Trabalhadores temem IA, mas ela não vai substituir humanos, diz Thomson Reuters
Em estudo, empresa revela como trabalhadores enxergam a nova tecnologia, incluindo potenciais e riscos para empregos
Repórter do Future of Money
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 09h00.
A Thomson Reuters divulgou nesta terça-feira, 22, um estudo que busca mapear as visões de trabalhadores sobre a inteligência artificial generativa , uma tecnologia que ganhou uma popularidade e adoção repentinas em 2023. A pesquisa mostra, ao mesmo tempo, os medos e potenciais vistos pelos trabalhadores.
Para Steve Hasker, CEO e presidente da Thomson Reuters, a tecnologia "capturou nossa imaginação coletiva e mudou tudo em muito pouco tempo". "As ferramentas de IA generativas recentes nos tornaram repentinamente conscientes de suas imensas capacidades. Esses incríveis feitos tecnológicos e interfaces de usuário simples têm levado os líderes empresariais a se perguntarem como a IA transformará suas indústrias".
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Entretanto, ele acredita que "é fundamental que reconheçamos as deficiências da inteligência artificial. Entretanto, nós sabemos que, se as ferramentas de IA são construídas e aproveitadas corretamente, elas têm o potencial para superar alguns dos maiores pontos problemáticos para empresas".
Para ele, a adoção dessa tecnologia demandará enfrentar desafios como deficiências no mercado de trabalho, esforços para aumentar a satisfação no trabalho e incentivar uma boa saúde mental, a automatização de tarefas e uma necessidade de navegar um cenário regulatório de de conformidade "capaz vez mais complexo".
Apesar de acreditar que a inteligência artificial generativa pode aumentar a produtividade dos trabalhadores, tendo um "impacto transformacional no trabalho e como ele é feito", o CEO afirma que "ela jamais vai ser capaz de substituir o elemento humano".
"As pessoas foram, são e continuarão a ser o ativo número um em qualquer negócio. No entanto, os programas de treinamento precisarão ser adaptados para ajudar a equipe a supervisionar e interpretar a saída desses modelos, bem como aumentar a implementação de soluções de inteligência artificial", afirma.
Inteligência artificial no trabalho
Os entrevistados pela Thomson Reuters foram questionados sobre o grau de impacto nos próximos cinco anos em suas profissões em relação a uma série de eventos. O surgimento da inteligência artificial e da IA generativa foi o mais citado como transformacional - por 34% dos entrevistados.
Em seguida, está a explosão no volume de dados (13%), recessão econômica e crises de custo de vida (11%), a ascensão de millennials para cargos de liderança (10%), o aumento da regulamentação ao redor do mundo (8%) e o foco crescente em práticas ESG (5%).
"Espera-se que a IA, e especificamente a IA generativa, seja transformacional ou, no mínimo, de alto impacto" destaca o relatório. Ao mesmo tempo, a maioria dos entrevistados na pesquisa vê essa tecnologia como um "catalisador de crescimento", permitindo o surgimento de novos produtos e serviços.
Para a maior parte dos entrevistados, a nova tecnologia deve ajudar, e não atrapalhar, no crescimento das empresas e expansão para novos mercados. Ao mesmo tempo, a área operacional das empresas é a mais citada pensando em ganhos de produtividade e eficiência com a tecnologia.
Entre as possíveis aplicações mais citadas, estão a automação de comunicações com clientes, identificação de necessidades de clientes, melhoria na comunicação de conceitos complexos, pesquisa e revisão documental. Já como uma área de risco potencial, a Thomson Reuters cita a importância de ficar atento ao uso da tecnologia para fraudes, o que traz "seus próprios riscos" novos.
Para 64% dos profissionais, a inteligência artificial deverá aumentar o reconhecimento e recompensas para profissionais que possuem habilidades relevantes nos próximos 5 anos. Por outro lado, 66% esperam que, no mesmo período, outras habilidades deixem de ser exigidas, demandando uma capacidade de adaptação.
Em geral, os medos mais citados pelos entrevistados com o uso da tecnologia envolvem danos à precisão de operações (25%), perda massiva de empregos (19%), extinção de profissões (17%), problemas com segurança de dados (15%), falta de ética (15%) e perda de transparência (5%).
Para 82% dos entrevistados, a inteligência artificial fará com que as empresas ofereçam novos serviços em até 5 anos. Já 75% esperam que a tecnologia resulte em novos modelos de precificação.
A Thomson Reuters avalia que "há poucas dúvidas de que a IA usada em escala gerará mudanças significativas, e a maioria dos profissionais disse esperar que essas mudanças sejam principalmente positivas, tanto do ponto de vista operacional quanto na demanda geral por suas habilidades. Para aproveitar todas as oportunidades que a IA oferece, o papel da IA precisa ser claramente articulado".
"O foco em atrair, reter, treinar e capacitar talentos deve continuar sendo uma prioridade se os profissionais devem continuar a fornecer o valor que os clientes e as partes interessadas passaram a esperar, especialmente à medida que colocamos mais ênfase nas mudanças tecnológicas que estão atrapalhando todas as indústrias", ressalta a empresa.
Futuro do trabalho
Pensando no impacto no trabalho, 68% dos entrevistados acreditam que, nos próximos 5 anos, a inteligência artificial permitirá que pessoas sem "qualificações tradicionais" executem mais trabalhos. Ao mesmo tempo, 66% esperam o surgimento de novas carreiras.
A expectativa é que, em geral, a tecnologia resulte em mais contratações, e não menos, mas que o número de vagas iniciais tende a diminuir nos próximos 5 anos. Nesse sentido, 87% dos entrevistados esperam que os treinamentos para uso de IA se tornem obrigatórios, com 87% esperando que novas habilidades passem a ser demandadas dos profissionais.
Questionados sobre as "barreiras para mudança" em suas profissões, 66% citaram uma aversão a risco ou medo, 41% uma falta de habilidades tecnológicas, 31% uma falta de investimento em novas tecnologias e 23%, uma falta de diversidade de pensamento.
"Apesar da inevitável natureza disruptiva da inteligência artificial nos próximos anos, os profissionais precisam estar preparados para agir para avaliar regularmente os pontos fortes, fracos, oportunidades, e ameaças. Eles também precisam desenvolver um plano de ação de carreira para capitalizar o crescimento profissional oportunidades e minimizar as limitações profissionais", recomenda a Thomson Reuters.
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