Future of Money

Por que o bitcoin é muito mais ligado ao conceito de ESG do que se imagina

Especialista destrincha significados do ESG e mostra como o bitcoin e seu blockchain podem colaborar para este movimento de forma prática e objetiva

Para especialista, a rede Bitcoin não apenas cumpre tudo o que o movimento ESG busca, mas vai além e oferece um modelo ideal para companhias e indivíduos (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Para especialista, a rede Bitcoin não apenas cumpre tudo o que o movimento ESG busca, mas vai além e oferece um modelo ideal para companhias e indivíduos (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

Coindesk

Coindesk

Publicado em 23 de setembro de 2021 às 17h27.

Última atualização em 24 de setembro de 2021 às 10h46.

por Isaiah Douglass*

A ideia de padrões ambientais, sociais e de governança (ESG), em teoria, é linda. Mas tais padrões podem rapidamente se tornar um obstáculo quando o crescimento é uma demanda.

Além disso, os esforços de ESG podem ser atrapalhados pelo greenwashing, quando uma companhia se apresenta como mais eco-friendly do que realmente é. Se você observar os maiores ETFs ESG, por exemplo, não vai demorar até que você veja uma companhia listada que viola um dos critérios de ESG do fundo. Os clientes podem pontuar diversas companhias que não combinam com seus objetivos e se frustrar.

Como é possível quebrar esse ciclo? Se você respondeu “bitcoin”, parabéns! Do meu ponto de vista, o bitcoin é uma das opções mais amigáveis ao ESG para os clientes que visam um mundo melhor no futuro. Vou explicar isso a partir de cada pilar do conceito ESG, das preocupações mais comuns sobre o bitcoin e também destacar como essa criptomoeda se alinha com os princípios ESG.

Meio ambiente

Você provavelmente já leu ou ouviu falar sobre como a rede do bitcoin utiliza mais energia do que alguns países pequenos e como isso é prejudicial ao meio ambiente. Mas essa narrativa é imprecisa.

Primeiro, o consumo de energia não é ruim e contribuiu para que a qualidade de vida melhorasse nos últimos 100 anos. O objetivo do consumo de energia não é o desperdício, mas sim utilizar fontes que sejam limpas e renováveis.

De acordo com o relatório global do Conselho de Mineração de Bitcoin para o segundo trimestre de 2021, 56% da energia utilizada pela rede Bitcoin é renovável. Companhias de mineração de bitcoin recebem incentivos financeiros para se tornarem sustentáveis ao reduzir seu gasto de energia.

Em um memorando de abril, a ARK Funds, liderada por Cathie Wood, e a Square Crypto de Steve Lee, elaboraram uma pesquisa sobre como a rede Bitcoin irá liderar o crescimento da energia renovável. Eles argumentaram que o bitcoin pode fazer mais pelo crescimento renovável do que qualquer programa governamental.

A missão de uma empresa norte-americana, a Great American Mining, é trabalhar dentro da indústria de petróleo e gás, ajudando produtores que queimam gases de poços de petróleo a minerar bitcoin e diminuir suas emissões de carbono. Isso faz com que diversas companhias de energia obtenham receitas adicionais enquanto diminuem sua pegada de carbono. Sem explorar essa energia desperdiçada, mais emissões seriam inevitáveis.

Vamos supor que você observe o total de energia utilizada pela rede Bitcoin e compare com o total utilizado no mundo todo. Nesse caso, é menos de 0,1%, conforme notou Lyn Alden, estrategista macroeconômica. Alden explicou que enfeites luminosos de natal e máquinas secadoras de roupa utilizam mais energia em um ano do que o bitcoin, mas ainda temos que ouvir pedidos para que a energia não seja consumida dessa forma.

Por fim, a pergunta que deveria ser feita é: quão mais ecológico é o bitcoin em comparação com os sistemas tradicionais? Em um artigo da Bitcoin Magazine em maio, o ex-engenheiro e atualmente expert em mineração de bitcoin, Hass McCook, notou que a mineração emite menos de 5% das emissões de carbono realizadas pelo setor financeiro tradicional.

Contextualizando, o consumo de energia não deveria ser um problema para o bitcoin como muitos presumem. Os fatos não seguem tal narrativa.

