Prefeita de Paris: a bandeira neutra "não existe realmente", considerou Hidalgo, estabelecendo uma discussão com "os russos dissidentes que querem desfilar sob uma bandeira de refugiados (Diego Puletto/Getty Images)
AFP
Publicado em 7 de fevereiro de 2023 às 15h02.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, se opõe à presença de atletas russos nos Jogos Olímpicos de 2024 "enquanto houver guerra" na Ucrânia, disse uma fonte próxima a ela nesta terça-feira (7) após uma entrevista à France Info.
Em entrevista anterior, no final de janeiro, a prefeita da cidade anfitriã posicionou-se a favor da sua participação "sob bandeira neutra" com o objetivo de "não privar os atletas da sua competição", compromisso que agora considera "indecente", de acordo com esta fonte.
A bandeira neutra "não existe realmente", considerou Hidalgo, estabelecendo uma discussão com "os russos dissidentes que querem desfilar sob uma bandeira de refugiados".
Estes atletas que "desfilam e participam sob a bandeira dos refugiados" não "apoiam Vladimir Putin e sua agressão", disse a prefeita para explicar sua mudança de opinião.
O caso dos atletas russos é delicado desde os Jogos do Rio, em 2016, quando estes foram excluídos como punição pelo sistema de dopagem generalizado no país.
Em Tóquio-2021 e nos Jogos de Inverno de Pequim de 2022, os russos desfilaram sob bandeira neutra.
"Não sou a favor desta opção, acharia totalmente indecente", comentou Hidalgo. "Um país que está agredindo outro não pode desfilar como se isso não existisse".
O cenário é politicamente inflamável: no final de janeiro, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, exigiu do presidente da França, Emmanuel Macron, que os russos fossem excluídos dos próximos Jogos Olímpicos.
Mas o Comitê Olímpico Internacional (COI) traçou uma alternativa para reintegrá-los ao esporte mundial, considerando que "nenhum atleta deveria ser privado de competir com base no seu passaporte".
Apesar dos reiterados pedidos da Ucrânia para a exclusão dos atletas russos e bielorrussos dos Jogos de de Paris em 2024, o COI declarou na semana passada que estudaria a possibilidade de autorizá-los sob bandeira neutra.