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Porque o bitcoin protege contra riscos da inflação, segundo Michael Saylor

O CEO da MicoStrategy, empresa de capital aberto com maior patrimônio em bitcoin, explicou as razões pelas quais acredita que a criptomoeda pode se tornar o ouro digital

Alguns especialistas consideram o bitcoin como o "ouro digital" (Niphon Subsri / EyeEm/Getty Images)

Alguns especialistas consideram o bitcoin como o "ouro digital" (Niphon Subsri / EyeEm/Getty Images)

Michael Saylor é o CEO da MicroStrategy e também um famoso entusiasta do bitcoin. Além de atuar no desenvolvimento de softwares de inteligência empresarial, a MicroStrategy é a empresa de capital aberto que mais possui bitcoin em suas reservas, uma estratégia de Saylor para a sua tesouraria.

O empresário acredita que a criptomoeda, que é a maior do mundo em valor de mercado, configura um importante ativo para a proteção contra a inflação. A teoria é muito debatida entre especialistas já há algum tempo, que se dividem entre defender a tese do “ouro digital” e afirmar que o bitcoin pode até ter potencial, mas ainda não chegou lá.

Na última terça-feira, 19, Michael Saylor finalmente explicou as razões por trás de seu otimismo quanto ao bitcoin. O empresário, que não poupa elogios à criptomoeda em suas redes pessoais, concedeu uma entrevista à Bloomberg em que comentou o papel do bitcoin contra a inflação, seu potencial de adoção em massa, e a mais recente tentativa de Elon Musk de comprar o Twitter para torná-lo uma rede social descentralizada.

(Mynt/Divulgação)

Apesar de lateralizado, o bitcoin ainda oferece lucros bastante altos à MicroStrategy, que realiza compras periódicas da criptomoeda há dois anos. Para Michael Saylor, a estabilidade atual do preço não é um problema, pois trata-se de uma questão do prazo escolhido para o investimento.

“Se você voltar dois anos quando a MicroStrategy comprou pela primeira vez, é de até 400% e superou drasticamente o Nasdaq ou o ouro ou qualquer outro ativo que você poderia ter comprado. Se você estiver analisando em questão de dias, semanas ou meses, os investidores o controlam”, disse.

Segundo o CEO, existem três tipos de investidores de bitcoin: os maximalistas, tecnocratas e os famosos traders. Os maximalistas são conhecidos por considerarem o bitcoin como a melhor de todas as criptomoedas, por uma série de fatores. Defendem a primeira criptomoeda do mundo acima de outras, como Ethereum e Solana, por exemplo. Dado os grandes investimentos de Michael Saylor em bitcoin, é possível até mesmo considerá-lo parte deste grupo e, o próprio criador da Ethereum, Vitalik Buterin, chegou a defender a teoria do maximalismo em uma publicação recente.

“Os maximalistas estão apostando tudo. Eu e Jack Dorsey achamos que o bitcoin é um instrumento de empoderamento econômico. O preço de mercado é definido por um cabo de guerra entre os tecnocratas – as pessoas que são pró-tecnologia e pensam que é a próxima grande rede de tecnologia como Google ou Amazon por dinheiro, e os traders, que estão procurando por um ativo não correlacionado [aos ativos de risco]”, explicou Saylor.

A correlação do preço do bitcoin com outros ativos de risco também foi um dos assuntos comentados pelo CEO. Michael Saylor prevê que tal correlação possa se dissipar no futuro, embora não tenha revelado exatamente quando.

Ele acredita que os investidores do tipo “trader” continuarão a ter uma posição dominante no mercado, enquanto este continuar altamente turbulento. As incertezas econômicas e geopolíticas do momento, e a indefinição regulatória do setor nos Estados Unidos ainda teriam um papel importante neste cenário.

No entanto, a correlação poderia ser rompida “em algum momento dos próximos quatro anos”. “Em um dia inesperado, a correlação passará de 79% para 0% com os ativos de risco. E quando isso acontecer, os traders reverterão a polaridade de seus negócios, os tecnocratas começarão a dobrar, e os maximalistas ‘aproveitarão o passeio’”, preveu.

Já sobre a tentativa de Elon Musk de comprar o Twitter, embora Saylor seja um usuário assíduo da rede, ele não acredita que o feito teria impacto significativo para a comunidade das criptomoedas no Twitter.

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