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Bitcoin ignora payroll e supera US$ 24 mil enquanto expectativas de atualização fazem ether subir 6%

As principais criptomoedas seguem resilientes quanto à divulgação de dados sobre emprego e inflação recorde nos Estados Unidos

As duas principais criptomoedas iniciam a semana em alta (znm/Getty Images)

As duas principais criptomoedas iniciam a semana em alta (znm/Getty Images)

O mercado de criptomoedas inicia a semana em alta, movimentando US$ 76,6 bilhões nas últimas 24 horas e com uma capitalização de US$ 1,1 trilhão, cerca de 3,7% mais que o dia anterior, de acordo com dados do CoinGecko. As duas principais criptomoedas, bitcoin e ether, também sobem 4,5% e 5,7%, respectivamente.

Cotado em US$ 24,18 mil, o bitcoin supera um novo patamar importante de preço em uma espécie de continuação de seu movimento de alta do último final de semana. A maior criptomoeda do mundo demonstra resiliência quanto aos últimos dados de emprego nos Estados Unidos, conhecidos como “payroll”, que se demonstraram muito acima da expectativa do mercado.

(Mynt/Divulgação)

Já o ether, a criptomoeda nativa da rede Ethereum, segue na expectativa de uma importante atualização, embora seu criador não acredita que ela esteja precificada ainda. “Eu não acho que a ‘The Merge’ será precificada até depois que ela realmente aconteça”, comentou Vitalik Buterin em entrevista ao canal Bankless durante o evento EthCC 2022 Experience.

A atualização, conhecida como “The Merge”, é uma das mais importantes da história da Ethereum e será responsável pela mudança no mecanismo de consenso utilizado pela rede para validar suas transações.

Ao invés da prova de trabalho (PoW), que necessita do processo chamado “mineração” e gera discussões em todo o mundo pelo uso de energia elétrica, a Ethereum passará a utilizar a prova de participação (PoS), que se baseia na quantidade de ether “bloqueado” na rede e é considerado um mecanismo “limpo”.

Cotado em US$ 1.801, a segunda maior criptomoeda do mundo sobe 5,7% nas últimas 24 horas, de acordo com dados do CoinGecko. No entanto, no cenário mensal, a alta é ainda mais significativa: de 48,57%.

Além do bitcoin e ether, outros nomes entre as 20 principais criptomoedas se destacam por suas altas nesta segunda-feira, 8. São elas: Polkadot e Avalanche, que sobem 8,32% e 5,46%, respectivamente, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Em sua análise diária de mercado, Nicholas Sacchi, head de research da Mynt, a nova plataforma de criptomoedas do BTG Pactual, aponta as razões para o movimento de alta:

“Para DOT, temos um mês com agenda cheia, com novas votações para atualizações do protocolo, bem como novos leilões de parachains, que trazem maior atividade por parte dos desenvolvedores no mercado e gera otimismo nos investidores”, apontou Nicholas.

“Para AVAX, tivemos um aumento expressivo na criação e negociação de NFTs apoiados nesse blockchain”, contou o head de research.

De acordo com ele, teremos pela frente uma semana cheia de notícias que podem impactar o mercado cripto:

“Na agenda da semana temos a divulgação dos dados de inflação ao consumidor (CPI) de julho dos EUA e, em termos macroeconômicos, o mercado segue atento ao rumo da política monetária no país, que tem uma importante influência sobre os mercados de risco (incluindo os criptoativos). Se os dados de inflação vierem acima do esperado, teremos mais uma sinalização para mais um aumento na taxa de juro por parte do FOMC”, afirmou.

Os aspectos técnicos da alta do bitcoin e ether

Apesar de terem demonstrado resiliência e alimentado o otimismo de investidores, as duas principais criptomoedas ainda podem ter um caminho difícil pela frente, de acordo com Lucas Costa, analista técnico do BTG Pactual.

O especialista em tecnologia blockchain e pós-graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora aponta que a tendência para o bitcoin e o ether no médio ao longo prazo segue de baixa, com otimismo para o curto prazo:

“O relatório de emprego não agrícola do mês de julho foi divulgado na última sexta-feira, 5 e apresentou um mercado de trabalho americano bastante apertado, com criação de 528 mil novas vagas, contra uma expectativa de 250 mil novas vagas.
O mercado de trabalho resiliente é favorável ao cenário inflacionário e pressiona o Fed a ter uma postura mais dura na elevação das taxas de juro. O que parecia ser um movimento ruim para os ativos de risco não se mostrou muito impactante para o bitcoin, que após um final de semana com volumes mais baixos, sobe 4% nessa segunda feira.

O gráfico de capitalização mostra um aumento do volume negociado no mercado de cripto como um todo, mas como o volume de negociação do bitcoin permanece baixo, a conclusão que podemos tirar é que o fluxo de dinheiro tem ido para outras criptomoedas. O destaque segue para uma expectativa otimista com o ether, em sua transição para um protocolo de prova de participação (PoS).

(CoinMarketCap)

O gráfico diário tem um aumento de pressão compradora, após um final de semana de contração da volatilidade e teste da média móvel de 21 períodos — guia da tendência de curto prazo. A segunda feira forte sinaliza que o movimento anterior foi um pullback (respiro dos preços), como alertamos no último texto.

A tendência do médio prazo ainda segue de baixa, mas no curto prazo temos uma visão otimista para o principal criptoativo, apesar do upside menor. O movimento com fundos ascendentes rompeu uma figura de triângulo nos US$ 21,85 mil, frustrando vendedores e impulsionando o movimento até a próxima resistência em US$ 27,86 mil.
O objetivo de preço citado é relevante por conta de um fenômeno da análise técnica chamado de “troca de polaridade”, em que um suporte relevante se torna uma resistência relevante após seu rompimento.

Observamos um aumento da pressão vendedora no último teste dos US$ 27,8 mil em junho e esperamos que o preço tenha dificuldade em romper a região, uma vez que temos uma quantidade grande de compradores presos em posições perdedoras no seu último rompimento.

(Lucas Costa/TradingView)

O ether sobe mais de 5% nesta segunda-feira, 8, e segue liderando o otimismo recente do mercado cripto. O preço superou a região dos 50% da queda entre US$ 3,58 mil e US$ 879,80, rompendo uma região importante de resistência. A tendência de médio prazo segue de baixa, mas no curto prazo continuamos otimistas.

É importante lembrar que o upside para novos compradores é menor no cenário atual, uma vez que os stops ficam maiores e os objetivos de preço ficam menores conforme o preço avanca. As próximas resistências são as retrações de Fibonacci em US$ 2.095 (61,8%) e US$ 2,57 mil (76,4%), sendo que a média móvel de 200 períodos em US$ 2.275 também pode atuar como resistência, uma vez que é um ponto focal de diversos players do mercado.”

(LucasCosta/TradingView)

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