Aumento de reservas em bitcoin pela Tether beneficia cripto, mas traz riscos; entenda
Emissora da stablecoin USDT disse que medida busca diversificar suas reservas e reforçar aposta nas vantagens de uso da criptomoeda
Repórter do Future of Money
Publicado em 17 de maio de 2023 às 16h00.
Última atualização em 18 de maio de 2023 às 15h20.
A Tether, empresa responsável pela emissão da stablecoin USDT, anunciou nesta quarta-feira, 17, que vai ampliar a participação dobitcoin em suas reservas que garantem a paridade entre a USDT e o dólar. Para isso, a companhia pretende usar parte dos seus lucros operacionais para adquirir a criptomoeda, buscando uma "diversificação" dos seus ativos.
Em um comunicado sobre a decisão, a empresa disse que passará a alocar até 15% de seus lucros operacionais líquidos realizados para a compra da criptomoeda. A ideia é usar as quantidades compradas como reserve excedente, mas também fortalecer e diversificar a composição atual das reservas. Atualmente, a USDT é a maior stablecoin do mercado, mas já recebeu críticas anteriormente sobre a composição de suas reservas.
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Atualmente, as stablecoins correspondem por quase todo o volume movimentado de criptomoedas no Brasil. Esses ativos têm chamado a atenção de grandes empresas e ganhado cada vez mais espaço no mercado. Também no Brasil, o banco BTG Pactual se tornou o primeiro do mundo a lançar uma stablecoin pareada ao dólar , o BTG Dol.
Na semana passada, a empresa detalhou pela primeira vez a composição exata dos ativos que são usados para garantir que 1 USDT é equivalente a US$ 1. Os dados apontam que o bitcoin equivale a cerca de 2% do total das reservas, com US$ 1,5 bilhão. O ouro também é usado, assim como dólar e títulos do Tesouro dos EUA, que formam a maior parte dos ativos.
A Tether afirmou ainda que, "embora seja uma prática comum entre muitos investidores institucionais a custódia terceirizada de seus bitcoins", optou por realizar a custódia direta da criptomoeda, mantendo a posse das chaves privadas das carteiras em que os ativos adquiridos ficarão.
"A compra de BTC pela Tether faz parte de sua abordagem conservadora e prudente para decisões de investimento destinadas a fortalecer, aumentar e diversificar suas reservas. Ao implementar essa estrutura, a Tether visa aumentar a transparência e fornecer uma visão mais clara do desempenho da empresa e da estratégia de alocação de capital", diz o comunicado.
Paolo Ardoino, CTO da Tethe, afirmou ainda que "a decisão de investir em bitcoin, a primeira e maior criptomoeda do mundo, é sustentada por sua força e potencial como um ativo de investimento". Ele destacou que a criptomoeda tem "provado continuamente sua resiliência" e tem sido cada vez mis usada como reserva de valor de longo prazo.
"Sua oferta limitada, natureza descentralizada e adoção generalizada posicionaram o bitcoin como a escolha preferida entre investidores institucionais e de varejo. Nosso investimento em bitcoin não é apenas uma maneira de melhorar o desempenho de nosso portfólio, mas também um método de nos alinharmos com uma tecnologia transformadora que tem o potencial de remodelar a maneira como conduzimos os negócios e vivemos nossas vidas", ressaltou o executivo.
Com a decisão, a Tether também buscará capitalizar o potencial de crescimento da criptomoeda e expandir sua posição como provedor de infraestrutura financeira "confiável e seguro", sinalizando uma confiança no mercado de criptomoedas.
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Riscos e benefícios
Para Lucas Josa, analista do BTG Pactual, o contexto atual do mercado de criptomoedas e o potencial volume financeiro de alocação da Tether indicam que a decisão não deve ser capaz de impactar o preço do bitcoin ou impulsionar uma tendência de alta, em especial pela alocação fracionada e em uma janela maior de tempo.
Mesmo assim, ele afirma que a decisão é "interessante" para o setor pois "reforça a narrativa do bitcoin enquanto alternativa [no sistema financeiro], mas não acredito que seja a melhor solução". Nesse sentido, a decisão pode ajudar na narrativa de que o bitcoin é uma reserva de valor e pode se tornar um "ouro digital" .
"Apesar de estarmos falando do excedente das reservas, pensando em um cenário que a Tether perca parte das reservas que garantem a paridade do ativo com o dólar, o mais prudente seria ter o excedente em dólares ou títulos de curto prazo", acredita o analista, destacando que esses ativos seriam melhores considerando que a paridade da stablecoin é com o próprio dólar.
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