Social

Em 7 de setembro, El Salvador adotou oficialmente o bitcoin como moeda de curso legal e concedeu 30 dólares em criptomoeda para cada um de seus habitantes. Grandes instituições financeiras tradicionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial classificaram a ação como imprudente e irresponsável. Mas o bitcoin realmente oferece a forma mais justa e equalitária de dinheiro na história da humanidade.

70% dos habitantes de El Salvador não possuem contas em banco, de acordo com o presidente Nayib Bukele, e ainda assim, a maioria possui um celular. De acordo com a informação, a maioria pode utilizar uma carteira de bitcoin em seu celular, que estaria plugado em um sistema monetário global.

Por conta da produção de bitcoin estar limitada à 21 milhões de unidades, líderes estrangeiros não podem tomar decisões que afetem os salvadorenhos. Pessoas que possuem bitcoin em suas carteiras dependem de uma rede descentralizada e um código para garantir a segurança de suas fortunas. O bitcoin e a Lightning Network permitem que pessoas do mundo todo, de El Salvador até alguns países da África, tenham a oportunidade de proteger suas fortunas da inflação no longo prazo. O bitcoin também é um meio de pagamento viável utilizando a Lightning Payments, que liquida as transações quase que instantaneamente.

Muitas pessoas em situação de renda mais baixas não conseguem economizar dinheiro para a aposentadoria e investir em corretoras de valores. Se elas guardarem sua renda em uma carteira de bitcoin ao invés de uma conta de banco tradicional, verão suas economias crescerem ao invés de diminuir seu poder de compra.

Se adotado mais amplamente como uma moeda global, o bitcoin tem o potencial de fazer muito mais pela justiça social do que qualquer programa de incentivo do governo. Permitiria que as pessoas recuperem sua liberdade financeira, trabalhem, economizem e vivam sob seus propósitos, repassando fortunas de geração para geração.

Governança

Regras sem governantes – o que é mais justo que isso? O S&P Global define o “G” de governança na sigla ESG como “os fatores de governança da tomada de decisão, dos soberanos até a distribuição de direitos e responsabilidades entre diferentes participantes em corporações, incluindo a diretoria, gerentes, shareholders e stakeholders”.

A rede Bitcoin não possui um único decisor. O blockchain é para todos, mesmo que você tenha 0,0000001 ou 10.000 BTC, as regras são as mesmas, e você possui os mesmos benefícios. Não existem informações privilegiadas – a rede possui código aberto para que todos vejam. O poder e gravidade disso é crítico. A rede Bitcoin não discrimina religião, sexo, crença, gênero – ou qualquer outra coisa. E a rede é fortemente defendida por aqueles que valorizam a liberdade, por isso o termo “dinheiro da liberdade” (o que eu prefiro, ao invés de “dinheiro mágico da internet”).

Por remover os líderes da equação, a habilidade de discriminar alguém simplesmente não é possível na rede Bitcoin. Se você tem um celular e internet, você pode se conectar em um dos sistemas monetários mais incríveis e justos da história.

Bitcoin no futuro

Apesar do conceito ESG ter sofrido algumas críticas, é muito difícil encontrar alguém que seja contra o que o termo representa – justiça, inclusão e transparência. A rede Bitcoin não apenas cumpre tudo o que o movimento ESG busca, mas vai além, oferecendo um modelo ideal para companhias e indivíduos. A promessa é conduzir mudanças radicais nas próximas décadas – e para participar disso, é tão fácil quanto deter bitcoin.

* Isaiah Douglass escreve para a CoinDesk.

Este é um conteúdo da CoinDesk. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

Texto traduzido e republicado com autorização da Coindesk

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube

Acompanhe tudo sobre:BitcoinBlockchainCriptomoedasFinançasMeio ambienteMercado financeiroMineração de bitcoinSustentabilidade

Mais de Future of Money

Bitcoin atinge nova máxima em US$ 98 mil; criptomoeda vai chegar aos US$ 100 mil?

Criptomoedas movimentam mais de R$ 100 bilhões no Brasil pela 1ª vez na história

Regulamentação de cripto pelo BC vai continuar em 2025; stablecoins e tokenização serão prioridades

Na contramão dos mercados globais, Brasil retira R$ 61 milhões de fundos de criptomoedas