Future of Money

Bitcoin vai protagonizar 'nova ordem monetária mundial', diz Credit Suisse

Relatório do Credit Suisse escrito por Zoltan Pozsar, ex-funcionário do Fed e do Tesouro dos EUA, revela que o bitcoin pode ser o maior beneficiário de crises geopolíticas da atualidade

Segundo Pozsar, após a guerra o "mundo nunca mais será o mesmo" (SEAN GLADWELL/Getty Images)

Segundo Pozsar, após a guerra o "mundo nunca mais será o mesmo" (SEAN GLADWELL/Getty Images)

Cointelegraph Brasil

Cointelegraph Brasil

Publicado em 10 de março de 2022 às 09h30.

Mais do que uma crise geopolítica de proporções globais e desdobramentos imprevisíveis, a invasão da Ucrânia pela Rússia precipitou o fim do arranjo monetário internacional inaugurado quando em 1971 o então presidente dos EUA, Richard Nixon, decretou o fim da paridade entre o ouro e o dólar, afirmou o estrategista do Credit Suisse, Zoltan Pozsar em um memorando interno para os clientes do banco que vem circulando na internet desde ontem.

Segundo o ex-funcionário do Banco Central (Fed) e do Departamento do Tesouro dos EUA, a crise que o Ocidente está começando a atravessar tem nas commodities seu elemento fundamental, favorcendo a retomada de um sistema monetário baseado na correlação direta entre moedas estatais e o ouro e outras commodities:

"Estamos testemunhando o nascimento de Bretton Woods III - uma nova ordem mundial (monetária) estruturada em torno de moedas do Oriente atreladas a commodities que provavelmente enfraquecerá o sistema do euro-dólar e também contribuirá para amplificar forças inflacionárias no Ocidente."

O regime monetário baseado em Títulos do Tesouro americano teria chegado ao seu limite quando as sanções impostas pelo Ocidente congelaram as reservas cambiais da Rússia em dólares e em euros como retaliação pela invasão da Ucrânia.

A partir daquele instante, a confiança no sistema foi quebrada, afirmou  o estrategista. Ativos que até então eram imunes ao risco se tornaram passíveis de confisco, emitindo um alerta perigoso ao resto do mundo, especialmente à China.

Para evitar riscos semelhantes ao enfrentados pela Rússia, restam ao gigante oriental  duas alternativas para ao mesmo tempo proteger seus interesses e ter acesso às commodities russas – vender títulos do Tesouro dos EUA ou flexibilizar sua política monetária para imprimir yuans. Ambos os cenários implicariam em aumentos das taxas de juros e inflação mais alta em todo o bloco ocidental:

"Esta crise não se parece com nada que tenhamos observado desde que o presidente Nixon desatrelou o dólar do ouro em 1971 - o fim da era do dinheiro atrelado a commodities. Quando esta crise (e esta guerra) terminarem, o dólar deverá estar muito mais frágil, enquanto por outro lado a moeda chinesa estará muito mais forte, apoiada por uma cesta de commodities. Da era de Bretton Woods atrelada a barras de ouro, a Bretton Woods II, sustentada por dinheiro governamental (títulos do Tesouro dos EUA sem proteção contra confiscos), chegaremos a Bretton Woods III, uma era sustentada por formas monetárias tangíveis (barras de ouro e outras commodities)."

Neste novo cenário, concluiu, Pozsar, o bitcoin poderá ocupar um papel de destaque - desde que seja capaz de "sobreviver" até a guerra terminar, alertou. "Depois que a guerra acabar, o dinheiro nunca mais será o mesmo... e o bitcoin (caso ainda exista até lá) provavelmente se beneficiará disso tudo", escreveu.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok

Acompanhe tudo sobre:BitcoinBlockchainCriptoativosCriptomoedasFinanças

Mais de Future of Money

Segurança, nuvem e IA generativa de mãos dadas no mercado financeiro

Ciclo de alta das criptomoedas chega à segunda fase: o que esperar?

Bancos gastam 25 vezes mais que fintechs com segurança digital, mas perdem 5 vezes mais em fraudes

Criptomoedas não são afetadas por apagão cibernético e usuários elogiam blockchain

Mais na Exame