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Empresa brasileira quer ser o "Mercado Livre" da tokenização de ativos; entenda

Coinlivre chega ao mercado e promete conectar mercado tradicional com cripto, voltada inicialmente para grandes investidores

Tokenização se tornou tendência em bancos tradicionais (Reprodução/Reprodução)

Tokenização se tornou tendência em bancos tradicionais (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 22 de setembro de 2023 às 18h31.

O mercado de tokenização no Brasil tem crescido cada vez mais, apoiado pelo crescente interesse de empresas e investidores e novas perspectivas sobre a vantagem desse processo. E, agora, o setor conta com uma empresa que quer se tornar o "Mercado Livre" do segmento: a Coinlivre. O nome não é coincidência, como explica Giorgio Toniolo, Fundador e CPO da empresa, em entrevista à EXAME.

"A tecnologia desbloqueia um mercado novo, e a ideia da Coinlivre é prevenir problemas que o mercado cripto já enfrentou. A gente não faz custódia, não tem acesso ao dinheiro do investidor ou ao ao ativo em si, é um Mercado Livre. E podemos tokenizar ativos que bancos e corretoras não podem", explica.

Com isso, a expectativa da empresa é realizar uma "ponte" entre o mercado de criptoativos e o mercado tradicional. O foco, e a oferta dos seus produtos tokenizados, serão os grandes investidores do mercado brasileiro, respeitando inclusive as atuais questões regulatórias no Brasil.

Tokenização de ativos

Toniolo explica que a Coinlivre surgiu da percepção do potencial do processo de tokenização, ao perceber "várias oportunidades [de investimento] que poderiam ser digitalizadas, transformadas em ativos no blockchain e oferecer para investidores que não teriam acesso a elas, porque elas não existem no mercado tradicional".

"A ideia é ter uma tokenizadora verticalizada, de ponta a ponta, não é só uma solução financeira. Queremos criar produtos financeiros com soluções tecnológicas. Não é um banco, ela reúne clientes, projetos, e transforma os projetos em algo digital, tokenizando", afirma.

A principal vantagem desse processo, avalia o executivo, é que o uso de blockchain cria um "ambiente totalmente auditável e transparente. Logo de cara, tem alguns benefícios que a tecnologia propicia, não a Coinlivre sozinha. Mais transparência nos processos, auditoria, e uma ausência de barreiras financeiras para entrar em investimentos. Há uma falta de barreiras ou requisitos para ter uma geração primária de ativo financeiro, o que determina é a disposição do investidor".

Ao mesmo tempo, ao reduzir intermediários e tornar processos mais eficientes, os custos tornam-se menores, aumentando os rendimentos de cada ativo. Já a Coinlivre promete trazer como diferencial camadas adicionais de "confiança, garantias e contratos", trazendo procedimentos e critérios do mercado tradicional até como forma de atrair grandes investidores que, do contrário, "não entrariam no mercado".

"O objetivo é ter investidores de grande porte e oferecer uma carteira diversificada. A gente quer envolver mais os investidores e não ter um processo tão internalizado. Auditorias, contratos, lastro, é um processo que demora também. Por isso, a gente consegue originar de dois a três ativos por mês, e a curadoria é a mesma do mercado tradicional. O foco é mais no que importa para o investidor: o lastro, e se foi auditado, a garantia auditada e fatores processuais e tecnológicos", explica Toniolo.

Uma vez que o projeto, como de créditos de carbono, patentes ou lastreamentos em equipamentos, ele é tokenizado e oferecido para investimento. "A Coinlivre quer ser a ponte entre os mercados tradicional e cripto, a originação dos ativos e quem acha os ativos interessantes. Ser uma referência em ativos curados, seguros, entregando algo de forma fácil e com um nível de segurança alto. Por isso estamos fazendo parcerias inclusive com empresas de cripto. A disputa talvez seja com o mercado tradicional, mas talvez nem seja concorrência necessariamente", avalia.

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Regulamentação

Por outro lado, a empresa também precisa lidar com um cenário regulatório que avançou em torno da tokenização, mas ainda não está completo. Mesmo assim, o executivo pontua que a tokenização é a "primeira tecnologia que eu vejo em que todos os órgãos competentes, autarquias, estão a favor. A CVM, Banco Central, Ambima e governo federal estão a favor, e isso é muito importante".

"A CVM ainda não tem regras claras sobre o mercado, mas a regra clara é a que testa se o ativo é valor mobiliário ou não. O mercado estava preocupado sobre isso, mas na Coinlivre, sempre partimos do princípio que os ativos que temos são valores mobiliários e vão estar sob a CVM. O ponto é entender as limitações, o que pode ou não, o que declara, o que paga", comenta.

Uma "quebra de expectativa", segundo Toniolo, foi a abordagem da CVM de criar regras variando pela tokenização de cada ativo, como precatórios ou recebíveis. Entretanto, ele não acredita que isso impacte o modelo de negócios da empresa. No geral, as regras proíbem ofertas públicas e revendas, orientando as operações.

"A tarefa internamente é se adaptar para ofertar o maior número de opções possíveis. Entendo que as oportunidades criadas, e as maneiras de criar, estão bem interessantes, modernas. Coisas que, no mercado tradicional, pensando em como investe hoje em B3, fundos, surgem como uma forma de oferecer mais opções para os investidores", destaca.

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