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Bitcoin, ethereum e principais criptomoedas mantém estabilidade diante de incertezas econômicas

No aguardo por dados decisivos sobre a economia, principalmente dos EUA, as principais criptomoedas seguem em movimento lateral; segurança da rede Bitcoin atinge recorde

Bitcoin e principais criptomoedas apresentam lateralidade (Getty/Getty Images)

Bitcoin e principais criptomoedas apresentam lateralidade (Getty/Getty Images)

Nesta segunda-feira, 10, as principais criptomoedas seguem um movimento de estabilidade após quedas significativas em 2022. Movimentando US$ 40 bilhões nas últimas 24 horas, a capitalização deste mercado segue abaixo de US$ 1 trilhão, em US$ 977 bilhões, de acordo com dados do CoinGecko.

O bitcoin, a principal criptomoeda, é cotado a US$ 19.356, perdendo apenas 0,69% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinMarketCap. Recentemente, a rede blockchain que abriga o bitcoin bateu novos recordes de segurança.

“Outubro tem sido um mês particularmente positivo ao longo da história do bitcoin sendo que
em apenas duas vezes a criptomoeda fechou o mês com um movimento negativo”, pontuou a corretora de criptomoedas Bybit em uma análise. “No entanto, um ataque hacker na BNB Chain atuou como um balde de água fria nos investidores e, novamente, o preço do bitcoin recuou abaixo de US$ 20 mil”.

Além do ataque hacker que afetou a rede blockchain desenvolvida pela Binance, a maior corretora cripto do mundo, o mercado estaria sentindo os impactos de dados macroeconômicos, aponta Lucas Minchillo, analista da Titanium Asset Management.

Segundo Minchillo, os dados de desemprego nos Estados Unidos divulgados na última sexta-feira, 7, teriam exercido um papel crucial para a queda do bitcoin para abaixo de US$ 20 mil.

“O mercado ainda sente o impacto da divulgação de dados desemprego dos Estados Unidos na sexta-feira, que registraram um aumento de 263.000 vagas (+3.5%), contra 315.000 em agosto. Apesar da desaceleração, o número veio acima do esperado (255.000), sinal negativo já que o mercado de trabalho tem desacelerado em um ritmo menor que o esperado, o que indica que o aperto monetário do Fed ainda não surte o efeito desejado”, explicou Lucas Minchillo.

O aperto monetário mencionado por Minchillo se refere aos constantes aumentos na taxa de juros dos EUA em 2022, medidas realizadas pelo banco central do país na tentativa de conter uma inflação recorde. No entanto, historicamente, os aumentos podem desfavorecer ativos de risco como ações e criptomoedas.

“Nessa semana, os investidores devem estar atentos à divulgação dos dados de preço ao consumidor dos Estados Unidos (CPI) - uma das principais métricas de inflação pelo usadas pelo Fed - na quinta-feira, 13. Dados de inflação acima do esperado, em conjunto com a divulgação dos resultados de empregabilidade na semana passada podem resultar em uma aperto monetário mais intenso nas próximas reuniões do FOMC”, afirmou Minchillo.

Por isso, investidores e especialistas temem que novos aumentos podem empurrar o preço de criptoativos para baixo. O Índice de Medo e Ganância, que mede o sentimento do mercado cripto, está em 22 pontos, sinalizando “medo extremo” nesta segunda-feira, 10.

O analista da Titanium Asset Management ainda apontou que apesar de pautas macroeconômicas estarem causando incerteza no mercado e afetando o preço das criptomoedas, seus fundamentos continuam sólidos com a hash rate do bitcoin alcançando novas máximas históricas.

A hash rate mensura o poder computacional utilizado por mineradoras para manter a rede E é comumente utilizada para mensurar a segurança do bitcoin, explicou Minchillo.

O bitcoin também foi o ativo mais rentável do terceiro trimestre de 2022, segundo a NYDIG. A criptomoeda superou a performance de outras classes de ativos como metais preciosos, ouro e uma série de ações de empresas norte-americanas.

