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Ciclo de 4 anos do bitcoin 'quebrou', diz líder da Binance no Brasil

Em entrevista à EXAME, Guilherme Nazar avalia momento atual da criptomoeda e avanço da regulação no Brasil

Binance: head para a América Latina avalia momento do bitcoin (Binance/Divulgação/Divulgação)

Binance: head para a América Latina avalia momento do bitcoin (Binance/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 11h03.

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O tradicional ciclo de 4 anos que define o comportamento do preço do bitcoin "quebrou", mas isso não significa que o cenário de longo prazo para a criptomoeda é negativo, pelo contrário. É o que avalia Guilherme Nazar, head para a América Latina da Binance, em entrevista à EXAME.

À frente da operação da maior corretora de criptomoedas do mundo no Brasil, o executivo também compartilhou os avanços e planos da exchange para o mercado brasileiro e destacou os avanços importantes na regulação das empresas de cripto pelo Banco Central, mas ainda com alguns pontos de atenção.

"Quando pensa em cripto, todos os mercados do mundo têm traders, uso como meio de pagamento, mas a América Latina tem especificidades, e temos investidos muito no mercado brasileiro. É um mercado onde investir em cripto passou a ter uma narrativa de longo prazo forte, e isso é diferente em relação ao resto da região", destaca.

Nazar avalia ainda que "temos conseguido esse ano trabalhar os desafios de dar protagonismo para especificidades, necessidades locais. A gente tem um protagonismo muito bacana, ganhamos uma atenção muito bacana, de recursos, tempos, funcionalidades, produtos".

A questão da regulação

A regulação das empresas de criptomoedas deve ser um tema central para o setor no Brasil ao longo de 2026, após o Banco Central divulgar as aguardadas regras que as companhias precisarão seguir para obter licenças de operação. Nazar afirma que as regras têm um saldo positivo para o setor e são essenciais para a sua expansão, mas também apresentam pontos que devem impactar o mercado.

No caso da Binance, o ano contará com "esforços priorizados para a localização [regulatória]". O executivo projeta uma "nova era da indústria cripto no Brasil" graças à regulação, pontuando que ela "não é o fim, é o marco. E ela não se torna única para sempre. Tem evoluções, aditivos, mudanças, melhorias".

"É importante a gente reconhecer que o BC ao longo desse período teve uma sensibilidade com diversos pleitos, tanto da Binance quanto de outras empresas", afirma. Nazar ressalta em especial as mudanças em torno da permissão de autocustódia de stablecoins — inicialmente proibida na consulta pública de 2024 — e a possibilidade de ter books de negociação globais.

O líder da Binance na América Latina considera ainda que "é natural que haja pontos de dor, ou mais desconfortáveis. A tecla que a gente sempre bateu foi que a Binance é pró-regulação e outra tecla é que uma regulação boa tem que ser clara, evitar dubiedades, tem que trazer um caráter prudencial, não pode inibir inovação, mas, não menos importante, ela não deveria encaixar cripto ou algum aspecto de cripto dentro do mercado tradicional. Não colocar na mesma cesta, usar a mesma solução".

"Em cripto, se tem uma regulação vista como mais rigorosa, provavelmente vai ter um número de plataformas que podem não querer fazer parte e possivelmente parte do mercado de investidores pode buscar outras soluções. É um produto global, e por isso existem outras soluções", destaca.

Os comentários de Nazar refletem uma preocupação no mercado em relação às exigências de informações e processos burocráticos que precisarão ser seguidos pelas empresas e, principalmente, uma exigência de capital mínimo elevado para as companhias que pegou o setor de surpresa.

O executivo comenta que "existem aspectos mais pesados para todos. Para alguns é só mais pesado, mas é ajustável, e esse é o caso da Binance. Mas, para alguns outros players, de menor porte, pode inviabilizar a operação no Brasil. E esse pode ser ruim para o bom desenvolvimento do mercado".

Bitcoin e Binance em 2026

Já em relação ao bitcoin, Nazar lembra que, pela lógica do ciclo de 4 anos da criptomoeda, 2025 seria um momento de forte valorização do ativo. E esse movimento chegou a se concretizar, com dois recordes de preço observados, mas também com "quedas bastante severas, e timings que pegaram o mercado de uma maneira inesperada".

A avaliação do executivo é que "o ciclo de 4 anos se quebrou. E, na verdade, nunca foi um ciclo cripto de 4 anos, mas sim um ciclo macroeconômico e com cripto seguindo o padrão. Se macro muda, cripto também ajusta e muda".

Mesmo assim, o executivo afirma que está "otimista" em relação ao mercado de criptomoedas no próximo ano. "O mercado está se desenvolvendo, ainda que preços possam cair. A indústria está se desenvolvendo, e está se desenvolvendo no aspecto regulatório".

"É uma indústria global que conseguiu ter grandes avanços sem dependência dos EUA, mas é o maior mercado de capitais do mundo, e ter essa economia querendo exercer uma liderança predominante agora ajuda. Então, com essa cabeça, o ambiente regulatório, governos cada vez mais abertos em debater, a gente está com um olhar positivo", diz.

No caso da Binance, Nazar ressalta que o ano de 2025 contou com o lançamento de diversos produtos novos no Brasil, incluindo a integração com o Pix no Binance Pay e o lançamento do Binance Card. O foco, explica, tem sido oferecer aos usuários uma usabilidade maior para as criptomoedas, indo além dos investimentos.

Houve, ainda, o lançamento de funcionalidades voltadas a agentes autônomos e a investidores institucionais, dois segmentos que têm recebido cada vez mais atenção da corretora.

Nazar lembra que o investidor institucional "por natureza e necessidade é mais rigoroso, mexe com dinheiro de terceiros, é regulado, presta contas para alguém. Ele exige mais legitimidade, exige serviços ou ferramentas de melhor qualidade. Com o ambiente regulatório se desenvolvido, não só no Brasil, mas nos EUA puxando a locomotiva, tende a seguir essa velocidade. Ele precisa dessa segurança regulatória".

Já no caso dos assessores de investimentos, o executivo enxerga uma tendência natural de migração para o mundo cripto devido a uma combinação fatores, passando desde o bom desempenho do setor até uma necessidade de acompanhar a concorrência. Nazar vê um "ponto de inflexão, em que casas tradicionalíssimas estão passando a recomendar uma alocação mundo afora. E é um efeito em cadeia".

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