Future of Money

Patrocínio:

Design sem nome (2)
LOGO SENIOR_NEWS

Tendências para o mercado fintech e inovação financeira em 2026

Após ajustes regulatórios em 2025, o sistema financeiro brasileiro entra em 2026 mais maduro, com IA, Open Finance, stablecoins e novas interfaces redesenhando a inovação

 (Reprodução/Reprodução)

(Reprodução/Reprodução)

Bruno Diniz
Bruno Diniz

Sócio da Spiralem Innovation Consulting

Publicado em 20 de dezembro de 2025 às 11h00.

Tudo sobreFintechs
Saiba mais

O ano de 2025 foi intenso para o ecossistema de inovação financeira no Brasil. Tivemos novidades e alterações regulatórias relevantes, revisões tributárias importantes e um processo de ajuste fino no mercado fintech. Banking as a Service, criptoativos, instituições de pagamento e players que nasceram sob regulações mais leves na década passada passaram a operar em um ambiente mais exigente, seletivo e com altos parâmetros técnicos.

Contudo, esse novo enquadramento regulatório não deve representar um freio à inovação, mas sim uma mudança de fase, na qual vemos um movimento de maior acomodação e de ajustes após um processo de abertura do setor a novas entidades e teses de negócio.

  • INVISTA E GANHE R$ 50. Abra sua conta na Mynt, a plataforma crypto do BTG Pactual, invista R$ 150 em qualquer criptoativo até 20/12/2025 e ganhe R$ 50 de cashback em bitcoin. Confira o regulamento no site.

Como já destaquei em artigos anteriores nessa coluna, o mercado financeiro brasileiro entrou em um ciclo de amadurecimento estrutural. A partir de 2025, esse processo deve se traduzir em efeitos colaterais já observados hoje por escritórios de advocacia e por advisors: movimentos de venda ou devolução de autorizações, saída de players menores e maior consolidação entre aqueles que conseguiram atingir escala, eficiência operacional e clareza de proposta de valor.

Enquanto em 2024 víamos maior demanda do mercado por licenças (como as de instituições de pagamento ou sociedades de crédito direto), agora, é possível que vejamos excesso de licenças à venda (colocadas no mercado por quem não vê mais sentido em seguir adiante nesse novo contexto) frente à demanda real nesse novo cenário.

É a partir desse pano de fundo que as tendências para 2026 ganham contorno. Para além das rupturas isoladas mencionadas anteriormente, devemos ver uma maior convergência entre infraestrutura, dados, inteligência artificial e novos modelos de consumo e distribuição de serviços financeiros, tudo isso em um contexto mais competitivo e acirrado.

Um processo que já acontecia, mas que deve ter influência dessas novas variáveis, bem como de outros elementos mais macro pelos quais a economia brasileira passará daqui para a frente. Abaixo, veremos algumas dessas tendências, seus elementos e impactos.

A voz como nova interface

Se nos últimos anos falamos muito sobre a transição da interface gráfica para experiências mais fluídas, 2026 consolida um movimento mais profundo no qual teremos a voz como o novo teclado. Soluções conversacionais deixam de ser um “canal alternativo” e passam a ocupar o centro da relação entre consumidores e serviços financeiros.

Nesse processo, plataformas de mensageria como o WhatsApp ganham ainda mais relevância, algo que já é refletido hoje em pesquisas como no relatório de tecnologia bancária da Febraban — que já acompanha e monitora o crescimento desse canal no dia a dia dos usuários de serviços financeiros no país.

Esse avanço não está ligado apenas a chatbots mais sofisticados, mas à interseção entre linguagem natural, contexto financeiro e capacidade de execução. A interação deixa de ser reativa e passa a ser propositiva, permitindo desde consultas simples até ações complexas, como simulações, contratações e ajustes dinâmicos de produtos.

