Criptoativos

JP Morgan e Visa discutem uso de bitcoin e enaltecem stablecoins em evento

Durante evento da Forbes, representantes do JP Morgan, Visa e ING apontam bitcoin como investimento e stablecoins como alternativa para pagamentos

 (cokada/Getty Images)

(cokada/Getty Images)

Durante a edição anual do evento online Blockchain 50 Symposium: Crypto Goes Corporate, organizado pela Forbes, que ocorreu no dia 13, diretores de grandes bancos e companhias discutiram durante o painel "Comprando com bitcoin" a adoção dos criptoativos e, como as stablecoins podem se tornar uma ferramenta muito útil para transações ao redor do mundo.

No evento que contou com grandes nomes do mercado financeiro, a discussão demonstrou o entusiasmo dos participantes em relação ao aumento do interesse institucional pelo bitcoin, que para eles, está mais próximo de ser uma forma de investimento do que uma moeda.

Olhando para o histórico dos criptoativos ao redor do mundo, os participantes foram convidados a repensar sobre quais foram as principais mudanças em relação à como o bitcoin é utilizado enquanto forma de pagamento e, se isso evoluiu de fato.

Para Umar Farooq, CEO da unidade de blockchain do JPMorgan, pouca coisa mudou de fato no âmbito dos pagamentos, mas a acessibilidade do público ao bitcoin evoluiu muito. Nesse sentido, Umar considera que mesmo com a possibilidade de utilizar a criptomoeda como forma de pagamento, sua volatilidade impõe grandes desafios, que podem se tornar ainda maiores no âmbito jurídico, devido às suas implicações fiscais.

Ainda em seu discurso, Farooq expressou sua opinião sobre grandes empresas adicionarem o bitcoin como uma alternativa para pagamentos, salientando que isso pode ser uma jogada de marketing: “Square e PayPal, por exemplo, estão permitindo maneiras mais fáceis de utilizar bitcoin. Embora eu ache que os pagamentos em bitcoin permanecem mais como um jogo de marketing para as grandes empresas".

Do outro lado da conversa, Cuy Sheffield, Head da unidade de criptoativos da Visa, pontuou que apesar de um grande aumento na demanda de clientes por acesso ao bitcoin, muitos ainda o enxergam apenas como uma reserva de valor.

Para Sheffield, a ideia de oferecer um cashback em bitcoin para seus clientes que utilizam os serviços da Visa é um passo muito importante no oferecimento do acesso a criptoativos para seus usuários: "Empresas como a Fold estão permitindo que seus clientes gastem em moedas fiduciárias e ganhem bitcoin de volta. Essa têm sido a nossa principal motivação".

Em linha com a opinião de Umar Farooq, Mariana Gomez de la Villa, diretora do programa de tecnologia de razão distribuída do ING, disse que a criptomoeda continua sendo enxergada como uma forma de investimento, salientando que as altas taxas de transação na rede do bitcoin são um problema para sua utilização como meio de pagamento.

"Não acho que o bitcoin enquanto meio de pagamento será amplamente utilizado agora", disse Mariana.

 

Stablecoins e a evolução dos métodos de pagamento

No momento em que o painel foi direcionado para o tema de stablecoins, todos os participantes concordaram que essa categoria de criptoativos pode representar uma disrupção muito grande na forma como as transferências de dinheiro são feitas, sendo muito úteis para transações que excedem as fronteiras dos países ao redor do mundo.

Nesse sentido, Cuy Sheffield tomou à frente na discussão, evidenciando o interesse que a Visa têm demonstrado nos últimos anos em relação às stablecoins, principalmente no USDC, que foi a moeda escolhida pela companhia para a nova funcionalidade em sua plataforma, permitindo que empresas parceiras da Visa liquidem suas transações utilizando a criptomoeda, que tem como objetivo fornecer uma paridade com o dólar.

"Ficamos impressionados e entusiasmados em ver a USD Coin e um ecossistema de desenvolvedores emergir ao seu redor. Há também um número crescente de fintechs e empresas do âmbito de criptoativos construindo seus negócios em cima do USDC", disse Cuy.

Para o Head de criptoativos da Visa, as stablecoins irão permitir a criação de novos produtos financeiros e, serão capazes de tornar os pagamentos internacionais B2B cada vez mais eficientes. Umar Farooq também acredita que as stablecoins terão uma utilidade muito grande para pagamentos internacionais, mas que isso deve estar em linha com as regulaçõs vigentes.

"No curto prazo, stablecoins agirão como dinheiro em sua Apple Wallet - eles serão usados ​​em ecossistemas fechados para criar e gerar valor. Mas, no longo prazo, tudo depende dos reguladores se sentirem confortáveis ​​com os pagamentos internacionais em escala", disse Farooq.

 

A realidade por trás da JP Morgan Coin

Além de emitir sua opinião sobre o bitcoin e as stablecoins, Omar Farooq também comentou sobre a moeda digital do JP Morgan, deixando bem claro que ela não é de fato uma criptomoeda.

"Nossos clientes desejam ter acesso ao dinheiro programável, pagamentos condicionais e recursos futuristas. Entretanto, eles não se importam tanto com características como estar em uma rede pública, descentralizada e autônoma", disse Farooq.

Nesse sentido, o CEO da unidade de blockchain do JP Morgan explicou que a moeda foi criada justamente para atender às necessidades de seus clientes, acrescentando que a JP Morgan Coin fornece os recursos do futuro dos métodos de pagamento, mas que não tem as mesmas premissas de uma criptomoeda.

“É o nosso ponto de vista, as empresas podem entrar e interagir na plataforma para realizar transações descentralizadas em todo o ecossistema, permitindo o acesso ao dinheiro digital. JPM Coin não é uma criptomoeda pura porque, na minha opinião, uma criptomoeda pura é algo com valor independente, em um blockchain público, como bitcoin ou ethereum. ”, disse Umar.

Por último, Farooq comentou sobre o investimento na ConsenSys, que foi realizado pelo JP Morgan nesta semana.  Umar deixou bem claro que essa não é uma tentativa de tornar a JPM Coin uma concorrente do ethereum, salientando que a moeda foi criada especificamente para atender os clientes do banco e não os investidores de varejo. Ainda sobre o tema, Farooq disse que a ideia principal por trás do investimento é permitir novas possibilidades para a solução blockchain do banco em parceria com a ConsenSys, tornando o seu relacionamento ainda mais próximo.

JP Morgan e Visa não são estranhos ao universo dos criptoativos, pelo contrário, ambos já divulgaram iniciativas ligadas ao setor. No último mês, o banco lançou uma carteira de investimento com ações de empresas ligadas a este mercado. A Visa, além de anunciar o uso da stablecoin USDC em sua plataforma para liquidar transações, afirmou recentemente que vai oferecer integração para bitcoin e criptomoedas em sua rede de pagamentos.

 

 

 

 

 

Acompanhe tudo sobre:BitcoinBlockchainCriptomoedasJPMorganVisa

Mais de Criptoativos

Trump anuncia NFTs colecionáveis de si mesmo

Criptomoedas: o que muda com a regulamentação das moedas virtuais aprovada pelo Congresso

Estado de Nova York proíbe 'mineração' de criptomoedas; entenda

Mineradores de Bitcoin serão desligados da rede em caso de crise energética, diz União Europeia

Mais na Exame