Empresas no Brasil têm interesse em metaverso e DeFi, mas não em cripto, diz estudo
Volatilidade e falta de regulamentação no setor ainda afastam companhias, mas especialista aponta potencial de crescimento e adoção
João Pedro Malar
Publicado em 1 de fevereiro de 2023 às 11h49.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2023 às 12h00.
As empresas brasileiras possuem interesse em investir e adotar tecnologias e práticas ligadas ao metaverso e às finanças descentralizadas ( DeFi, na sigla em inglês) tanto nos próximos 12 meses quanto daqui a três anos, mas esse interesse ainda não chegou ao mundo das criptomoedas. É o que apontam os dados do The Global Innovation Report 2023, produzido pela FIS e divulgado nesta quarta-feira, 1º.
De acordo com o relatório, mais de 75% dos executivos brasileiros entrevistados afirmaram que a maior parte das inovações afetará seus negócios nos próximos 12 meses e três anos. Dentre as principais novidades apontadas, o destaque é para as áreas de embedded finance, DeFi, metaverso e criptomoedas.
"Falando em riscos e oportunidades, esses movimentos podem dar um frio na barriga, mas fazem parte do negócio e permitem que as empresas repensem seus negócios, modelos, a maneira de fazer as coisas. O risco é inerente a qualquer negócio quando tem empresas cada vez mais competitivas em busca de escala e inovação", observa Anderson Lucas, vice-presidente de negócios da FIS para a América Latina.
No Brasil, 75% dos executivos entrevistados disseram que suas empresas vão investir na área de embedded finance nos próximos 12 meses. A área envolve a desintermediação de serviços financeiros, com companhias sem tradição na área passando a oferecer esses serviços a seus clientes. Dentre as instituições não financeiras, 47% pretendem aumentar seus investimentos em tecnologia e pesquisa na área ao longo de 2023.
"Conforme o mercado foi evoluindo, empresas cujo foco não é ser banco ou ter meios de pagamentos perceberam que tinham algo mais importante, que é o dado, o comportamento dos consumidores, algo que as instituições financeiras não sabem. A ideia é capitalizar a empresa, diversificar o negócio, o que eleva a receita", explica Lucas.
Já em relação ao metaverso, 92% dos entrevistados ligados a serviços financeiros informaram que estão pesquisando "ativamente" oportunidades na área para suas empresas, que envolve "novas formas de interação com o meio digital, remodelando conceitos e proporcionando uma imersão em um cenário virtual hiper-realista". Mesmo assim, 37% disseram que essa tecnologia ainda possui um valor pequeno ou limitado atualmente.
Dentre os entrevistados, 83% afirmaram que será estrategicamente importante ter uma presença no metaverso nos próximos três anos. Os objetivos apontados para justificar isso incluem uma expectativa de ganho reputacional, estímulo à inovação, conquista de novos clientes e aumento de receita e competitividade. Lucas ressalta, porém, que até o momento a entrada nesse novo ambiente ainda é um "processo novo, experimental, e as empresas estão vendo ainda se vai ajudar na oferta de novos produtos, comodidade e praticidade para clientes. Tem muito a ser feito".
Outro segmento bem-visto pelos entrevistados é o de DeFi. Entre os entrevistados, 93% acreditam que a área representa uma "grande oportunidade de crescimento" para suas empresas, e 95% apontam que, para se manter competitiva, sua empresa precisará fornecer todos os serviços financeiros em uma experiência de ponta a ponta, e aí que entra o DeFi.
"É quase como um cartório virtual, uma garantia ponta a ponta. Há questionamentos, inseguranças, e entra a questão da regulamentação aí", pondera Lucas. A pesquisa reflete essa preocupação, com 53% dizendo que as estruturas de gerenciamento de risco atuais em suas empresas não são compatíveis ainda com a maioria dos ativos digitais e protocolos DeFi existentes.
Essa preocupação é ainda maior em relação às criptomoedas. A conclusão da pesquisa é que as companhias ainda veem a adoção de cripto como prematura e possuem "preocupações com estrutura regulatória e volatilidade". Do total dos entrevistados, 21% não têm interesse em desenvolver nenhum tipo de serviço envolvendo criptomoedas, enquanto 43% possuem preocupações com segurança cibernética e 30%, com volatilidade. Há, ainda, uma desconfiança geral em relação ao setor por parte de 27% dos respondentes.
O vice-presidente da FIS ressalta que "as pessoas não estão tão seguras em fazer um investimento nesse sentido [ em criptomoedas ], mas temos visto no mercado que as empresas do mercado cripto estão tentando massificar isso vinculando com coisas mais tradicionais, como meios de pagamento". Além disso, ele destaca o avanço regulatório sobre o tema no Brasil.
O país conta agora com uma lei especifica para regulamentar o mercado de criptomoedas, já sancionada. Lucas pontua que o texto "traz um maior conforto para esses usuários e consumidores para massificar esse processo", e que o projeto é "muito positivo" para as empresas, ajudando para que "os brasileiros possam aderir e alavancar e massificar esse processo de adoção de criptomoedas".
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