O ponto novo aqui, em relação aos anos anteriores, é que essas interfaces começam a operar conectadas a dados atualizados da vida financeira do usuário, sobretudo providos pelo Open Finance, criando experiências contínuas e menos fragmentadas. Algumas fintechs brasileiras têm aproveitado esse contexto para desenvolver soluções que atingem diferentes públicos nessa nova forma de resolver a vida financeira. Magie, Jota, Selvia, dentre outros, foram alguns dos pioneiros.

Em 2025 grandes players passaram a incorporar capacidades baseadas em Language User Interface – LUI (que se referem à compreensão da linguagem natural para execução de demandas) em seu arsenal. Em 2026 essa pauta entra de vez na agenda do restante do mercado, disseminando ainda mais esse tipo de experiência.

A entrada em cena dos agentes de IA no mercado financeiro

Associado ao avanço das interfaces conversacionais, 2026 marca a aceleração dos agentes financeiros baseados em IA. Diferentemente dos assistentes tradicionais, esses agentes passam a operar como camadas mais autônomas e resolutivas dentro das jornadas financeiras.

Eles auxiliam no processo de contratação de produtos, na gestão de limites, no acompanhamento de crédito, no apoio a decisões financeiras e até de forma complementar a modelos de risco (isso olhando para dentro das instituições). No segmento de seguros, inclusive, já vemos players como a 180 Seguros lançando seguros de celular com contratação totalmente automatizada por agentes de inteligência artificial.

De modo geral, em vez de substituir instituições, esses agentes funcionam como orquestradores de experiências, conectando dados, regras e preferências do usuário. Essa tendência já vinha sendo trabalhada nos últimos anos, mas agora ganha um novo status, saindo do laboratório e entrando em produção. Assim, a discussão deixa de ser conceitual e passa a ser operacional, regulatória e ética.

No ponto de vista do atendimento, venda, pós-venda e resolução de problemas dos consumidores, já vemos players como a Connectly provendo soluções ponta a ponta para diferentes mercados, incluindo o financeiro. Mais iniciativas nesse sentido (e com maior nível de maturidade) ganharão corpo em 2026.

Na outra ponta, o regulador deve ficar ainda mais atento ao tema, acompanhando seu desenvolvimento e desdobramentos.

Stablecoins, tokenização e a transição da infraestrutura financeira

O crescimento das operações com stablecoins é outro vetor central para 2026. Em linha com o movimento global (impulsionado pelo Genius Act dos Estados Unidos, primeira grande regulação sobre criptoativos do país), vemos um fortalecimento da atuação de players internacionais no Brasil, ao mesmo tempo em que fintechs e bancos locais avançam em soluções baseadas em real, conectadas a pagamentos, remessas e liquidação.

Mesmo com a desaceleração observada no projeto Drex, não devemos ignorar o fato de que estamos vivendo uma transição de infraestrutura financeira. Bancos, adquirentes, fintechs e demais empresas de tecnologia já entendem que tokenização, liquidação programável e ativos digitais são peças estruturantes do sistema que está sendo desenhado.

O foco, agora, está nos casos de uso concretos, na integração com sistemas legados e nos ganhos operacionais que o mercado verá dentro de um ambiente regulado e povoado por diferentes players (locais e internacionais) que têm recursos e tecnologia para promover essa transição por aqui.

Open Finance entra em uma nova fase, especialmente no PJ

O Open Finance brasileiro, frequentemente citado como o mais avançado e abrangente do mundo, entra em 2026 em uma rota de evolução e expansão. O avanço no contexto PJ, o uso mais sofisticado de transferências inteligentes e a chegada da portabilidade de crédito — começando por empréstimos pessoais sem garantia — tendem a ampliar as possibilidades para o consumidor e destravar novos modelos de negócio.

O diferencial aqui está no provimento de experiências diferenciadas e de ferramentas que podem transformar a gestão financeira de pessoas e empresas, além de trazer conveniência e automação a todo esse processo. Os dados transmitidos via Open Finance passam a ser insumo fundamental para aplicações baseadas em IA, viabilizando hiperpersonalização, automação, contextualidade e um controle mais integrado da vida financeira dos seus usuários.

