Trybe faz Instituto, ajuda estudantes com até um salário e se torna B-Corp
No modelo de negócio da Trybe estudantes pagam depois de formados e se com renda acima de R$3.000. Lançamento do Instituto e certificação do Sistema B reforçam estratégia
Marina Filippe
Publicado em 16 de fevereiro de 2022 às 08h00.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2022 às 11h05.
Filho de mãe solteira e professora aposentada de português, Matheus Goyas, de 31 anos, passou grande parte da vida no ambiente escolar, seja no momento do próprio estudo ou acompanhando a mãe. Aos 14 anos, Goyas começou a ensinar, como professor de matemática particular para ter uma renda e acompanhar os amigos que fez no colégio Santo Antônio, em Belo Horizonte, onde tinha bolsa de estudos. Assim, quando adulto, era óbvio para Goyas que seu caminho seguiria na educação.
Em 2012 ele fundou a startup AppProva, mais tarde incorporada pela Somos Educação, e em 2019 a Trybe, uma edtech que alia inovação e impacto social. Com seus sócios, a Trybe ganha ainda mais força para impactar a vida das pessoas e focar em empregabilidade.
"Conversamos com as maiores empregadoras do Brasil para entender a demanda do mercado e criamos cursos com base nisto. Somos focados na formação em tecnologia de modo que haja uma alta taxa de empregabilidade e renda para os formados que se dedicaram cerca de 6 horas por dia durante 12 meses", diz Goyas .
Para continuar a missão de combater desigualdades por meio da educação, a Trybe agora lança o Instituto Vamo que Vamo para apoiar financeiramente estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica durante a formação, a fim de permitir dedicação de qualidade aos estudos.
Na prática, o Instutio fornece assistência financeira entre 500 e 1.200 reais, dependendo da necessidade do estudante na hora da solicitação e avaliação. A ideia é que com esse valor ele consiga completar a renda e até se dedicar mais ao estudo.
O modelo de atuação do Insituto se deu após, no semestre passado, as empresas XP, iFood e a própria Trybe oferecerem bolsas para os estudantes. Atualmente são 400 pessoas apoiadas e há a expectativa de 500 novos apoios neste ano.
Modelo de negócio
A Trybe, que já recebeu US$ 48 milhões em três rodadas de captação - seed, Série A e Série B, oferece um curso de desenvolvimento de software web e se prepara para lançar novas formações em tecnologia, como mobile e front end. Assim, o executivo esperar finalizar 2022 com 6.000 pessoas formados, sendo que até hoje são 3.500 pessoas estudantes desde a fundação.
Entre os estudantes, 80% optam pelo modelo de sucesso compartilhado, no qual podem começar a pagar pelo curso apenas após empregado e se com renda mínima de 3.000 reais, destinando 17% do total para o pagamento em até cinco primeiros anos de curso. Se o estudante não conseguir a renda nos cinco anos, ou em parte do período, não sendo suficiente para concluir o pagamento integral, a dívida é perdoada.
“Trabalhamos deste modo por entender que geramos acesso uma vez que a pessoa pode estudar antes e pagar quando tiver renda. Os estudantes são comprometido e tem uma taxa de empregabilidade de 94%, sendo 92% deles em até 90 dias após a formatura”, diz Goyas. Hoje mais de 250 empresas são parceiras na geração de oportunidade para os formados.
B- Corp
Também pela atuação, a edtech acaba de conquistar a certificação B-Corp, que reconhece empresas que geram valor e impacto para toda a sociedade. A chancela é concedida pelo Sistema B, modelo de análise de impacto das empresas desenvolvido pela organização sem fins lucrativos B Lab, dos Estados Unidos.
Para receber a certificação, as empresas devem cumprir altos padrões de performance e são avaliadas por meio de um processo que analisa cinco principais áreas: modelo de negócios, comunidade, meio ambiente, governança e funcionários. Atualmente existem mais de 4 000 empresas B-Corps em todo o mundo. Entre elas, estão companhias como Danone, Ben & Jerry's, Movida, Natura&Co e Patagonia. No Brasil, já há mais de 210 empresas certificadas.
No caso da Trybe, a certificação foi concedida já na primeira tentativa, com mérito na maioria dos pontos, como a possibilidade de 100% dos cerca de 500 funcionários ser acionistas e a geração de valor para a sociedade, mas também alguns ajustes a serem feitos ao longo dos anos, como mapeamento da pegada de carbono e compensação considerando todos os funcionários, hoje em home office.
Para continuar evoluindo, a Trybe conta com duas lideranças dedicadas ao compliance e responsabilidade social,Mariana Lopes, head do Instituto, e Carolina Zanotta, diretora jurídica, compliance e ESG. "Anunciar a criação do nosso Instituto, ao mesmo tempo em nos tornamos uma empresa certificada B-Corp, reforça que estamos no caminho certo", diz Goyas.