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Alex Nascimento: o que esperar do cenário cripto institucional em 2023

Entenda os principais episódios do universo cripto e blockchain de 2022 e saiba o que podemos esperar do ponto de vista institucional para setor em 2023

Blockchain e criptomoedas passaram por um 2022 difícil (metamorworks/Getty Images)

Blockchain e criptomoedas passaram por um 2022 difícil (metamorworks/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2023 às 11h04.

O ano de 2022 foi um ano turbulento para o mercado cripto. Novas tecnologias disruptivas surgiram, ao mesmo tempo, em que as principais criptomoedas viram seu valor de mercado cair mais de 60%.

Em comparação ao ano anterior, espera-se que 2023 seja marcado por maior solidez no que diz respeito a regulamentações mais rígidas para o setor e uma adoção crescente de investidores institucionais, tornado o mercado mais seguro e atrativo.

Dessa forma, iremos nesse artigo expor alguns dos principais episódios do universo cripto/blockchain de 2022 e analisar o que podemos esperar do ponto de vista institucional para setor em 2023.

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Cenário Macroeconômico

O fator principal em 2022 foi a desaceleração da economia global. Houve uma queda de 62% na capitalização do mercado cripto em relação a 2021, devido a vários fatores tais como; o crescimento da taxa de juros do Fed americano, políticas fiscais e monetárias mais rígidas, restrições da Covid, queda do mercado imobiliário na China, guerra Rússia-Ucrânia e aumento da inflação em todo o mundo.

Além destes fatores, espera-se que o aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve deve continuar a subir em mais de 125 pontos-base alcançando 5% - 5,25% em 2023, a fim de buscar maior controle da inflação, e como efeito colateral reduzir a liquidez para ativos de risco como criptomoedas.

Porém, vale destacar que anterior ao começo da queda do mercado cripto no fim de 2021, as principais moedas, bitcoin e ether, indicavam um índice Sharpe negativo de 1,08 em comparação com 0,90 de retorno negativo médio para as ações americanas.

Este índice foi comparativamente muito mais positivo do que sua performance no último inverno cripto (2019 – 2020), quando o rendimento dos ativos digitais foi bem abaixo da maioria dos ativos tradicionais.

Apesar de tantos cenários negativos, analistas acreditam em um crescimento global de 1,8% em 2023, onde países com forte atuação no mercado cripto como os Estados Unidos apresentarão maior recuperação fiscal quando comparado com a eminente recessão europeia, ou com lenta reabertura do mercado chinês, assim impactando o mercado cripto de forma positiva em 2023.

Adoção Institucional do bitcoin e ativos digitais

Mesmo havendo uma queda em seu valor de mercado, o bitcoin transacionou em 2022, US$ 5 trilhões a mais do que em 2021, quebrando um recorde de transações de mais de US$ 260 mil em transações por segundo. O que demonstra a crescente adoção do bitcoin independente da sua alta volatilidade.

Já para a segunda moeda em valor de mercado, o ether, os analistas acreditam que o “Merge” deve levar o preço do ether a se desvencilhar da relação com o bitcoin, se tornando um ativo independente.

Seguindo a tendência de adoção institucional as stablecoins também ampliaram sua participação de mercado em 2022, realizando US$ 24 trilhões em transações, demonstrando um potencial crescente para utilização em remessas e pagamentos internacionais em 2023.

A crescente adoção de ativos digitais em 2022 resulta em uma maior adoção de ativos digitais por investidores institucionais, como bancos, instituições financeiras e empresas corporativas em 2023.

Grandes marcas como Disney, Starbucks e Adidas têm investido em ativos digitais e adotando a tecnologia blockchain em seus negócios. Bancos influentes como Goldman Sachs e BNY Mellon, estão criando serviços de dados criptográficos e lançando plataformas de custódia de criptomoedas, respectivamente.

Já empresas como Fidelity e Coinbase tem investido fortemente em serviços e produtos para investidores institucionais, oferecendo plataformas de custódia, negociação de Ethereum para clientes institucionais e negociação de bitcoin para o mercado de varejo.

Em contrapartida podemos destacar também as comunidades cripto que estão investido em ativos reais criando uma conectividade ainda mais forte entre os dois mundos. Um exemplo é o MakerDAO que em 2022 investiu US$ 500 milhões em DAI em títulos do Tesouro dos EUA e títulos corporativos.

Este panorama demonstra um cenário de médio a longo prazo onde investidores e instituições regulamentadas estão apostando no crescimento do universo cripto e aperfeiçoando suas infraestruturas e modelos de negócios para ampliar suas ofertas de produtos e serviços cripto, consequentemente, apostando em um maior fluxo de investimentos de seus clientes em ativos digitais em 2023.

(Mynt/Divulgação)

Regulamentações mais claras

O crescimento do mercado cripto tem causado grande tensão entre os legisladores internacionais. Investidores institucionais têm reivindicado maior clareza regulatória, melhor governança e diretrizes para tornar o setor mais acessível e seguro para investidores de grande porte.

Diante deste cenário, mais 42 países adotaram cerca de 105 medidas regulatórias para o setor cripto/blockchain em 2022. Seguindo esta tendência a União Europeia finalizou a Regulamentação do Mercado de Criptoativos da UE (MiCA).

A abrangente estrutura regulatória europeia entrará em vigor em 2024 e poderá servir de modelo para a criação de outras legislações para o mercado cripto ao redor do mundo.

Enquanto as autoridades americanas continuam evoluindo o processo de regulamentação do mercado cripto de forma cautelosa, a Autoridade de Valores Mobiliários de Israel (ISA) está propondo que todas as criptomoedas estejam sob a mesma regulamentação de valores mobiliários, visando maior proteção para investidores.

Já no Brasil, na reta final do governo Bolsonaro foi sancionada a Lei das Criptomoedas (o projeto de lei 4.401/2021) que aponta o Banco Central como regulador principal deste mercado no Brasil, responsável pela elaboração de diretrizes claras sobre as regras de mercado para o segundo semestre de 2023.

Para 2023, espera-se que as regulamentações sejam mais consolidadas no que diz respeito a definição de ativos como commodities e valores mobiliários e redução de práticas arriscadas de empréstimos, que contribuíram para colapsos no setor como o caso da FTX, Terra Luna e outros.

Inverno Cripto

Os diversos cenários e episódios que marcaram o ano de 2022 no mundo cripto como turbulento e instável, e as medidas adotadas pelo Federal Reserve resultaram em uma redução na capitalização do mercado cripto de mais de US$ 2,2 trilhões, reduzindo os investimentos institucionais em cerca de 71,4%.

Mas, para prever quanto tempo irá durar o inverno cripto, se faz necessário compreender por quanto tempo a alta da inflação americana manterá o posicionamento do Fed quanto as suas politicas de aumento de juros. Uma vez que a esperada redução da inflação em 2023 resulte em quedas das taxas de juros, devemos ver o mercado cripto prosperar novamente.

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