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Javier Milei é a favor do bitcoin? Conheça visão do próximo presidente da Argentina sobre cripto

Novo presidente da Argentina já elogiou criptomoeda em algumas ocasiões, mas não defendeu adoção do ativo como moeda de curso legal

Javier Milei foi eleito presidente da Argentina com pouco mais de 55% dos votos válidos (Luis Robayo/AFP)
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 20 de novembro de 2023 às 14h43.

Última atualização em 20 de novembro de 2023 às 14h44.

Javier Milei foi eleito presidente da Argentina no último domingo, 19, derrotando o candidato governista Sergio Massa e obtendo pouco mais de 55% dos votos válidos. A vitória do candidato autodeclarado ultralibertário e repleto de polêmicas chamou a atenção de diversas parcelas do mercado, incluindo dos entusiastas das criptomoedas . Entretanto, a relação entre Milei e o mundo cripto não é tão clara.

Alguns usuários chegaram a afirmar nas redes sociais que a vitória de Milei poderia favorecer o bitcoin e sua adoção na Argentina. Outros inclusive atribuíram parte de um desempenho positivo da criptomoeda nesta segunda-feira ao resultado do pleito no país, apesar do ativo estar em uma tendência de valorização há dias desencadeada por notícias em torno de pedidos de ETFs de bitcoin à vista .

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Milei ficou conhecido nos últimos anos por defender a proibição do aborto e a compra e venda de órgãos. No campo econômico, ele se define como um "anarcocapitalista" e apresentou propostas incomuns: extinguir o Banco Central do país e substituir a moeda nacional, o peso, pelo dólar. Recentemente, o político também se envolveu com o mercado decriptomoedas.

Em diferentes momentos, o deputado elogiou o bitcoin, definindo a maior criptomoeda do mundo como uma "reação contra os golpistas dos bancos centrais" e uma resposta ao que ele acredita ser uma "manipulação de moedas fiduciárias por parte de bancos centrais e governos".

Entretanto, o político não reconheceu o bitcoin como uma possível alternativa de moeda nacional, uma estratégia adotada em El Salvador. Para ele, a criptomoeda é uma opção de investimento para diversificação de carteiras, cujo valor vem do fato de "não estar ligada a nenhum governo ou entidade".

Em 2021, Milei chegou inclusive a criticar falas do presidente Alberto Fernández sobre os possíveis efeitos da adoção da criptomoeda como moeda de curso legal no país. À época, o então deputado disse que o ativo até poderia "eliminar a inflação", mas traria mais volatilidade para o mercado.
Como alternativa, ele disse que "eliminaria o peso argentino e deixaria cada pessoa decidir com qual moeda quer comprar". Desde então, o candidato deu poucas declarações públicas sobre o bitcoin ou outras criptomoedas, indicando que não houve mudanças no seu posicionamento.
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Envolvimento com empresa processada

O próprio Milei chegou a reconhecer os riscos do investimento em bitcoin, mas acabou se envolvendo em um escândalo financeiro no país. Em 2022, a empresa Coinx, que oferecia os "melhores retornos do mercado" em investimento de criptoativos, encerrou as operações após ser acusada pelas autoridades da Argentina de promover um esquema de pirâmide financeira.

Antes das investigações, em 2021, Javier Milei compartilhou nas redes sociais uma foto com um dos fundadores da companhia. "Escreva para eles no meu nome, assim você vai se aconselhar [ sobre investimentos em cripto ] com os melhores", comentou o político. Após a revelação da fraude, Milei negou qualquer associação com a empresa.

Mesmo assim, ele se tornou alvo de um processo aberto por algumas das vítimas da Coinx, que alegaram que realizaram os investimentos após serem influenciadas pelos posts de Milei. As perdas chegariam a mais de R$ 150 mil, na cotação atual.

O presidente eleito da Argentina também se pronunciou sobre a regulamentação de criptomoedas. Para ele, os governos deveriam "ficar de fora do mercado", sem estabelecer leis e regras de operação. Mas a posição diverge da visão das próprias empresas do setor. No Brasil, por exemplo, o Marco Legal das Criptomoedas contou com a defesa das companhias cripto brasileiras e internacionais, que viram a medida como essencial para a expansão do setor.

A posição de Milei mostra que, apesar dos elogios aos criptoativos, uma adoção estatal de criptomoedas não parece ser a intenção do político. Ao invés disso, ele tem focado na defesa da dolarização da economia, uma proposta que também acumula críticas e ceticismo pela dificuldade de implementação.

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