Esporte

O que se sabe sobre a crise nos bastidores do Flamengo?

Ainda que tenha alcançado o momento de maior invencibilidade de 2023 - seis jogos -, o clube enfrenta conflitos internos que envolvem indisciplina

O baixo rendimento em campo e a atuação da equipe de uma forma geral causam grande desconforto entre jogadores, diretoria e torcedores (James Williamson/Getty Images)

O baixo rendimento em campo e a atuação da equipe de uma forma geral causam grande desconforto entre jogadores, diretoria e torcedores (James Williamson/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 31 de maio de 2023 às 08h07.

Em semana decisiva de clássico contra o Fluminense por vaga nas quartas de final da Copa do Brasil, o Flamengo se depara com uma crise nos bastidores que levanta dúvidas sobre o futuro do time. Ainda que tenha alcançado o momento de maior invencibilidade de 2023 - seis jogos -, o clube enfrenta conflitos internos que envolvem indisciplina, questão técnica, física e liderança.

Há problemas de relacionamento?

O treinador Jorge Sampaoli precisa administrar uma tensão no elenco do Flamengo. Como noticiado pelo GLOBO, existe uma falta de unidade e disputa de poder, de forma velada, entre David Luiz e Gabigol, desde o começo do ano. Após a saída de Diego Ribas no fim de 2022, o zagueiro passou a tentar exercer ainda mais a sua liderança, mas parou no atacante, que foi alçado a capitão pela diretoria do clube.

Em um contexto delicado na questão de desempenho em campo, ainda na gestão Vítor Pereira, que se encerrou em abril deste ano, Gabigol tentou aparar as arestas, mas David Luiz não se mostrou aberto para abaixar a cabeça para o companheiro e compor.

No elenco, o zagueiro é visto como principal referência dos jovens, incluindo os da base. Já entre os atletas mais rodados, há incômodo com a situação. Entretanto, o respeito com os dois se mantêm e nenhum deles tenta diminuir ou enquadrar Gabigol.

O GLOBO apurou não haver mais paciência entre os jogadores em geral para ouvir os "sermões" de David Luiz nos treinamentos e nos jogos, quando costuma ditar o ritmo das ações e cobrar os colegas.

Nomes de maior peso como Arrascaeta, Éverton Ribeiro e Bruno Henrique não tomam partido, mas são alinhados a Gabigol no dia a dia. Assim como integrantes da diretoria, que lhe dão "cobertura".

Quais as principais críticas a Jorge Sampaoli?

O técnico Jorge Sampaoli, que atua no Flamengo há cerca de 40 dias, enfrenta críticas por conta da campanha morna no Brasileirão e o recente tropeço na Libertadores. O baixo rendimento em campo e a atuação da equipe de uma forma geral causam grande desconforto entre jogadores, diretoria e torcedores. Em função disso, o argentino enfrenta seu primeiro momento de instabilidade no comando do time, o que acontece bem antes se comparado às turbulências do período de Vítor Pereira, que assumiu no começo do ano e durou três meses.

Ainda que tenha conseguido implementar um trabalho que gerou resultado em termos de intensidade e contundência no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil contra o Fluminense, a preparação física do elenco é vista como um problema para o clube.

Sampaoli afirma que recebeu os jogadores longe das condições ideais para desempenhar um jogo de alta intensidade. Por outro lado, o chefe da preparação física durante a gestão de Vítor Pereira, Mário Monteiro, rebateu o técnico em entrevista ao GE. Ele aponta que o argentino está fugindo de suas responsabilidades.

— Não concordo de jeito algum com essas críticas porque nós sempre treinamos com alta intensidade. E o Flamengo, acima de tudo, tem um departamento altamente qualificado com muita gente competente, onde sempre monitoramos os nossos treinos. E segundo: acho que isso é uma forma de ele fugir às suas responsabilidades e estar sempre a atacar o preparo físico — afirmou Monteiro ao GE.

Há também a percepção que os problemas não são físicos, mas sim técnicos e táticos. Dentro do clube, Sampaoli é criticado pelas constantes trocas na equipe a cada partida.

Por que o time não está jogando bem?

Em 12 jogos a frente do clube, Jorge Sampaoli ainda experimenta formações táticas e não chegou ao time ideal, que novamente sofre com lesões recorrentes. O meia Arrascaeta sofreu uma lesão muscular na coxa esquerda em 19 de março e está em recuperação. Existe a possibilidade dele retornar aos campos no jogo contra o Fluminense, nesta quinta-feira. O seu aproveitamento no jogo é provável, ainda que não esteja 100%, por se tratar de uma partida decisiva, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Já o caso de Everton Ribeiro é mais complicado. Também com uma lesão muscular, só que mais grave, o meia ainda não foi a campo e tem a participação contra o Fluminense muito difícil.

O time também não vê o investimento na contratação do atacante Everton Cebolinha justificado, ao mesmo tempo que os jogadores Pedro e Gabigol enfrentam má fase. Da mesma forma, o goleiro Santos, vem frequentando o banco de reservas nas últimas partidas e o técnico Jorge Sampaoli, junto de sua comissão, decidiu barrar o experiente jogador.

O veterano de 33 anos tem 26 partidas em 2023 e conviveu com altos e baixos, sobretudo quando o argentino chegou e tentou implementar uma saída de bola com os pés. Muito por conta disso, o treinador parou de alternar os goleiros depois de alguns jogos com essa necessidade. Os problemas físicos de Santos também interferiram.

Por que Marinho foi afastado pelo Flamengo?

O atacante foi multado, retirado da relação do último jogo e treinará em período alternativo por tempo indeterminado porque se recusou a viajar para o Chile, onde o clube enfrentou o Ñublense na última quarta-feira, pela Copa Libertadores. O anúncio do afastamento ocorreu três horas após ter o seu aniversário de 33 anos comemorado pelo Flamengo nas redes sociais.

Marinho teria se desentendido com um membro da comissão técnica de Jorge Sampaoli. Antes da viagem ao Chile para o jogo com o Ñublense, o jogador se queixou de dores para não ser relacionado. O Flamengo fez exames médicos, que não apontaram qualquer problema que justificasse dor, e o treinador não teve tolerância para uma nova chance

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