3 reflexões do fundador da Loft sobre inteligência artificial
Em sua nova coluna, Florian Hagenbuch compartilha os três melhores artigos que ele leu no último ano sobre inteligência artificial
Colunista
Publicado em 21 de janeiro de 2024 às 12h34.
Eu relutei um pouco em dedicar o primeiro texto do ano à Inteligência Artificial. Escrevi sobre o tema em pelo menos duas colunas em 2023. Mas a verdade é que a IA segue sendo uma fonte inesgotável de pesquisa e bons debates. Sozinha, vem dominando não só o noticiário de inovação e startups, mas também a cobertura de negócios, mercado imobiliário e etc.
Empresas em praticamente todos os setores já perceberam e/ou experimentaram os benefícios do uso da inteligência artificial. Por isso, não vejo a IA como algo passageiro ou que vá cair no esquecimento.
Para mim, a Inteligência Artificial já está inserida em nossas vidas e trará cada vez mais eficiência para o nosso dia a dia – além de outros usos que ainda nem conseguimos imaginar.
E como todo mundo gosta de listas, escolhi esse formato para compartilhar o que considero ser o Top 3 artigos do último ano sobre IA. Vale a pena ler ou reler esses materiais nesses primeiros dias de 2024 – E quem sabe ter uma boa ideia de negócio.
IA além da página em branco
Esse artigo de Benedict Evans, investidor de empresas de tecnologia, traz uma reflexão importante sobre como os produtos de Inteligência Artificial são apresentados hoje e o valor que as interfaces têm - quem lembra como era usar um computador antes de o Windows ser lançado?
Evans defende que o ChatPGT se parece muito com os primeiros computadores. Com o comando certo, ele pode fazer tudo – e tem se mostrado muito bom para tarefas como escrever linhas de código, fazer o primeiro rascunho de um texto ou auxiliar um time de marketing em um brainstorm –, mas nós ainda não temos clareza de como aproveitar todo o seu potencial. Não há botões e softwares específicos como em um notebook moderno.
Na maior parte do tempo, nos vemos olhando para uma tela vazia com um cursor piscando. Lembrou do sistema DOS?
O "paradoxo" do ChatGPT, que representa aqui os grandes modelos de linguagem, ou LLMs na sigla em inglês, é que ele é tanto um avanço quanto um passo para trás. Podemos pedir qualquer coisa, mas logo aprendemos que é necessário criar um roteiro e linhas de comando para que ele execute a tarefa da melhor maneira.
Oportunidades em IA
Nesse texto, publicado na página da Greylock, um fundo de venture capital americano, o investidor Seth Rosenberg lista os três campos com as maiores oportunidades para empreendedores interessados em criar empresas suportadas por Inteligência Artificial.
O primeiro, claro, são as redes de conexão e os marketplaces. Se antes as redes tinham como propósito conectar pessoas, hoje são os algoritmos que nos conectam a conteúdos que, segundo ele, fazem sentido para nós. Nessa nova onda trazida pelas IAs, no entanto, o algoritmo pode substituir um lado da conexão, ou os dois.
Rosenberg usa como exemplo um marketplace onde designers freelancers podem ser contratados para criar um logo para uma nova empresa. Em um marketplace suportado por uma inteligência artificial, em vez de se conectar a uma pessoa designer, o cliente vai adquirir o novo logo direto da tecnologia generativa.
O segundo são as novas categorias de softwares. Quando a colaboração em tempo real ganhou força, o Microsoft Office perdeu mercado para o Google Docs (de onde escrevo esse texto, aliás). Com as IAs, podemos ter novas categorias de programas. Por que não usar Inteligência Artificial para repensar o contato com o cliente, por exemplo?
Já o terceiro e último são os AI copilots, interfaces capazes de auxiliar quem trabalha no setor de serviços em tarefas simples do dia a dia, como escrever um texto ou navegar por um processo de vendas B2B.
Produtividade
Sarah Tavel, sócia da Benchmark, uma das mais relevantes gestoras de venture capital do Silicon Valley, é a autora desse artigo sobre startups de Inteligência Artificial. A sua tese central é: essas startups deveriam vender trabalho, e não software.
Sarah aponta que, em vez de criar softwares para auxiliar e aumentar a produtividade dos colaboradores de uma empresa, as startups deveriam estar focadas em automatizar por completo tarefas repetitivas e burocráticas – o que liberaria os profissionais para focarem em demandas mais estratégicas.
Uma ótica interessante para o que está acontecendo nesse mercado no momento, inclusive no Brasil.
Como escrevi no início deste texto, ainda não conhecemos todo o potencial da IA, mas o que vimos em 2023 foi um lembrete de como as disrupções acontecem - gradualmente e, então, subitamente (“slowly, then all at once”).
Sigo bastante otimista com o tema e curioso para descobrir quais serão as próximas tendências e inovações. Há quem veja semelhanças entre o que estamos vivendo agora e as bolhas da telefonia e da internet. Será que a história se repetirá com a Inteligência Artificial?
Talvez a gente descubra já em 2024. Feliz Ano Novo, pessoal!