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No pódio da inovação: como a Fórmula 1 está conquistando novas audiências

A Fórmula 1 vem passando por um processo intenso de transformação desde 2017, impulsionado pela nova gestão da Liberty Media. Entre mudanças de regulamentação e estratégias de comunicação, o esporte busca renovar sua base de fãs e se conectar com as novas gerações

Francisco Mattos durante sua participação no Exame Talks. Encontro contou com mediação de Mariana Martucci, editora da Exame. (Fernando Estelita/Exame)

Francisco Mattos durante sua participação no Exame Talks. Encontro contou com mediação de Mariana Martucci, editora da Exame. (Fernando Estelita/Exame)

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 09h00.

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Não é segredo para ninguém que a Fórmula 1 se reinventou. De 2017 para cá, depois da aquisição da Liberty Media, o esporte ganhou nova vida enquanto produto. Aqui no Brasil, o GP de São Paulo vem movimentando mais de R$ 1 bilhão há pelo menos três edições. Neste ano, foram quase R$ 2 bilhões.

Mas, qual o segredo?

Francisco Mattos, diretor do Grande Prêmio de São Paulo, veio ao Exame Talks, série de palestras exclusivas para alunos dos MBAs da Faculdade Exame, para contar um pouco mais sobre as táticas de inovação da F1.

Drive to Survive e o impacto das redes sociais

Um dos marcos recentes dessa reinvenção foi o lançamento da série Drive to Survive, da Netflix, que oferece um olhar exclusivo sobre os bastidores da Fórmula 1. O seriado humanizou os pilotos e transformou o esporte em um fenômeno cultural.

“A série trouxe um público jovem, que gosta de consumir o que está nas redes sociais, mas que antes estava distante das corridas tradicionais”, afirmou Francisco. E o impacto foi imediato.

Entre 2019 e 2021, a média de idade do público caiu sete anos. Além disso, a diversidade do público aumentou. “Hoje, o público feminino já representa 40% do público do Grande Prêmio de São Paulo. Cinco anos atrás, eram apenas 20%," destacou Mattos.

E a Netflix não parou por aí. Como resultado de um investimento de US$ 170 milhões (pouco mais de R$ 1 bilhão, na cotação atual), "Senna" foi lançado no final do mês passado e rapidamente se posicionou no top 10 de produções mais assistidas mundialmente e, claro, nacionalmente.

Por ser muito recente, ainda não há como saber se o seriado impactou nos números de audiência da Fórmula 1, mas o sucesso foi estrondoso -- e furou a bolha. Segundo a Netflix, os seis episódios se tornaram a produção em língua estrangeira mais assistida da história do serviço, acumulando mais de 37 milhões de horas consumidas em menos de um mês.

Estratégias para engajar novos públicos

Outro ponto inovador foi a introdução da sprint race, uma corrida mais curta que acontece aos sábados. Segundo Mattos, a retenção de audiência de pessoas abaixo de 35 anos aumentou em 80% com essa estratégia. “Foi uma forma de trazer esse público para consumir não apenas os bastidores, mas também o esporte em si”, explicou.

A Fórmula 1 também expandiu sua presença digital e eventos de entretenimento. No Brasil, iniciativas como o Heineken Village e a Fanzone conectam o público jovem com festivais de música e experiências interativas. “A experiência no autódromo vai além da corrida. Em oito horas de evento por dia, sempre tem algo acontecendo para entreter o público,” afirma.

O papel da tecnologia na Fórmula 1

A tecnologia também desempenha um papel central na evolução do esporte.

Mattos ressaltou que as equipes utilizam dispositivos avançados para monitoramento em tempo real. “Imagina que a equipe pode detectar um problema no carro na Austrália e, em menos de um segundo, essa informação chega ao headquarter na Inglaterra. É um nível de precisão e agilidade impressionante”, afirmou.

As transmissões também ficam entre as mais tecnológicas do mundo. O público tem acesso, em tempo real, a trechos de conversas nos rádios dos pilotos, gráficos interativos e uma identidade visual moderna e de fácil leitura.

Para os aficionados, a F1 TV oferece, entre outras informações, diversas possibilidades de análise e uma experiência mais aprofundada, como dados em tempo real de pneus e outras estatísticas sobre os carros de cada piloto.

Além disso, a Fórmula 1 trabalha no desenvolvimento de um combustível sintético com cadeia de carbono neutra, previsto para 2026. “Esse combustível pode ser usado nos carros comuns e é um dos legados mais importantes que a Fórmula 1 pode deixar para o futuro”, afirmou.

Isso significa que, sim, se a previsão de Mattos se concretizar, você poderá encher o seu tanque com combustível de corrida.

Renovação do público e desafios logísticos

A revitalização da Fórmula 1 trouxe novos desafios, especialmente em eventos como o Grande Prêmio de São Paulo, que é, mundialmente, uma das corridas mais aguardadas da temporada.

Em 2024, o evento atraiu um público recorde de quase 300 mil pessoas. Segundo Mattos, a logística é monumental: “São 600 toneladas de equipamentos transportados por nove aviões e mais de 100 containers marítimos.”

Além disso, o diretor destacou a importância da inclusão de novos talentos. O Brasil voltará a ter um piloto na Fórmula 1 em 2025, conectando ainda mais o público nacional ao esporte. “O público brasileiro é único, o mais vibrante. Mesmo sem um piloto nos últimos sete anos, eles continuam fazendo do autódromo uma grande festa”, celebrou.

Com um público renovado e estratégias inovadoras, a Fórmula 1 reforça sua posição como um dos maiores espetáculos esportivos do mundo. Segundo Mattos, “o segredo está em colocar o fã no centro de tudo. É assim que garantimos a longevidade e a relevância do esporte”.

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