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OKX lança corretora e carteira digital no Brasil com foco em "transparência e segurança"

Em entrevista exclusiva à EXAME, responsável pelas operações da empresa no Brasil destacou importância estratégica do país

OKX é uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo (Reprodução/Reprodução)

OKX é uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 27 de novembro de 2023 às 05h00.

A OKX lançou oficialmente nesta segunda-feira, 27, a sua corretora de criptomoedas e sua carteira digital para clientes no Brasil. Com isso, a exchange - que atualmente é a segunda maior do mundo em termos de volume negociado - ingressa no mercado brasileiro, prometendo um foco em "transparência e segurança" para seus clientes.

Guilherme Sacamone, gerente-geral da OKX no Brasil e responsável pelas operações no país, falou sobre os planos da empresa em uma entrevista exclusiva para a EXAME. Ele destacou que a chegada da exchange no Brasil faz parte de um movimento mais amplo, com uma expansão planejada para a América Latina nos próximos anos.

"A América Latina chama atenção porque, quando olha para a região, você vê diversos casos de uso de cripto, de maneiras completamente diferentes. El Salvador é um caso muito específico, muito diferente da Argentina e da Venezuela, e eles são muito diferentes do Brasil. A ótica é uma priorização de continente. E, quando pensa em expansão na América Latina, concentração de esforços, o Brasil é a prioridade para começar", explica.

Sacamone destaca que o Brasil é o maior mercado cripto da América Latina, e também o "mais relevante", o que justifica a chegada da OKX. "É um campo de batalha, no bom sentido, para começar uma expansão local, e a partir dessa penetração começar a ir para outros lugares. É uma grande prioridade para começar na região".

Vantagens do mercado brasileiro

Para o novo gerente-geral da OKX, o Brasil também chama a atenção de empresas estrangeiras no mercado de criptomoedas por ser um "perfeito balanço" entre os extremas de países pensando na postura em relação a esse setor: ou uma falta de clareza e regulação ou uma postura mais agressiva e negativa para o mercado, como nos Estados Unidos.

No caso brasileiro, Sacamone destaca os avanços regulatórios em torno do setor, em especial com o Marco Legal das Criptomoedas, que entrou em vigor neste ano e traz "essa clareza de uma forma muito positiva. A forma de expandir envolve esses avanços regulatórios, seguir isso de forma muito rigorosa, então a gente vê isso com bons olhos".

"É uma vantagem do Brasil em relação a outros lugares. A regulamentação dá clareza, e a definição do Banco Central como agente regulador também trouxe muita confiança para a decisão de priorizar o Brasil", pontua. Ao mesmo tempo, pesquisas realizadas pela corretora indicam que o comportamento dos investidores de cripto no Brasil está alinhada à estratégia da OKX.

Uma pesquisa da empresa apontou que 92% dos entrevistados disseram sentir a necessidade das empresas do setor fornecerem informações claras e transparentes sobre a segurança dos seus investimentos, e 86% concordaram que a Prova de Reservas pode contribuir positivamente para a "legitimidade e a maturidade do mercado de criptomoedas".

Por isso, Sacamone diz que a OKX vê "segurança e transparência como aspectos muito importantes. A gente leva isso muito a sério, e agora vai trazer de fato esses produtos de forma muito robusta". Para ele, o mercado cripto brasileiro conta hoje com "dois mundos separados". De um lado, corretoras globais com muitos recursos, portfólios robustos e um "vácuo pensando em experiência do usuário e transparência".

Do outro, existem empresas locais e regionais com experiência de usuário mais amigável, mas com portfólios de produtos mais limitados e menos recursos. "A oportunidade surge no vácuo desses dois mundos, de trazer a excelência cripto global mas pensada para o usuário médio brasileiro. A gente não tem expectativa de que seja um mercado fácil para expandir, é extremamente competitivo e com um usuário cada vez mais informado. Mas temos confiança que isso vai chamar atenção do brasileiro", afirma.

Próximos passos

A corretora e a carteira digital da OKX serão oferecidas em um mesmo aplicativo, o que, na visão do gerente-geral para o Brasil, facilita uma integração entre o ambiente mais centralizado do mercado e o mundo descentralizado, de autocustódia.

"Nesse momento, focamos na parte de transparência e segurança, é um ângulo que queremos trabalhar. Temos um plano mais robusto de provas de reservas. Mensalmente fazemos a emissão e os usuários conseguem identificar imediatamente no site e podem fazer sozinhos no blockchain. E também temos o cuidado de trazer uma experiência quase que feita de forma artesanal para o Brasil, desenhando a experiência de usuário com que o brasileiro já está acostumado", comenta.

O tema da transparência ganhou ainda mais relevância após os recentes problemas enfrentados pela Binance, que atua no Brasil e é a maior corretora de criptomoedas do mundo. Apesar de não entrar em detalhes sobre o tema, Sacamone afirma que a situação "corrobora a hipótese de que é um mercado novo, cada vez mais maduro, e segurança e transparência vão precisar ser cada vez mais presentes".

"Acredito que o que trouxe essa indústria até agora vai ser muito diferente do que vai levar ela para a próxima fase de atração de usuários. Vai ser uma indústria mais madura, então demanda mais compliance, transparência e proximidade com reguladores", explica.

Já para o futuro, Sacamone revela que a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), que reúne empresas do mercado de criptomoeda nacionais e internacionais, está no radar da OKX. "Ela tem chamado muita atenção do mercado, com um trabalho de se organizar, reunir grandes players. O nosso foco agora está no produto, mas já estamos acompanhando e temos total interesse de fazer parte".

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