Inteligência Artificial

Argentino usa inteligência artificial para procurar bebês desaparecidos durante a ditadura

Imagens são geradas a partir de fotos dos pais de crianças que foram roubadas durante regime de exceção no país

O desiner Santiago Barros trabalha em seu app de IA em 21 de julho de 2023, em Buenos Aires (AFP/AFP)

O desiner Santiago Barros trabalha em seu app de IA em 21 de julho de 2023, em Buenos Aires (AFP/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 22 de julho de 2023 às 14h07.

Com a ideia de "preencher uma lacuna" devida à falta de imagens, o designer gráfico Santiago Barros usa inteligência artificial para promover e impulsionar a busca por bebês roubados durante a ditadura argentina, com base em fotos de seus pais desaparecidos.

"O que você pede ao aplicativo é para imaginar. Para mim, é mais imaginação artificial do que inteligência artificial", explicou à AFP enquanto mostrava como o aplicativo Mid Journey recria possíveis rostos.

Com um parente desaparecido, este homem tatuado e de cabelos compridos nascido em 1976, ano do golpe, sempre se sentiu desafiado pela luta das 'Abuelas da Plaza de Mayo' (Avós da Praça de Maio), organização de direitos humanos que conseguiu identificar 132 pessoas sequestradas quando bebês e ainda está à procura de outros 300 "netos".

"Achei que poderia preencher uma lacuna relacionada à imagem, imaginar como aquela pessoa estaria hoje. Ficou no imaginário que os netos são crianças ou bebês porque foram sequestrados quando eram bebês, mas agora são pessoas da minha idade entre 40 e 47 anos", diz Barros. "Faltava uma representação gráfica de como seriam aquelas pessoas, pelo menos no inconsciente coletivo, independentemente da precisão do resultado".

Publicitário e diretor de arte, as ferramentas tecnológicas fazem parte do cotidiano de Barros. Há um mês, ele começou a usar a inteligência artificial nesta iniciativa, que consiste em inserir no aplicativo fotos em preto e branco dos pais desaparecidos, retiradas do portal da organização Abuelas.

A partir dessas imagens, o aplicativo cria quatro rostos possíveis. Barros escolhe um deles e publica no perfil IAbuelas que criou no Instagram para dar visibilidade ao tema. Em um mês, somou mais de 6.300 seguidores.

Até agora, já publicou cerca de 40 identidades imaginárias correspondentes aos sequestrados em 1976 e já começou a trabalhar nos de 1977. A ditadura durou até 1983.

"A ideia é ajudar na divulgação. Me pareceu que usar a inteligência artificial aproximaria os mais novos, jovens de vinte anos, com uma linguagem que eles possam interpretar" disse.

Abuelas, campeãs do mundo

Ele esclarece que os resultados do aplicativo “são aleatórios, não são 100% confiáveis ou definitivos”. Quando recebe uma mensagem de alguém com dúvidas sobre a sua identidade, encaminha imediatamente à organização humanitária, criada em 1977.

Em relação ao alcance da Inteligência Artificial, considera que "provavelmente poderá ser utilizada para reconhecer pessoas um dia", mas "deve ficar sempre claro que a única ferramenta infalível é o DNA, e, nisso, as Abuelas são as campeãs do mundo".

O designer gráfico ficou impressionado com o fato de que seus seguidores "compartilharem stories (da conta) e adicionarem seu próprios textos como por exemplo: 'pela primeira vez a inteligência artificial é usada com um bom propósito'. Apesar das incertezas e medos suscitados pela IA, sempre a vi como uma ferramenta".

Acompanhe tudo sobre:DitaduraArgentinaInteligência artificial

Mais de Inteligência Artificial

Apple adquire Pixelmator, empresa lituana de edição de imagens com IA

Melhor que o Google? ChatGPT agora faz buscas e cria respostas citando fontes; aprenda a usar

Elon Musk busca investidores do Oriente Médio para valorizar a xAI

Microsoft prevê receita anual de IA em US$ 10 bilhões, a mais rápida da história da empresa