IA é catalisador para novas tecnologias e vai mudar todos os trabalhos, diz futurista
Pesquisa da TCS aponta que 90% dos futuristas estão otimistas com impactos da inteligência artificial no mercado de trabalho, apesar de temores
Repórter do Future of Money
Publicado em 29 de março de 2024 às 11h00.
Última atualização em 9 de abril de 2024 às 16h18.
A inteligência artificial deverá impactar praticamente todos os tipos de trabalho na economia, mas isso não significa que esse efeito será negativo, pelo contrário. É o que aponta Frank Diana, futurista da consultora TCS, em uma entrevista exclusiva à EXAME. Para o estudioso de novas tecnologias, a IA deverá não apenas ter profundos impactos na sociedade, mas alavancar outras tecnologias.
A visão de Frank não é uma exceção entre os seus pares. Uma pesquisa da TCS aponta que 90% dos futuristas - especialistas em analisar mudanças socioeconômicas - estão otimistas em relação às mudanças que a IA deverá trazer para a forma como as pessoas trabalham. Além disso, 40% dizem estar "muito otimistas".
Em geral, os entrevistados acreditam que a adoção da inteligência artificial e da IA generativa resultarão em semanas de trabalho mais curtas, mais eficiência e facilidade no trabalho. E esses efeitos deverão ser abrangentes: 90% dos futuristas entrevistados acreditam quetodos os empregos de nível básico serão "muito diferentes" no futuro graças à tecnologia, enquanto 10% acreditam que esses empregos poderão, inclusive, ser eliminados.
Os números mostram que, apesar do potencial positivo, a adoção de IA também traz riscos e desafios no mercado. Mesmo assim, os entrevistados acreditam que a tecnologia poderá ajudar a igualar a competição entre pequenas e grandes empresas, e que a tendência é que a IA se torne uma nova "colega de trabalho".
IA e trabalho
Frank Diana ressalta que o debate em torno dos efeitos da inteligência artificial no mundo do trabalho se tornou polarizado: "Alguns dizem que sempre conseguimos nos adaptar a tecnologias e agora não será diferente, mas outros dizem que agora é diferente sim e teremos uma disrupção significativa".
Ele pontua que, no momento, "é impossível prever exatamente o resultado" da adoção da IA generativa em diferentes áreas, com um cenário incerto. Entretanto, ele diz que"vemos sinais que, se adotada de forma certa, a IA pode ajudar os trabalhadores a se tornar mais produtivos, expandir suas habilidades. Pode ter um impacto positivo, ao invés de tirar o trabalho das pessoas".
Nesse sentido, ele defende que "o mais importante é a educação, porque nossa capacidade de mudar nossas habilidades, desenvolver novos talentos, será o fator mais crítico para o futuro do trabalho. Se a IA e outras tecnologias potencialmente mudam o trabalho, também são um catalisador para o aprendizado, podendo ajudar nesse processo".
Por isso, Frank defende queas pessoas e empresas "precisam abraçar a inteligência artificial". "A IA é um desafio, mas também destrava muitas coisas. Ela pode ajudar a democratizar o conhecimento em um nível que não vimos antes", projeta.
"A internet foi vista como algo que ajudaria as pessoas a democratizar a informação, mas isso não resolveu a desigualdade no mundo. Mas a IA tem mais escala e uma habilidade de dar respostas, não precisa pesquisar, então o impacto pode ser diferente", ressalta.
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Da inteligência artificial ao blockchain
Ao mesmo tempo, o futurista da TCS acredita que o maior impacto da inteligência artificial não está ligado às mudanças específicas que ela causará, mas simà mudança na própria lógica da inovação na sociedade. "A IA é claramente um catalisador, no sentido que cria um novo caminho para a inovação. Ela vai acelerar o desenvolvimento de outras tecnologias, como de robôs", avalia.
Na visão de Frank, o momento atual é de um superciclo de inovações, ou melhor, um "período de grandes invenções", fazendo referência à terminologia usada para se referir ao período da Segunda Revolução Industrial, até então considerada a época "com invenções de maior impacto".
"Eu gosto dessa comparação porque acho que teremos algo na mesma escala, e até podendo superar esse período. A razão é que não temos apenas avanços individuais nas tecnologias. As próprias tecnologias inventadas têm avançado esse processo e permitido a criação de outras novas tecnologias. Podemos agora atingir a cura de doenças, reduzir mortalidade, como fizemos no passado? Talvez agora possamos curar o câncer, combater as mudanças climáticas", projeta.
Uma dessas tecnologias é de blockchain . Frank acredita que ela está "interligada" à inteligência artificial, que deverá ter "algum impacto" na expansão, desenvolvimento e adoção das redes por trás das criptomoedas .
"Se você pensa no espaço informacional e as preocupações com privacidade, isso vai crescer conforme a IA se expande. O blockchain tem a capacidade de proteger os donos dos dados, nós, indivíduos. Então tem uma lacuna para o blockchain ocupar nesse espaço", comenta.
"A IA está recebendo muito dinheiro, um foco intenso de empresas, é uma conversa que está aumentando, não diminuindo, as empresas estão adotando IA cada vez mais. A parte de hype do ciclo existe, estamos vendo mais atenção e discussão, mas tem muita coisa acontecendo para validar disso. Sempre tem desilusão, mas acho que vai ser diferente, porque a IA é diferente também", alerta ainda Frank Diana.
Na visão do futurista, há uma aceleração da inovação, mas com as novidades caminhando juntas, e não disputando um espaço: "Cada tecnologia é um bloco separado, mas eles se interseccionam em jeitos difíceis de prever, mas que estão acontecendo. Essas intersecções que dão sinais para nós, como convergirmos, e quais problemas resolvemos e criamos com isso. Há novas possibilidades de convergência agora".
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