1 milhão de tokens ether já foram tirados de circulação desde agosto (Capuski/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 24 de novembro de 2021 às 13h19.
A rede Ethereum atingiu a marca de 1 milhão de unidades de ether "queimadas" no blockchain desde a implementação da proposta de melhoria 1559 (EIP-1559), que prevê a destruição de parte dos tokens cobrados como taxa de transações. O valor equivale a mais de 4,2 bilhões de dólares tirados de circulação.
Uma das perspectivas em relação à "queima" de tokens da rede Ethereum é que o ativo se torne deflacionário - ou seja, que o número de tokens destruídos supere o de novas criptomoedas emitidas. Isso poderia ter um grande impacto no preço do ativo, já que afeta diretamente a escassez e a oferta da criptomoeda.
A EIP-1559 foi ativada em agosto passado. Com ela, parte das taxas cobradas a cada transação processada na rede são automaticamente tiradas de circulação. Em pouco mais de três meses, 1 milhão de tokens foram "queimados", o que significa uma média de cerca de 9.500 ETH destruídos por dia. A emissão de novos tokens, entretanto, ainda continua uma pouco maior.
A mudança é importante para o futuro da Ethereum porque, diferentemente do bitcoin, cuja oferta é limitada a 21 milhões de unidades, o ether não tem limite de emissão. Caso nenhuma criptomoeda seja tirada de circulação, o excesso de criptomoedas no mercado tornaria o seu valor irrisório. Antes da atualização, as taxas eram todas repassadas aos mineradores da rede Ethereum.
O grande número de tokens "queimados" nos últimos três meses se deve à atividade intensa na rede Ethereum, principal plataforma do mundo para aplicações de finanças descentralizadas (DeFi) e NFTs, dois dos mercados mais aquecidos da indústria cripto.
Apesar de ainda não ter se tornado deflacionário em uma análise de tempo mais abrangente, a rede Ethereum já teve diversos blocos com mais tokens "queimados" do que emitidos, o que significa que esse status pode estar prestes a mudar. A atualização é um dos primeiros passos para a mudança para o ETH 2.0, uma atualização mais ampla que, entre outras coisas, pretende mudar o mecanismo de consenso da rede do atual proof-of-work (ou "prova de trabalho") para o proof-of-stake, que tornaria a rede mais ágil, barata e sustentável, já que não exigiria tanto poder computacional - e consumo energético - para as validações.
Depois que a atualização de agosto foi ativada, o preço do Ethereum começou a subir, até atingir o seu preço recorde em 10 de novembro, a 4.859 dólares. Atualmente, a criptomoeda é cotada a 4.250 dólares, 13% abaixo da máxima.
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