Eleições nos EUA criam "guerra civil" no mercado de criptomoedas; entenda
Setor tem dado sinais de divisão ao apoiar candidatos em diversas disputas, incluindo na eleição presidencial entre Kamala Harris e Donald Trump
Repórter do Future of Money
Publicado em 10 de setembro de 2024 às 10h30.
Última atualização em 10 de setembro de 2024 às 11h24.
O mercado de criptomoedas vive uma "guerra civil" por causa das eleições nos Estados Unidos em 2024 . A análise foi compartilhada pelo Politico, um dos sites de notícias especializados em política mais relevantes do país, que detalhou uma crescente divergência entre empresários e investidores do setor sobre a estratégia ideal para o pleito.
Integrantes do mercado entrevistados pelo site explicaram que a divergência gira em torno de dois caminhos possíveis. O primeiro é um apoio total à candidatura do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump , que reverteu sua postura crítica ao setor durante sua presidência e, agora, se descreve como um "criptopresidente".
A expectativa de diversos empresários influentes no setor de criptomoedas, como Marc Andreessen, um dos fundadores da Andreessen Horowitz, e os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss, criadores da corretora Gemini, é que uma vitória do político resultaria em uma regulamentação mais favorável ao setor e reverteria a atual posição da SEC, que tem processado diversas empresas.
Por isso, a campanha do ex-presidente tem recebido milhões em doações. Os próprios Winklevoss prometeram doar US$ 1 milhão cada para Trump. Entretanto, a ideia de "apostar todas as fichas" na candidatura não agrada outro grupo de empresários influentes no setor, que afirmam que seria importante manter uma boa relação com o Partido Democrata.
É o caso do investidor bilionário Mark Cuban, que chegou a afirmar que a vice-presidente Kamala Harris poderia ser "mais receptiva" às criptomoedas do que o presidente Joe Biden. Na visão do Politico, essa divisão reflete um momento importante para o setor cripto, que "está exercendo mais influência do que nunca sobre a política dos Estados Unidos".
O setor tem realizado doações relevantes para candidatos que considera ser mais favoráveis a cripto, além de lançar anúncios em diversos estados elogiando esses candidatos ou criticando políticos contrários ao setor. Um exemplo é o estado de Ohio, que terá uma eleição para o Senado dos Estados Unidos que pode determinar o controle da Casa.
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Lá, um grupo financiado por empresários de criptomoedas já investiu mais de US$ 12 milhões a favor do candidato republicano, Bernie Moreno, que busca derrotar o senador Sherrod Brown, crítico do setor. A estratégia, porém, dividiu o grupo.
O investidor bilionário Ron Conway, por exemplo, criticou o movimento, lembrando que ele pode ser um "tiro no pé" já que, se reeleito, Brown poderia continuar na presidência do Comitê de Serviços Financeiros.
Ao mesmo tempo, a disposição do setor em apoiar financeiramente candidatos também mobilizou o Partido Democrata. Há alguns meses, 71 deputados do partido se juntaram aos 208 deputados republicanos para aprovar um projeto de lei favorável ao segmento. Entretanto, o partido ainda é mais associado aos políticos críticos ao setor, como a senadora Elizabeth Warren e o presidente da SEC, Gary Gensler.
"Todos estão bravos"
E, segundo o Politico, a postura do setor de apoiar candidatos democratas favoráveis a cripto também estaria, agora, irritando muitos políticos republicanos. A combinação desses fatores resultou em uma "bagunça", segundo um dos entrevistados pelo Politico. "Os democratas estão bravos, os republicanos estão bravos. Todos estão bravos".
Um lobista de empresas de criptomoedas resumiu a situação, avaliando que o setor "tem aproximadamente o mesmo número de republicanos, democratas e independentes. Essa é uma indústria única, e isso está causando conflitos".
Para o deputado democrata pró-cripto Wiley Nickel, a posição atual de muitos empresários pode acabar prejudicando o mercado cripto no longo prazo. “Qualquer pessoa que se preocupa com o futuro de cripto deve querer que esta questão permaneça na via bipartidária. Qualquer coisa diferente disso prejudicaria a reputação do setor pela próxima década".