Suzano: empresa quer tornar a cadeia produtiva mais "limpa" (Germano Lüders/Exame)
A Suzano, fabricante de papel e celulose, lançou hoje, 16, um programa de combate às mudanças climáticas com foco na descarbonização da sua cadeia produtiva. O alvo serão os fornecedores diretos, que passarão a mensurar e reportar suas emissões e impactos ambientais.
O programa chega para sustentar as ações ambientais da Suzano, baseadas em um plano estratégico que compreende metas de longo prazo a serem atingidas até 2030. Um exemplo disso está no comprometimento da empresa em reduzir em pelo menos 15% suas emissões de CO2 dos escopos 1 e 2 e o desejo de aumentar em 50% a exportação de energias renováveis até o final da década.
Neste primeiro momento, a empresa estabeleceu uma parceria com o Carbon Disclosure Project (CDP), entidade que realiza análises da pegada de carbono das empresas para o mercado financeiro. Por meio da plataforma do CDP, os fornecedores poderão responder ao formulário de avaliação de riscos climáticos e, em contrapartida, receber uma devolutiva da instituição - que deverá avaliar as respostas de cerca de 100 fornecedores. Com base nessas respostas, as empresas poderão entender suas principais dores, pontos de melhoria e, a partir disso, criar novas estratégias que considerem a sustentabilidade das operações.
A intenção da Suzano é também ser capaz de ampliar a meta de redução das emissões de gases poluentes para o escopo 3, ou de emissores indiretos - que são, em sua maioria, fornecedores. Apesar de não prever impacto nas métricas sustentáveis de longo prazo, a empresa acredita que o novo projeto irá acelerar os objetivos já estabelecidos. “Isso vem para dar uma maior abrangência junto à cadeia”, diz Julia Spinasse, Gerente de Sustentabilidade da Suzano.
Entre os meses de novembro e dezembro, a Suzano terá acesso às respostas no CDP, e irá se reunir com os fornecedores envolvidos para discutir possíveis novas estratégias. “Essa é uma chance de levarmos um conhecimento tão importante como este à nossa cadeia de valor. As empresas vão estar mais maduras sobre impacto ambiental e isso vai refletir também na atuação da Suzano”, diz Andrea Nonaka, gerente de suprimentos da empresa, que também afirma que a fabricante divulgará, em futuro próximo, novas ações de descarbonização entre os fornecedores.
Esforços similares já têm sido adotados por setores com grande impacto ambiental, como a exemplo do agronegócio. As gigantes JBS, Marfrig e Minerva já contam com programas de monitoramento da cadeia de fornecedores diretos e indiretos a fim de mitigar as mudanças climáticas e reduzir relações com áreas de desmatamento.
“Entendemos que temos importantes contribuições a fazer como companhia, mas que ao mesmo tempo é preciso um envolvimento maior”, diz Spinasse. “Essa é uma questão ambiental, mas que pode interferir muito na gestão dos negócios e ter impactos financeiros para a Suzano. Com mais transparência, ganham os fornecedores, que passam a entender melhor os riscos climáticos e ganhamos nós como empresa também”.
A empresa é também uma das principais sequestradoras de carbono do país. Na prática, isso significa que, além de investir para reduzir as emissões das operações, a empresa também é capaz de retirar da atmosfera o carbono que já foi emitido. Para isso, a Suzano se vale de inúmeras áreas de reflorestamento - 1,3 milhões de hectares para ser mais exato. Em 2019, o sequestro de carbono da Suzano totalizou 15,4 milhões de toneladas de CO2, uma porcentagem mínima frente às emissões declaradas no ano: 3,7 milhões de toneladas. Parte da meta ambiental da Suzano é também capturar ao menos 40 milhões de toneladas até 2030.
A boa conduta ambiental também rendeu à Suzano um bom desempenho no ano passado. O lucro líquido no quarto trimestre de 2020 foi de 5,9 bilhões de reais, valor quatro vezes maior do que o registrado no mesmo período no ano anterior, quando a empresa lucrou 1,18 bilhão de reais.