Comunidade de e-sports reage à fala de Moser sobre indústria ser "entretenimento"
Em entrevista, ministra dos Esportes afirmou que a pasta não pretende investir na área, o que gerou revolta entre integrantes do universo dos jogos eletrônicos
Agência O Globo
Publicado em 11 de janeiro de 2023 às 17h21.
Última atualização em 11 de janeiro de 2023 às 17h41.
Em uma entrevista, a recém-empossada ministra dos Esportes, Ana Moser, afirmou que vê os jogos eletrônicos como parte de uma "indústria do entretenimento", e declarou que a pasta não prevê investimentos na modalidade. A fala logo repercutiu entre jogadores, streamers e donos dos times competitivos, com críticas ao posicionamento da representante da pasta.
Em uma transmissão ao vivo, Gabriel Toledo, campeão mundial de CS:GO conhecido como FalleN, foi mais moderado e pregou o diálogo entre a comunidade e o poder público. De acordo com ele, o posicionamento do ministério pode acabar atrasando as conquistas da modalidade, mas acredita que é possível reverter o cenário.
"Eventualmente, cedo ou tarde, a gente vai precisar ter algumas regulações para o esporte eletrônico no país. São coisas que já estão acontecendo em outros países. Quem sabe com diálogo e apresentando ideias seja possível mostrar uma outra faceta, porque eu acho que é importante, sim, ter ações reguladas, que abram oportunidades para fazer coisas bacanas nos e-sports, leis que ajudem os profissionais, os atletas que estão vindo, leis que ajudem as empresas a também investirem neste mundo", comentou.
Outros grandes nomes dos e-sports preferiram uma abordagem mais crítica, utilizando ironias. Na entrevista, Moser falou que "o atleta de e-sports treina, mas a Ivete Sangalo também treina para dar show e ele não é atleta, ela é uma artista que trabalha com entretenimento".
O streamer Gaules, principal figura das transmissões de campeonatos de jogos eletrônicos no Brasil, publicou nas redes sociais um anúncio de início de live com uma mensagem para à ministra.
Já a apresentadora de competições Nyvi Estephan acredita que a categoria não deve ficar submetida à pasta dos esportes, afirmando que a indústria possa ser melhor aproveitada em outra área do governo, como no Ministério da Ciência e Tecnologia.
Em uma série de publicações no Twitter, ela expôs sua opinião, afirmando que a regulamentação "da mesma maneira que é feito nos esportes tradicionais" poderia ser um retrocesso. "Parece que voltamos dez anos quando o assunto era discutido", expressou.
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