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Editor do Future of Money
Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 14h11.
O Drex deve chegar em 2026 com algumas das maiores mudanças já anunciadas para o projeto. O Banco Central anunciou neste ano que decidiu dar uma guinada na iniciativa, reduzindo o uso da tecnologia blockchain em busca de uma viabilidade que permita lançar ao menos parte do projeto ainda no próximo ano.
O movimento reflete anos de dificuldades em torno de aspectos essenciais para um lançamento da plataforma junto ao público, resultado de uma meta ousada do próprio BC: apresentar uma nova infraestrutura pública digital para o mercado financeiro brasileiro.
Mas o que efetivamente mudou no Drex? E quais devem ser as novidades em 2026?
A principal mudança no Drex anunciada pelo Banco Central em 2025 foi o desligamento da plataforma que estava sendo usada para os testes da versão piloto do projeto. A plataforma era baseada na Hyperledger Besu, uma rede de sistema distribuído (DLT, na sigla em inglês) que usa a mesma tecnologia das redes blockchain de criptomoedas.
Na prática, o anúncio indica uma redução no uso da tecnologia blockchain para o desenvolvimento da iniciativa. Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, afirmou que a tecnologia testada "não se mostrou viável", mas não entrou em detalhes sobre os problemas identificados.
No passado, especialistas e representantes do próprio BC apontaram que a maior dificuldade do Drex era a necessidade de conciliar aspectos de transparência inerentes à tecnologia de DLT com requisitos de garantia de privacidade de dados. A autarquia nunca chegou a divulgar uma solução geral para o problema.
A decisão também encerrou os testes do piloto, que foi dividido em duas fases. A primeira envolveu a entrada de instituições financeiras na plataforma e o teste de um caso de uso específico, enquanto a segunda reuniu as instituições já integradas ao piloto para testar múltiplos casos de uso potenciais, sendo concluída no primeiro semestre deste ano.
Apesar das mudanças significativas no projeto, Galípolo destacou que o Banco Central não abandonou o Drex e que pretende tirar a proposta de uma infraestrutura pública digital do papel. Ao mesmo tempo, a autarquia deu poucos detalhes sobre qual tecnologia substituirá a rede usada nos testes do piloto.
Segundo o BC, a nova fase do projeto deve focar no desenvolvimento de um ambiente interoperável para ativos tokenizados e em que a moeda de liquidação das transações seja uma moeda da autoridade monetária. Galípolo também citou a continuidade da exploração do potencial do processo de tokenização de ativos.
"Hoje existem outras maneiras de atingir o que a gente quer, que é ter essa rede com ativos tokenizados e com certificação que vai dar segurança e liquidez de maneira mais simples por meio de outras tecnologias", afirmou. O principal foco do projeto em 2026 deve ser o desenvolvimento de soluções para a área de crédito, com possível lançamento ainda no próximo ano.
A nova fase sem a tecnologia blockchain focará na reconciliação de gravames. Ou seja, situações em que ativos são usados como garantia em transações. A ideia é que o Drex seja usado para facilitar esse tipo de operação.
Ao mesmo tempo, o mercado afirma que deve continuar testando a tecnologia blockchain e desenvolvendo iniciativas próprias de tokenização de ativos, aproveitando os aprendizados e infraestrutura obtidos com os testes do Drex. A B3 atribuiu a sua decisão de lançar uma moeda digital própria ao fim do piloto do projeto, indicando um novo caminho para o setor no próximo ano.
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