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Bancos quebram nos EUA e Fed age rápido: qual o impacto para as criptomoedas?

Cenário de corrida bancária nos EUA afetou mercado de criptomoedas e fez USDC perder a paridade com o dólar por um tempo. Entenda as perspectivas para o setor cripto

Mercado cripto sofre impacto de corrida bancária nos EUA (Reprodução/Reprodução)

Mercado cripto sofre impacto de corrida bancária nos EUA (Reprodução/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 15 de março de 2023 às 12h17.

Por André Portilho*

@anportilho

O Federal Reserve, banco central norte-americano, salvou o Silicon Valley Bank no fim de semana e interveio no Signature Bank. Os depósitos estão garantidos e o USDC voltou para a paridade. A ação foi rápida e forte, acalmando os mercados, mas não resolve a situação macro.

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Qual impacto em cripto?

O mercado cripto, principalmente bitcoin, se beneficia caso a percepção de risco no setor bancário aumente. Mas o principal é: o Fed provavelmente não subirá os juros na próxima reunião. Esse impacto é positivo e o mercado essa semana já reflete isso.

Indo mais fundo:

  1. O que vivenciamos na última semana foram as primeiras consequências secundárias do aumento de juros por parte do Fed no último ano.
  2. A partir de agora o mercado vai ficar sensível às notícias de bancos em dificuldade e resultados do setor.
  3. O trabalho do Fed para conter a inflação via alta de juros será mais difícil, pois terá que ser conciliado com a manutenção da solvência dos bancos.
  4. Depois da quebra do Silvergate Bank no início da semana passada e da corrida bancária ao SVB, o mercado ficou vulnerável a um contágio e corrida aos outros bancos regionais nos EUA. O USDC, segunda maior Stablecoin em dólar, tinha 8% de suas reservas aplicadas no SVB e perdeu a paridade durante o fim de semana, chegando a ser negociada abaixo de 0,90.
  5. Os EUA têm uma grande quantidade de bancos regionais e menores. Esses bancos detêm 1/3 dos depósitos totais. Os outros 2/3 estão em grandes bancos como Citi, Bank of America e JP Morgan.
  6. O principal negócio desses bancos regionais é pegar os depósitos dos clientes e emprestar para pessoas e empresas. Com a alta de juros do último ano nos EUA, vários desses bancos tiveram prejuízos nesse negócio e estão à beira da insolvência.
  7. Quando alguns desses bancos quebram e a notícia de espalha, o medo toma conta das pessoas e ocorre uma corrida bancária generalizada, onde as pessoas tiram o dinheiro dos bancos. Nesse caso, tiram dos bancos regionais e levam para casa ou para bancos maiores.
  8. A atuação do Fed nesse fim de semana serviu para mostrar ao mercado que os depósitos estão seguros e evitar uma corrida bancária.
  9. A questão é que essa ação do Fed garante a liquidez do sistema, mas não resolve o problema dos balanços dos bancos. Apenas uma recapitalização dos bancos vulneráveis pode resolver o problema. Isso aconteceu na crise de 2008 e foi alvo de fortes críticas por algumas partes da sociedade.
  10. O próprio surgimento do bitcoin aconteceu nessa época por conta da situação.

*André Portilho é responsável pela área de Ativos Digitais do BTG Pactual e head da Mynt, plataforma de investimentos em criptoativos. Com mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro, Portilho começou sua carreira como estagiário no Banco Icatu, no Rio de Janeiro, em 1993. Em 1994, mudou para a mesa proprietária para negociar ações e opções de ações. Em 2000, ingressou no BTG Pactual para iniciar a mesa de negociação de derivativos de ações. Três anos depois, criou a mesa de negociação de derivativos de câmbio para atuar como market maker nos mercados de BRL local e offshore. Em 2004, tornou-se responsável pelas mesas de negociação de ações e derivativos de câmbio da América Latina com traders no Rio de Janeiro, São Paulo e Stanford. Foi o responsável pela expansão da mesa de trading de volatilidade para os mercados internacionais em 2012. Em 2017, montou a mesa de Digital Assets do BTG Pactual, pioneira no mercado de crypto entre os bancos brasileiros. Em 2019, liderou o lançamento do ReitBZ, o primeiro security token emitido por um banco no mundo.

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