Guerra, juros, inflação: como as tensões globais podem afetar o bitcoin?
Especialistas comentam o atual cenário político-econômico global e detalham panorama para o futuro da maior criptomoeda do mundo e de outros ativos digitais
Gabriel Marques
Publicado em 15 de fevereiro de 2022 às 12h03.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2022 às 12h49.
Visto por muitos como um “porto seguro” dos investimentos, em decorrência de algumas de suas características e fundamentos, como o fato de ser deflacionário ou de sua suposta descorrelação de outros ativos de risco, o bitcoin vai passar por um de seus testes mais difíceis nas próximas semanas. A tensão gerada por um possível ataque da Rússia à Ucrânia, além do possível aumento na taxa de juro americana, como forma de tentar conter a inflação, serão um verdadeiro teste de força para a maior criptomoeda do mundo.
“O bitcoin é visto por alguns como uma moeda sem Estado, e teve performance boa no passado quando houveram tensões geopolíticas, então podemos esperar alguma demanda como ativo porto seguro”, disse o analista de criptoativos na corretora japonesa de bitcoin, Bitbank, Yuya Hasegawa. “Apesar disso, o cenário fez o bitcoin ficar suscetível à volatilidade do mercado de ações dos Estados Unidos, então os investidores de bitcoin talvez não consigam ficar tranquilos até que a situação entre a Rússia e a Ucrânia melhore”, comentou Hasegawa em entrevista ao canal de televisão CNBC.
De acordo com a CoinMetrics, o preço do bitcoin está 38% abaixo de sua máxima histórica, o que leva alguns investidores a temer um novo “inverno cripto”, denominação dada aos períodos prolongados de baixa no preço da criptomoeda.
Chris King, CEO e fundador da Eaglebrook Advisors enxerga isso como uma oportunidade: “Se estamos em um bear market [ mercado com tendência de baixa ], ainda podemos ter mais oito ou nove meses de preços se movimentando lateralmente, uma oportunidade para aventureiros saírem e deixarem os jogadores de verdade construindo a tecnologia”, comentou, ao mesmo canal.
Outros especialistas acreditam que o período será fértil para outras tecnologias do blockchain, como DeFi e NFTs. Os tokens não fungíveis são febre no mundo das celebridades, e chegam a ser vendidos por milhões de dólares em alguns casos.
“DeFi ainda é muito especulativo. A infraestrutura ainda está sendo construída, ainda é falha e difícil de usar. O bitcoin de 2013 até 2016 era de difícil acesso, mas empresas como a Coinbase e Gemini fizeram ficar mais fácil. DeFi precisa dessa rampa para melhorar e se tornar menos especulativo”, adicionou King à emissora americana. “A coisa mais importante para nós é a adoção. O hype por trás desses ativos trará mais pessoas para a plataforma, que é justamente com o que nos importamos”, concluiu o CEO.
O interesse pelos ativos digitais não é somente do varejo, nomes importantes da indústria veem o interesse institucional crescendo cada vez mais. A BlackRock e o UBS tem em seu cronograma o lançamento de ferramentas que ajudem gestores de fortunas a comprar criptoativos.
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