(NYDIG)

Além disso, o ether, segunda maior criptomoeda do mundo, é cotado a US$ 1.315, caindo apenas 0,92% nas últimas 24 horas, de acordo com dados do CoinMarketCap. Nativa da rede Ethereum, a criptomoeda apresenta movimentos de preço similares aos de sua predecessora, o bitcoin.

Análise técnica por Lucas Costa, do BTG Pactual

Os mercados globais iniciam a semana em queda e se aproximam de suportes importantes. O S&P 500 chegou a subir 6% na semana passada, mas encerrou com 1,45% de valorização. A tendência do principal índice americano é de queda no curto e médio prazo, mas testa suportes importantes em US$ 3.600 e 3.560. É importante ressaltar que o rompimento dessa região pode acelerar quedas até os alvos de Fibonacci em 3.380 (141,4%) e 3.270 (161,8%).

Por outro lado, o dólar global (DXY) segue forte, apesar da queda de 3,50% entre os dias 28 de setembro e 04 de outubro. O movimento de enfraquecimento das bolsas e fortalecimento do dólar contribui negativamente para as criptos, uma vez que o sentimento dos investidores é de aversão ao risco.

(TradingView)

A agenda da semana tem indicadores importantes, com divulgação da ata da última reunião do FOMC na quarta feira e dados de inflação ao consumidor na quinta feira. Segundo a equipe de macro e estratégia do BTG Pactual, o payroll da última sexta-feira, 7, ainda mostra um mercado de trabalho apertado, contribuindo para a manutenção da comunicação do Fed. A expectativa é que o CPI aumente a volatilidade do mercado, mas não altere o cenário de alta de juros na próxima reunião do FOMC. Você pode conferir mais informações sobre o panorama macro da semana no relatório “Spoiler Macro” de hoje.

O gráfico diário do bitcoin mostra o preço lateralizando próximo do fundo de junho de 2022. A região entre US$ 17.800 e US$ 20.000 é um suporte relevante, com interesse comprador e falta de apetite dos vendedores em promover o rompimento de fundo.

A tendência de médio prazo ainda é de baixa, mas no curto prazo o cenário é de indecisão. Destacamos o baixo volume de negociações da última semana, que contribui para o deslocamento lateral. A próxima resistência é US$ 20.370 e seu rompimento pode levar ao teste dos US$ 22.500, região que os vendedores atuaram de forma agressiva anteriormente.

(TradingView)

O ether, moeda nativa da rede Ethereum, possui um movimento de curto prazo bastante parecido com o bitcoin, mas com algumas peculiaridades. O aumento de força relativa dos últimos dois meses do ether fez com que a lateralidade que observamos acontecesse em um patamar superior ao fundo de junho de 2022 (o bitcoin lateralizou próximo do fundo do mesmo período).

A conclusão que podemos tirar é que o Ethereum permanece resiliente frente ao cenário de aversão ao risco. O gráfico diário possui tendência de baixa no médio prazo e no curto prazo acompanhamos uma lateralidade.

A média móvel de 21 períodos trabalha abaixo da média móvel de 50 períodos, mostrando predominância dos vendedores. O próximo suporte é US$ 1.200 e a deterioração do cenário pode levar ao seu rompimento, com objetivo no fundo citado em US$ 980.

A nossa conclusão é que no curto prazo ainda não temos oportunidades relevantes para as principais criptos, mas investidores de longo prazo podem aproveitar o cenário para pequenos aportes, fracionando suas entradas. O volume baixo das últimas semanas prejudica uma melhor definição de tendência.

(TradingView)

*Lucas Costa é mestre em administração e economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora, atuou como pesquisador acadêmico e professor nas temáticas de blockchain, criptomoedas e comportamento de consumo, sendo um dos fundadores do grupo de pesquisa Blockchain UFJF. Foi operador de câmbio em mesa proprietária com foco em análise técnica, e trader pessoa física em mercado futuro. Atualmente, é analista técnico CNPI do BTG Pactual digital, e apresenta a sala ao vivo de análises de maior audiência do Brasil.

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