A Shell deve anunciar sua estratégia para as energias renováveis em fevereiro (Andrey Rudakov/Bloomberg)
Rodrigo Caetano
Publicado em 8 de dezembro de 2020 às 16h44.
Última atualização em 8 de dezembro de 2020 às 17h02.
A petroleira Shell foi pega de surpresa por uma série de pedidos de demissão, semanas antes de anunciar uma grande estratégia de transição para as energias limpas. Segundo o jornal Financial Times, três dos principais diretores do setor de renováveis deixaram a companhia. O grupo estaria insatisfeito com os esforços da petroleira para fazer essa transição.
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Pediram demissão Marc van Gervan, líder da área de solar, Eric Bradley, executivo que trabalha com geração distribuída, e Katherine Dixon, responsável por coordenar os times envolvidos nesse trabalho. Ainda segundo o FT, também é esperada a saída de Dorine Bosman, vice-presidente de energia eólica.
As principais discordâncias estariam relacionadas com a velocidade proposta para essas mudanças. Os executivos da área de renováveis estariam insatisfeitos com as ambições da petroleira. O FT, no entanto, ressalta que não é possível relacionar todos os movimentos com a questão.
Petroleiras europeias estão sendo pressionadas a adotar planos de descarbonização, em linha com que a União Europeia vem propondo ao resto do mundo com seu plano de recuperação baseado na transição para a economia de baixo carbono: o Green Deal Europeu.
Há duas semanas, a britânica BP anunciou a intenção de cortar 40% de sua produção de petróleo e gás até 2030. Os planos da Shell serão anunciados em fevereiro. A expectativa é que sejam tão ambiciosos quanto os da rival.
A adequação da matriz energética a uma economia de baixa emissão de carbono está na lista de prioridades das grandes petrolíferas do mundo todo. Mas empresas do setor adotam diferentes estratégias para fazer frente às mudanças climáticas. Algumas têm direcionado seus investimentos para a produção de fontes renováveis, enquanto outras para o desenvolvimento de tecnologias que minimizem os efeitos colaterais do petróleo e de seus derivados no meio ambiente.
Há um grupo de petrolíferas que está ampliando o investimento em fontes renováveis, como a britânica BP. Em 2017, a multinacional comprou 43% do capital da Lightsource, líder em indústria solar na Europa. Por aqui, a empresa possui 2 gigawatts (GW) de painéis solares, além de ser sócia da BP Bunge Bioenergia, vice-líder do setor sucroenergético no país.
A norueguesa Equinor trilhou caminho semelhante ao assumir cerca de 10% do capital acionário da Scatec Solar ASA, em 2018. “Até 2035, aumentaremos nossa capacidade instalada de energia renovável em 30 vezes em relação a hoje”, disse a assessoria de imprensa da empresa. No Brasil, por meio da Statec Solar ASA, a empresa desenvolve o complexo de energia solar Apodi, no Ceará.