, com suas exigências computacionais muito superiores às de inovações anteriores, é um dos principais impulsionadores dessa nova realidade.

Com o aumento da quantidade de dados processados globalmente, a criação de centros de dados e de fontes de energia limpa para suprir o setor tecnológico se tornou uma prioridade. A Microsoft, que já havia se comprometido a neutralizar seu consumo de energia com a aquisição de fontes de energia sem carbono até 2030, firmou um acordo com a canadense Brookfield Asset Management para financiar projetos de eletricidade renovável no valor de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 55 bilhões) no início deste ano.

Esse movimento reflete o crescente esforço de grandes players para adequar suas operações à nova realidade da IA, que exige muito mais energia para funcionar. Além disso, o compromisso com a sustentabilidade também impulsiona a busca por soluções inovadoras e de baixo impacto ambiental, o que gera oportunidades de investimentos.

Expansão de infraestrutura

De acordo com a Agência Internacional de Energia, o consumo global de eletricidade por centros de dados pode superar 1.000 terawatts-hora até 2026, mais do que o dobro do consumo registrado em 2022. Nos Estados Unidos, que abrigam cerca de um terço dos centros de dados do mundo, a demanda por eletricidade está crescendo rapidamente pela primeira vez em duas décadas. Projeções indicam que a taxa de crescimento da demanda de eletricidade nos EUA aumentou quase duas vezes em cinco anos, saltando de 2,6% para 4,7% em 2023.

Esse cenário impulsionou o interesse de grandes investidores no setor de infraestrutura, como foi o caso da Blackstone, que anunciou um plano de US$ 40 bilhões (aproximadamente R$ 220 milhões) para infraestrutura com apoio da Arábia Saudita em 2017, e da Brookfield, que levantou US$ 28 bilhões (cerca de R$ 154 bilhões) para o maior fundo de infraestrutura de todos os tempos no ano passado.

Parceria com Nvidia e MGX

O fundo também conta com a expertise da Nvidia, uma das principais fabricantes de chips para IA, além do apoio da MGX, empresa de investimentos apoiada por Abu Dhabi. A Nvidia vem se destacando no setor de IA, com seus chips sendo componentes essenciais para a construção de infraestrutura de alta capacidade para o processamento de grandes volumes de dados.

As empresas envolvidas têm mantido discrição sobre os detalhes da parceria. No entanto, a expectativa é que o fundo possa servir de modelo para futuros investimentos em infraestrutura de tecnologia e energia, dado o aumento exponencial da demanda de computação e da necessidade por fontes de energia que atendam a esses novos padrões.

Acompanhe tudo sobre:MicrosoftNvidiaBlackRockInfraestruturaInteligência artificialWall Street Journal

Mais de Inteligência Artificial

Google investe US$ 1 bilhão na Tailândia para novo centro de dados e expansão em IA

O cheque de Masayoshi Son para Sam Altman: US$ 500 mi para garantir carona na liderança da OpenAI

OpenAI enfrenta desafios de governaça e regulatórios para ser uma empresa apenas com fins lucrativos

ByteDance planeja desenvolver IA com chips da Huawei em resposta a sanções dos EUA