Bitcoin e outras criptomoedas são prejudicadas por ações de reguladores nos EUA (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 27 de março de 2023 às 16h00.
Última atualização em 29 de março de 2023 às 11h12.
O mercado de criptomoedas opera em queda nesta segunda-feira, 27, com o bitcoin e outros ativos sendo prejudicados por um movimento de correção de preços e realização de lucros que ganhou mais força após a divulgação de uma denúncia da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities dos Estados Unidos (CFTC, na sigla em inglês) contra a Binance e seu CEO, Changpeng Zhao.
De acordo com dados da plataforma CoinGecko, o bitcoin acumula uma queda de 2,5% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 27.163. O mercado cripto como um todo tem uma queda acumulada no mesmo período de 2,5%, mas ainda com um valor total superior a US$ 1 trilhão. Já o ether cai 2,8%, cotado a US$ 1.719,69, e o XRP lidera as altas, com 5% de apreciação.
A principal novidade que afeta os preços das criptomoedas é a abertura do processo da CFTC contra a maior exchange do mundo. A Binance e seu CEO são acusados de operar ilegalmente operações com derivativos de ativos digitais por clientes nos Estados Unidos que usaram a plataforma de negociação da corretora a partir de julho de 2019.
O comunicado divulgado pelo regulador informa que o processo buscará punições civis e monetárias e uma proibição permanente para negociações e registros pela corretora de criptomoedas. "O programa de compliance da Binance foi ineficaz e, sob a direção de Zhao, a Binance instruiu seus funcionários e clientes a contornar os controles de conformidade para maximizar os lucros corporativos", acusa a CFTC.
Para Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, "o processo da Binance causa um pouco de ruído no mercado. O mercado em si sofre uma correção natural depois da onda de alta que levou o bitcoin de US$ 20 mil para US$ 28 mil, 27 mil. É algo natural, e seria natural ainda atingir a faixa de US$ 25 mil, que seria uma grande oportunidade de compra de bitcoin".
Entretanto, ele acredita que não há uma reversão de tendência de mercado, que segue altista, mas sim um incremento da força do movimento de correção após a notícia do processo contra a Binance. Já Ayron Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset, acredita que o processo é "mais uma tentativa de um órgão norte-americano de tentar punir empresas do setor cripto".
"Isso parece ter se tornado comum nas últimas semanas, pois quase todos os dias chegam notícias de processos assim. Parece que estamos em meio a uma série de ações que visam a atingir o mercado de criptomoedas. Essa recorrência parece demonstrar que os Estados Unidos estão tentando ativamente regular o setor, mas pode enviar uma mensagem para o mercado de que o país tem interesse em afastar as empresas de lá", pondera Ferreira.
Ele afirma ainda que esse movimento pode ganhar ainda mais força nos próximos meses, mas também "favorecer países com jurisdições mais amigáveis ao setor cripto, como a Suíça e até o Brasil. Por aqui, a Coinbase anunciou na semana passada a disponibilização dos serviços da plataforma para usuários brasileiros, como staking e depósitos e saques via Pix".
O analista observa que, como a Binance é a maior corretora de criptomoedas do mundo, o processo "movimentou o mercado". Considerando uma valorização acumulada de mais de 60% em 2023, Ferreira diz que "parece haver espaço para correção também", o que dá margem para possíveis novas quedas por parte do bitcoin nos próximos dias.
Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset, destaca que "o processo pede ressarcimento amplo, o que faria a Binance americana quebrar e poderia inclusive colocar em risco a saúde financeira da Binance mundial, visto que estão indo atrás de danos desde 2017". Para ele, "a ofensiva regulatória à Binance está apenas no começo".
"Os preços dos ativos de cripto estão sendo impactados negativamente por esse processo e é mais um dentre os vários movimentos regulatórios coordenados que estão acontecendo contra empresas do ecossistema. Por isso, entendemos que o momento é de cautela e é melhor focar no universo regulado de cripto e os ativos que não possuem dúvidas regulatórias, como o bitcoin", recomenda Ludolf.
Para especialistas, a forte alta do bitcoin em 2023 está ligada à mudança de perspectiva do mercado quanto ao ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. Os investidores passaram a projetar uma postura mais branda do Federal Reserve — reforçada após as recentes falências bancárias —, com altas menores e possíveis cortes já no segundo semestre.
O cenário favorece ativos considerados mais arriscados, caso das criptomoedas, já que torna a renda fixa americana menos atrativa e reduz temores sobre uma possível recessão na maior economia do mundo. Além disso, outros analistas apontam mais motivos que podem estar ajudando o mercado cripto.
Especificamente no caso do bitcoin, especialistas acreditam que a crise no sistema bancário reforça a tese da criptomoeda, que surgiu como uma alternativa descentralizada no sistema financeiro, e por isso está atraindo investidores. Outros apontam uma possível mudança de visão no mercado, com a ideia de que o bitcoin seria um "ouro digital" ganhando mais adeptos.
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