Future of Money

Guerra, juros, inflação: como as tensões globais podem afetar o bitcoin?

Especialistas comentam o atual cenário político-econômico global e detalham panorama para o futuro da maior criptomoeda do mundo e de outros ativos digitais

O bitcoin negocia 38% abaixo de sua máxima histórica (Dan Kitwood/Getty Images)

O bitcoin negocia 38% abaixo de sua máxima histórica (Dan Kitwood/Getty Images)

Visto por muitos como um “porto seguro” dos investimentos, em decorrência de algumas de suas características e fundamentos, como o fato de ser deflacionário ou de sua suposta descorrelação de outros ativos de risco, o bitcoin vai passar por um de seus testes mais difíceis nas próximas semanas. A tensão gerada por um possível ataque da Rússia à Ucrânia, além do possível aumento na taxa de juro americana, como forma de tentar conter a inflação, serão um verdadeiro teste de força para a maior criptomoeda do mundo.

“O bitcoin é visto por alguns como uma moeda sem Estado, e teve performance boa no passado quando houveram tensões geopolíticas, então podemos esperar alguma demanda como ativo porto seguro”, disse o analista de criptoativos na corretora japonesa de bitcoin, Bitbank, Yuya Hasegawa. “Apesar disso, o cenário fez o bitcoin ficar suscetível à volatilidade do mercado de ações dos Estados Unidos, então os investidores de bitcoin talvez não consigam ficar tranquilos até que a situação entre a Rússia e a Ucrânia melhore”, comentou Hasegawa em entrevista ao canal de televisão CNBC.

De acordo com a CoinMetrics, o preço do bitcoin está 38% abaixo de sua máxima histórica, o que leva alguns investidores a temer um novo “inverno cripto”, denominação dada aos períodos prolongados de baixa no preço da criptomoeda.

Chris King, CEO e fundador da Eaglebrook Advisors enxerga isso como uma oportunidade: “Se estamos em um bear market [mercado com tendência de baixa], ainda podemos ter mais oito ou nove meses de preços se movimentando lateralmente, uma oportunidade para aventureiros saírem e deixarem os jogadores de verdade construindo a tecnologia”, comentou, ao mesmo canal.

Outros especialistas acreditam que o período será fértil para outras tecnologias do blockchain, como DeFi e NFTs. Os tokens não fungíveis são febre no mundo das celebridades, e chegam a ser vendidos por milhões de dólares em alguns casos.

“DeFi ainda é muito especulativo. A infraestrutura ainda está sendo construída, ainda é falha e difícil de usar. O bitcoin de 2013 até 2016 era de difícil acesso, mas empresas como a Coinbase e Gemini fizeram ficar mais fácil. DeFi precisa dessa rampa para melhorar e se tornar menos especulativo”, adicionou King à emissora americana. “A coisa mais importante para nós é a adoção. O hype por trás desses ativos trará mais pessoas para a plataforma, que é justamente com o que nos importamos”, concluiu o CEO.

O interesse pelos ativos digitais não é somente do varejo, nomes importantes da indústria veem o interesse institucional crescendo cada vez mais. A BlackRock e o UBS tem em seu cronograma o lançamento de ferramentas que ajudem gestores de fortunas a comprar criptoativos.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok

Acompanhe tudo sobre:BitcoinBlockchainCriptoativosCriptomoedasNFTs

Mais de Future of Money

Stablecoins: o dólar digital sem fronteiras?

ETFs de cripto: entendendo a tese de investimento em ativos digitais para 2025

Fundador do LinkedIn diz que bitcoin valerá US$ 200 mil em 2025 e que investiu no ativo em 2013

"Drex é o início da tokenização do sistema bancário", diz Campos Neto em despedida do BC