O domínio das capacidades desta infraestrutura se torna fundamental para as instituições financeiras que desejam seguir inovando e gerando valor — para os clientes e para si próprias — nessa nova etapa da briga pela principalidade.

É a materialização do conceito de “experiência premium” no setor, algo que se torna cada vez mais tangível no país e que venho mencionando nos últimos anos, agora com infraestrutura e maturidade suficientes para escalar e realizar entregas robustas.

A plataformização do financeiro segue avançando

Outro movimento que se aprofunda em 2026 é a plataformização do mercado financeiro. Grandes empresas de diferentes setores continuam expandindo sua atuação em serviços financeiros, integrando pagamentos, crédito, seguros e soluções de gestão às suas plataformas principais.

Casos como o do iFood, que vem se aprofundando no ecossistema de food services e delivery — inclusive com crédito para restaurantes — ilustram bem essa tendência. O que muda agora é o nível de sofisticação, quando essas plataformas passam a oferecer soluções mais integradas, com serviços financeiros e não financeiros combinados em uma mesma jornada.

Nesse ambiente, os serviços financeiros passam a ser uma camada invisível, porém essencial, dentro de ecossistemas integrados e amplos.

Segurança digital como prioridade estratégica

Com o aumento da sofisticação das fraudes, a segurança digital ganha ainda mais protagonismo. Em 2025, vimos casos relevantes que levaram a um endurecimento regulatório quase imediato como resposta. Em 2026, o foco se desloca para a prevenção.

Instituições passam a investir de forma mais intensa em soluções avançadas de detecção, autenticação e monitoramento, muitas delas baseadas em IA e análise comportamental. A segurança passa a ir além do requisito regulatório e se torna um diferencial competitivo, diretamente ligado à confiança do usuário.

O Brasil como polo global de inovação financeira

Por fim, vejo o Brasil consolidando sua posição como um dos polos globais de inovação financeira. Após anos de experimentação assistida pelo regulador e construção de infraestruturas, entramos em uma nova fase — a de intercâmbio ativo com o mundo.

Iniciativas de cooperação com reguladores e entidades internacionais, como as que vêm sendo desenvolvidas com apoio da Fenasbac, mostram um movimento evolutivo natural nesse processo, o qual culminará no surgimento de um hub criado pela entidade (em parceria com outros atores do ecossistema) para promover essas trocas em um ambiente físico a partir de 2026.

Agora, os gringos terão a possibilidade de vir até aqui para entender “in loco” a nossa jabuticaba, levando aprendizados para fora e, em alguns casos, permanecendo no país para construir soluções em cima do nosso arcabouço regulatório e infraestrutura.

Estamos, portanto, em um novo capítulo do amadurecimento do sistema financeiro. Como já venho apontando desde textos anteriores, há mais rigidez regulatória, menos capital disponível em alguns subsegmentos e maiores exigências para novos entrantes. Em contrapartida, temos um ambiente avançado, com debates já superados em muitos casos e infraestrutura pronta para escalar, abrindo as portas para novos modelos de negócio e experiências.

O Brasil, assim como China e Índia, segue trilhando um caminho próprio. Um caminho com gosto da nossa jabuticaba, mas com potencial para influenciar e servir de exemplo para outras nações. E agora, tudo indica que começamos a trabalhar seriamente seus derivados no modelo “tipo exportação”, ampliando o alcance da inovação financeira “made in Brazil” no mundo.

 

Acompanhe tudo sobre:FintechsInovaçãoFinanças

Mais de Future of Money

Regulação cripto no Brasil: impactos das novas normas

Empresa de cripto é processada em US$ 4 bilhões por ligação com empresário condenado

JPMorgan contraria mercado e diz que stablecoins não vão valer US$ 1 trilhão

Ciclo de 4 anos do bitcoin acabou? Entenda o que muda para investidores