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OPINIÃO | Paris 2024 provou que corpo de atleta não precisa seguir padrões

Olimpíada mais diversa dos últimos anos deixou claro que a magreza não é sinônimo de bom desempenho de um esportista

Ju Ferraz
Ju Ferraz

Sócia, diretora de negócios e RP da Holding Clube

Publicado em 13 de agosto de 2024 às 10h47.

Encerramos neste final de semana uma das Olimpíadas mais emocionantes para o Brasil, que foi muito bem representado em Paris por uma delegação altamente diversa. E isso tanto pela questão de gênero, que foi a maior feminina desde o início da nossa participação, como também pela inclusão de diferentes corpos entre as modalidades.

Mesmo considerando que tenhamos conquistado uma medalha a menos em comparação a Tóquio 2016, além de um número inferior de ‘ouros’, a emoção dessas Olimpíadas que tanto falo está em feitos ainda mais importantes, pois ficou mais que claro que o corpo de atleta já não precisa mais seguir um padrão estético que antes era imposto como absoluto para quem quer viver do esporte.

Nosso primeiro ouro veio de uma mulher que desafiou essas ‘regras’, a peruibense Beatriz Souza, que competiu no judô. Sua participação já foi simbólica só pela medalha conquistada, mas de fato histórica, por ela ser a primeira brasileira estreante a ser campeã olímpica em uma prova individual.

E ainda que constantemente nos seja dito que a modalidade (judô) necessite um biotipo específico, a vitória de Bia representou todos os seus anos de dedicação, seu amor e compromisso em honrar sua família, além de a colocar em uma posição de inspiração para tantas meninas que se sentem diferentes por não serem magras, mas que sonham em um dia subir no pódio do maior evento esportivo do mundo. À exemplo de Daiane dos Santos, que moldou toda uma geração de atletas dos dias atuais (entre as principais Rebeca Andrade, também ouro em Paris 2024).

Dito isso, anos atrás ao falarmos sobre o que seria um corpo de atleta, a resposta automática viria com um ‘magro, alto e forte’, que são claramente características excludentes. Mas o que ainda precisa ser debatido, é que um atleta que não esteja dentro desses padrões, possa competir nas mais diferentes modalidades, seja atletismo, nado, vôlei ou futebol, e não apenas nas que necessitam que o biotipo seja maior que o de alguém que vista 36 (o próprio judô, arremesso de peso, lançamento de disco), pois o corpo de atleta vai ser aquele que vai possibilitar uma melhor performance ao esportista.

Vermos a diversidade sendo protagonista em meio a um mundo de tantos preconceitos estéticos, que são inclusive cobrados constantemente de mulheres, nos abre uma esperança de que esse cenário será mais inclusivo e aberto para diferentes histórias num futuro não tão distante. E além de Bia Souza, outras mulheres foram destaque em Paris, como Izabela da Silva, Andressa de Morais (ambas de Lançamento de Disco), Ana Carolina Silva (Arremesso de Peso), Bruna Alexandre (atleta paralímpica de tênis de mesa) e Ana Patrícia Ramos e Duda Lisboa (vôlei de praia).

Os Jogos Olímpicos de 2024 já foram marcados por essa mudança tão significativa, e eu arrisco a dizer que em Los Angeles 2028, toda essa diversidade e inclusão será ainda maior, pois a cidade é extremamente conectada com o público jovem, que já vem nessa onda de quebra de barreiras, e que são altamente engajados com causas de grande impacto.

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