FTX teve falência 'mais rápida' da história dos EUA, diz Departamento de Justiça
Oficial do governo que supervisiona o caso de falência pediu que tribunal autorize uma investigação independente sobre a exchange
Cointelegraph Brasil
Publicado em 2 de dezembro de 2022 às 13h38.
O responsável do Departamento de Justiça dos EUA pelo processo de falência da FTX se referiu à agora extinta corretora de criptoativos como a "grande falência corporativa mais rápida da história" do país, e está pedindo uma investigação independente para sobre o caso.
Em uma moção, o administrador Andrew Vara observou que, ao longo de oito dias em novembro, os devedores “sofreram uma queda virtualmente sem precedentes em valor de mercado”, partindo de uma alta de US$ 32 bilhões no início do ano para uma grave crise de liquidez após uma “corrida bancária".
“O resultado é provavelmente a grande falência corporativa mais rápida da história dos EUA, resultando em um desses casos de falência em ‘queda livre’", comentou o oficial.
Vara pediu uma investigação independente do caso da FTX, afirmando que era “especialmente importante por causa das implicações mais amplas que o colapso do FTX pode ter para a indústria de criptomoedas".
Os investigadores independentes são normalmente designados para examinar casos de falência quando é do interesse dos credores ou quando as dívidas não garantidas excedem US$ 5 milhões.
Esse tipo de investigação foi pedida em outros casos de falência de alto nível, como a do banco Lehman Brothers e, mais recentemente, para investigar alegações de má administração por parte da Celsius no âmbito do seu pedido de falência, ainda em andamento.
“Como a falência do Lehman, Washington Mutual Bank e New Century Financial antes deles, esses casos são exatamente o tipo de situações que exigem a nomeação de um investigador independente para examinar e relatar o colapso extraordinário dos devedores”, defendeu o administrador.
Em relação ao colapso da FTX, Vara acrescentou que, “as questões em jogo aqui são simplesmente grandes e importantes demais para serem deixadas para uma investigação interna”.
De acordo com a moção, a nomeação de um investigador - que requer a aprovação de um juiz - seria de interesse dos clientes e dos demais interessados, pois eles poderiam "investigar as substanciais e graves alegações de fraude, desonestidade, imperícia, má conduta e má administração” pela FTX.
Além disso, a moção sugere que um investigador poderia examinar as circunstâncias que envolveram o colapso da FTX e os saques dos fundos dos clientes e se as entidades que perderam dinheiro na exchange podem reivindicar perdas.
O novo CEO da FTX, John J. Ray III, que substituiu Sam Bankman-Fried em 11 de novembro, criticou fortemente as operações da empresa desde que assumiu o controle. Ele observou em uma declaração proferida perante um tribunal que houve uso de “software para ocultar o mal uso de fundos de clientes” e “uma completa ausência de informações financeiras confiáveis”, com o controle concentrado “nas mãos de um grupo muito pequeno de indivíduos inexperientes, pouco sofisticados e potencialmente comprometidos”.
Embora o administrador reconheça que as partes interessadas ficarão preocupadas com o fato de que a nomeação de um investigador terá custos e poderá interferir na investigação interna da FTX, ele sugere que elas não são suficientes para invalidar a necessidade de um examinador.
Em notícias relacionadas, o Gabinete do Procurador dos EUA para o Distrito Sul de Nova York e a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) enviaram uma série de solicitações a investidores e empresas que trabalharam em estreita colaboração com a FTX, pedindo informações sobre a empresa e seus principais executivos.
Até agora, as autoridades ainda não fizeram nenhuma acusação, mas parecem estar investigando minuciosamente a exchange falida.
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