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Stablecoin Tether atinge maior valor de mercado da história após crises de rivais

Crescimento da criptomoeda pareada ao dólar ocorreu após o fim de emissão da BUSD e da breve perda de paridade da USDC

Tether é responsável pela emissão da stablecoin USDT (Reprodução/Reprodução)

Tether é responsável pela emissão da stablecoin USDT (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 1 de junho de 2023 às 16h05.

Última atualização em 1 de junho de 2023 às 16h41.

Criada em 2014, a Tether, uma stablecoin pareada ao dólar, atingiu nesta quinta-feira, 1º, o maior valor de mercado de sua história, superando uma marca de US$ 83,2 bilhões. O marco foi atingido depois de a USDT, como o ativo também é conhecido, atrair mais investidores após crises envolvendo suas duas maiores rivais, a BUSD e a USDC.

A informação foi compartilhada pela empresa responsável pela criptomoeda. Paolo Ardoino, CTO da Tether, destacou que "os números de hoje demonstram que as pessoas querem ter acesso à liberdade financeira e, quando lhes é dado esse acesso, elas o utilizarão".

"Os tokens Tether oferecem um porto seguro para os sem-banco e permitem que as pessoas em mercados emergentes mantenham seu poder de compra, mesmo quando sua moeda nacional está sendo desvalorizada", comentou. Na visão dele, "a Tether provou que pode ser confiável, e os clientes estão respondendo da mesma forma".

A stablecoin já era a maior do segmento, mas ampliou ainda mais sua fatia entre os últimos meses de 2022 e os primeiros de 2023, se aproveitando tanto das falências de grandes empresas de cripto quanto de problemas que atingiram a USDC e a BUSD, respectivamente, a segunda e terceira maiores criptomoedas que são pareadas ao dólar.

Dados do CoinGecko mostram que, entre julho de 2022 e maio de 2023, a Tether ampliou sua participação do mercado, passando de 44,27% para 66,07% do valor total de todas as stablecoins. No mesmo período, a fatia da USDC caiu de 37% para 22,9%, enquanto a BUSD passou de 12% para 4,1%.

Em fevereiro deste ano, a Paxos, responsável por emitir a BUSD, anunciou que iria suspender a criação de novas moedas após uma ameaça de processo pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos. Desde então, ela perdeu investidores. O CEO da Binance, Changpeng Zhao, disse que, após a medida, "a USDT teve um crescimento tremendo".

Já em março, a USDC chegou a perder sua paridade com o dólar por alguns dias. Após o anúncio de fechamento do Silicion Valley Bank, a Circle, que emite a USDC, revelou que tinha US$ 3,3 bilhões no banco em reservas que garantem a paridade da criptomoeda com o dólar. A informação gerou pânico no mercado e levou à saída de investidores.

A stablecoin chegou a valer US$ 0,87. Entretanto, ela iniciou um movimento de recuperação após os reguladores dos Estados Unidos anunciarem um plano que permitiu que os clientes do bancos acessassem seus depósitos, recuperando a paridade e a mantendo até o momento.

Atualmente, as stablecoins correspondem por quase todo o volume movimentado de criptomoedas no Brasil. Esses ativos têm chamado a atenção de grandes empresas e ganhado cada vez mais espaço no mercado como ativos de proteção de patrimônio e forma mais barata de investir no dólar. Também no Brasil, o banco BTG Pactual se tornou o primeiro do mundo a lançar uma stablecoin pareada ao dólar, o BTG Dol.

Polêmica sobre reservas

Em maio, a Tether detalhou pela primeira vez a composição exata dos ativos que são usados para garantir que 1 USDT é equivalente a US$ 1. Os dados apontam que o bitcoin equivale a cerca de 2% do total das reservas, com US$ 1,5 bilhão. O ouro também é usado, assim como dólar e títulos do Tesouro dos EUA, que formam a maior parte dos ativos.

A empresa havia sido criticada no passado por uma falta de transparência sobre essas reservas, com investidores afirmando que nem todas as unidades de USDT eram cobertas pelas reservas. Os dados divulgados pela companhia mostram uma reserva mínima em relação ao valor de mercado.

Entretanto, a Tether também anunciou que vai ampliar a participação do bitcoin em suas reservas que garantem a paridade entre a USDT e o dólar. Para isso, a companhia pretende usar parte dos seus lucros operacionais para adquirir a criptomoeda, buscando uma "diversificação" de seus ativos.

Lucas Josa, analista do BTG Pactual, avaliou que "apesar de estarmos falando do excedente das reservas, pensando em um cenário que a Tether perca parte das reservas que garantem a paridade do ativo com o dólar, o mais prudente seria ter o excedente em dólares ou títulos de curto prazo".

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