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Opinião: Nem tudo precisa ‘estar no blockchain’

Por favor, ignore esses curandeiros do Twitter

Will Gottsegen questiona o quanto da tecnologia que já usamos hoje realmente precisa de um componente cripto (Piranka/Getty Images)

Will Gottsegen questiona o quanto da tecnologia que já usamos hoje realmente precisa de um componente cripto (Piranka/Getty Images)

Coindesk

Coindesk

Publicado em 9 de novembro de 2021 às 17h08.

por Will Gottsegen*

Desde que a palavra “bitcoin” se espalhou pelo mundo, as pessoas ficaram obcecadas em colocar as coisas “no blockchain”. Há um exército de influenciadores do mundo cripto e vendedores de óleo de cobra por aí, dedicados a promover essas coisas: imóveis no blockchain, mídia social no blockchain, rap do Soundcloud no blockchain.

De certa forma, faz sentido - os contratos inteligentes permitem que você coloque qualquer tipo de programa de computador no blockchain, e a tecnologia novinha em folha pode ser atraente para os investidores. Mas quanto da tecnologia que já usamos hoje realmente precisa de um componente cripto?

O último caso em que o mundo cripto ultrapassa os limites é de um investidor chamado Greg Isenberg, que opera um fundo de investimento chamado Late Checkout. Ele costumava administrar uma startup de impacto social chamada Islands, que - no milagre do momento certo - ele vendeu para a WeWork, no verão do hemisfério norte em 2019, pouco antes da empresa de locação de espaços de trabalho cair em desgraça.

Em uma publicação no Twitter na semana passada, Isenberg sugeriu que os recrutadores colocassem seus processos de contratação no blockchain. Desdobrando-se ao longo de algumas linhas hesitantes, a postagem parece um poema em prosa ruim:

"Como vai funcionar:

- Você se candidata a um emprego

- Ele verifica o blockchain e avalia seu conjunto de experiências e credenciais na rede

- Se estiver acima de uma determinada classificação, você será contratado em 60 segundos

Sem preconceito, sem perda de tempo, sem dor

Apenas um rápido sim ou não

Isso é muito importante".

Semelhanças com o sistema de crédito social da China à parte, a ideia é quase fácil de jogar no lixo. Isso porque já temos um sistema desse tipo, sem um componente cripto, e não funciona.

“Triagem de currículo automatizada” - um programa de computador destinado a separar os bons candidatos dos ruins, sem a necessidade de discrição humana - é uma estrutura notoriamente ineficaz. Um relatório da Harvard Business School no início deste ano descreveu como os chamados Sistemas de Rastreamento de Candidatos e Sistemas de Gerenciamento de Recrutamento são treinados para maximizar a eficiência em vez de buscar os melhores candidatos. Embora sejam "vitais", de acordo com o estudo, eles contribuem para um mercado de contratação "quebrado".

Existe o perigo de reduzir seres humanos a dados em uma planilha: uma nota, uma pontuação no vestibular, um valor booleano definido como "verdadeiro" ou "falso", dependendo se o candidato é formado em uma faculdade de quatro anos.

Claro, Isenberg estava apenas girando em torno de um público compreensivo. A maioria dos influenciadores no nicho do Twitter destinado ao mundo cripto são obviamente tendenciosos - investidores com participação financeira na promoção desta tecnologia, ou entusiastas dos criptoativos procurando maneiras de ficar mais ricos.

E, no entanto, quanto mais os investidores começam a comprar essas ideias perigosas, mais elas começam a parecer reais. Não importa se os consumidores realmente querem viver no metaverso de Mark Zuckerberg; podemos acabar lá de qualquer maneira, porque é lá onde está o dinheiro.

Por que deveria ser diferente no mundo cripto?

* Will Gottsegen escreve para a CoinDesk. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

Texto traduzido por Mariana Maria Silva e republicado com autorização da Coindesk

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