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Criptomoedas podem cair mesmo em mercado de alta: o que é correção e como lidar com isso

Entenda como funcionam as correções no preço do bitcoin e das criptomoedas e como isso pode afetar seus investimentos

Stock market analysis on digital tablet (leungchopan/Envato/Reprodução)
FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 19 de maio de 2024 às 10h08.

Está achando o atual momento do mercado cripto chato? Você não está sozinho. Pouco tempo atrás, em março, a gente estava vibrando com o rali do bitcoin até os US$ 73.750, sua máxima histórica ou, como chamamos na criptoesfera, seu ATH (All Time High).

Depois disso, os ânimos esfriaram e o mercado se tornou mais apático, mesmo no embalo da expectativa do halving, ocorrido em 19 de abril, e da alta de preço que historicamente segue o evento.

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Desta vez, enfrentamos uma situação atípica na trajetória do bitcoin: o ATH nos surpreendeu antes do halving. Tradicionalmente, o evento desencadeia o ciclo de alta e o recorde de preço da moeda se dá em uma janela de alguns meses depois. Falo um pouco sobre isso aqui nesta coluna.

Neste momento, estamos em meio a uma lateralização. O movimento é marcado pela oscilação entre máximas e mínimas, ou seja, entre topos e fundos muito próximos uns dos outros dentro de um período de tempo específico.

O gráfico abaixo do TradingView vai ajudar vocês a visualizarem o que estou falando.

Os retângulos destacados em verde mostram essa movimentação lateral. Os preços ficam variando em um intervalo restrito sem render grandes emoções aos investidores. Não há nem altas nem baixas significativas.

É um momento que os traders, por exemplo, não curtem, porque não conseguem montar uma posição interessante de trade. Em geral, não dá para ter muita noção de para onde o mercado vai apontar. Assim, qualquer posição e lado são possíveis. Temos atualmente, porém, alguns motivos para acreditar em uma trajetória positiva.

A expectativa de corte na taxa de juros americana já no primeiro semestre de 2024 foi frustrada, agora é estimada uma primeira redução para setembro. A boa notícia é que houve um esfriamento da inflação nos EUA em abril, de acordo com dados oficiais publicados na quarta-feira, 15, registrando a primeira queda anual desde janeiro.

Outra notícia animadora é o anúncio da Bolsa Mercantil de Chicago (Chicago Mercantile Exchange ou CME), líder mundial no mercado de derivativos, de que pretende lançar também um serviço de negociação à vista de bitcoin. A CME já lista futuros de bitcoin.

Ficamos sabendo ainda que players gigantes do mercado declararam ter juntos bilhões em ETFs de bitcoin, entre eles Morgan Stanley, JPMorgan, Wells Fargo e Millennium Management.

Mas será mesmo que a criptoesfera vai reagir? Essa lateralização é normal? Sim, é super comum acontecerem períodos de lateralização, assim como é comum termos picos de alta e depois uma grande queda.

E por que é importante você entender e ver isso na prática no gráfico? Para colocar a cabeça no lugar. Digo isso de experiência própria.

Eu já tive oportunidades de ter muito mais bitcoin do que tenho hoje. Porém, muitas vezes, tomado pela ansiedade, medo e euforia, acabei vendendo ou comprando mais do que deveria, ou vendi antes da hora. Isso me fez tanto perder dinheiro quanto deixar de ganhar, e não quero que você cometa esse erro. Quero que você acerte desde o começo.

Pergunta que vem à sua cabeça:afinal, em que momento do ciclo a gente se encontra?

Acredito que estamos em um período de alívio, tomando fôlego para continuar a trajetória ascendente.

Imagine um nadador. Ele cai na piscina e começa a nadar e nadar, mas chega uma hora em que precisa tirar a cabeça da água para dar uma respirada.

O mercado está da mesma forma nesse momento: tomando fôlego para voltar a subir nas próximas semanas ou meses.

Vindo o corte dos juros da economia americana no segundo semestre, a criptoesfera vai ficar muito mais atrativa. A queda da taxa vai animar investidores a colocar dinheiro em ativos de mais risco e é aí que o bitcoin entra como um dos mais interessantes. Acredito que vamos ter uma virada de chave no ciclo.

Vejam o gráfico a seguir. Desde dezembro de 2022, quando fez fundo, o bitcoin subiu quase 357%.

Quando a gente vê um aumento expressivo desse, acha que a moeda subiu sem parar. Mas isso é uma ilusão, porque, na verdade, se o bitcoin tivesse mesmo subido sem parar, o movimento desenharia uma linha reta e não foi o que aconteceu.

No meu ponto de vista, a movimentação do mercado cripto hoje está muito saudável, mas eu entendo a sua dúvida: o ciclo de alta não significa que ele deveria se dirigir o tempo todo para cima? Não, como falamos, ele não sobe de forma linear. Ele se move em uma sequência de topos e fundos.

Vejam a seguir no gráfico semanal do bitcoin que, no mesmo período de valorização de quase 357%, tivemos 5 momentos de correção, incluindo o atual, com algumas quedas de mais de 20%. Agora, estamos enfrentando esse mercado lateral.

Peguemos o último ciclo de alta. De junho de 2019 até outubro de 2020, ficamos também observando essa movimentação meia-boca, incluindo excepcionalmente uma queda forte por causa da pandemia. Depois de outubro, o bitcoin voltou a subir forte.

O que podemos tirar de aprendizado? Que o mercado de alta, mesmo sendo “de alta”, terá sempre momentos de baixa, porque ele precisa corrigir.

Caso viesse a engatar uma subida rápida demais, teríamos na verdade um problema. O preço inflaria absurdamente e a alta se tornaria insustentável. Nenhum investidor quer isso. A gente quer que seja sustentável, que a alta dure um longo período. Está aí a importância das correções. Então, não grila quando houver recuos, aproveita para respirar também!

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