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Fan Token: Ótimo para empresas e times, ruim para o torcedor e investidor

Entenda o porquê o mercado de fan tokens sofre com fortes correções, baixo volume, total descrença por parte de investidores e decepciona os fãs e entusiastas

Fan tokens foram criados para gerar uma nova forma de torcer (Fernando Torres/CBF/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2022 às 10h00.

Por Felipe Medeiros*

@M3deirosFelipe

Há cerca de 3 anos, no auge de grande bullrun do mercado cripto, a empresa "Socios.com" que diz ser uma fintech (financial Technology, tecnologia financeira, em português), lançava a criptomoeda Chiliz, que prometia trazer o mundo dos esportes para dentro da blockchain. A promessa da empresa era firmar parceria com as maiores equipes do mundo, e capturar todo engajamento dos seus fãs, criando produtos, exclusividades, novas experiências e uma alternativa de recompensa e pagamento.

Isso tudo parecia muito promissor, visto que segundo a empresa ‘sports value’ só o futebol movimenta cerca de US$300 bilhões (cerca de R$1,5 trilhão) por ano, e se contarmos e-sports e outros esportes como basquete, beisebol e esportes automobilísticos, estaremos falando de uma indústria com quase 1 trilhão de dólares.

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Pouco tempo após o lançamento da sua própria criptomoeda, a socios.com anunciou parceria com grandes equipes como, Juventus, Barcelona e PSG, que fecharam acordos para lançar as suas próprias criptomoedas. Os acordos previam o lançamento dos fan tokens dentro da blockchain criada pela socios.com, que em alguns casos ficou com pelo menos 50% das receitas. Baita negócio! Afinal, o custo de manutenção da blockchain é baixo, e eles iriam se capitalizar com o dinheiro de torcedores dos maiores clubes do mundo.

O negócio também era ótimo para os clubes, que criaram uma nova fonte de receita, sem nenhum custo adicional e que sozinhos não teriam know-how para fazer. O Barcelona lançou a venda inicial de 600 mil tokens a um preço fixo de 2 euros cada, poucos sócios conseguiram comprar na venda inicial, e quem não conseguiu, precisou comprar no mercado secundário.

O token foi disponibilizado nas principais exchanges de criptomoedas do mundo, como Binance e FTX. As negociações foram um grande sucesso no seu início, com altíssimo volume e valorização expressiva, chegando a marcar 50 dólares, o que era interessante para o clube, visto que eles também recebiam parte das taxas de negociação cobrada pela exchange.

Por outro lado, o negócio se mostrou não ser tão bom para o torcedor quanto é para o clube, foi dado pouco benefício, privilégio ou participação para os detentores do token. Votar na personalização do ônibus, comprar ingressos para alguns jogos e raras visitas ao centro de treinamentos, foram alguns dos poucos benefícios, não exclusivos para os detentores do token.

Para alguns investidores o case parecia fazer sentido, pois estávamos falando das marcas mais fortes do mundo entrando em blockchain, e trazendo junto uma legião de fãs apaixonados, mas não demorou muito para o que parecia um grande sonho, se transformar em pesadelo.

Lembra que o Barcelona emitiu 600 mil tokens na venda inicial? O problema começa aí, a quantidade total de tokens foi de 40 MILHÕES, ou seja, apenas 1,5% dos tokens foram emitidos. Então você pode estar se perguntando, e o restante dos tokens? O restante dos tokens estavam nas mãos da socios.com e do Barcelona para emitir da forma com que desejasse, e adivinha o que eles fizeram

Venderam os tokens no mercado secundário, aumentando as margens de lucro e pressionando o preço para baixo. E esse foi o padrão de todos os fan tokens emitidos pela socios.com, incluindo o token nativo Chiliz. Não bastasse os baixos incentivos para os detentores dos tokens, e a venda a mercado de parte do supply não vendido, a socios.com não desenvolveu nenhuma inovação tecnológica que fizesse com que sua blockchain pudesse substituir processos tradicionais, e com isso atrair grandes investidores. Até o momento que escrevo esse texto, não existe sequer perspectiva para que isso aconteça e que venha mudar o patamar dos fan tokens.

No fim, tudo se mostrou ser apenas mais uma estratégia para grandes clubes arrecadarem receita, e a fintech socios.com fazer uma grande fortuna. No Brasil vários clubes lançaram seus fan tokens, também desprovidos de benefícios e inovações, e ainda “concorrendo” com o sócio-torcedor do clube

Nenhuma de utilidade ou pouca utilidade, muitos tokens na mão do clube/socios.com que podem ser vendidos a mercado e programas concorrentes dentro dos propripos clubes, são suficientes para que meu conselho para todos os leitores, seja não investir em fan tokens, independente do clube.

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