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As tripulantes: Jessyca Lopes, Katharina Grisotti, Thamys Trindade e Marília Nagata integram a expedição (Laura Campanella / Voz dos Oceanos/Divulgação)
Editor ESG
Publicado em 14 de julho de 2024 às 07h00.
Uma expedição para recolher amostras de microplásticos presentes em alimentos marinhos se encerra neste domingo, 14, no Pará. A viagem, que durou 70 dias, é capitaneada pela Voz dos Oceanos, organização de defesa ambiental liderada pela Família Schurmann, de velejadores e ambientalistas. A ideia do projeto é conscientizar a população sobre os riscos atrelados à presença de polímeros nos oceanos.
Segundo a organização, ao consumir ostras, vieiras e mexilhões, entre outros organismos marinhos chamados de bivalves, por exemplo, a pessoa acaba engolindo junto os microplásticos, partículas microscópicas de polímeros do tamanho de uma célula. Isso ocorre porque esses organismos são "filtradores" desses poluentes, e os transferem aos humanos pela ingestão.
A iniciativa é guiada por uma pesquisa científica em parceria com a Universidade de São Paulo (USP). Os bivalves serão coletados e enviados para análise nos laboratórios da USP em um estudo inédito, coordenado pelo Prof. Dr. Alexander Turra.
Turra explica que o equipamento utilizado no estudo é o mais avançado do mundo. A tecnologia não apenas recolhe o microplástico, como permite a sua catalogação, baseada em sua forma e cor, por exemplo, para identificar o tipo de polímero. Entre os materiais mais encontrados estão as redes de pesca - fáceis de identificar - e partículas menos óbvias, como pedaços de pneus, além de poliéster, material usado em roupas, e PVC.
A equipe de pesquisa conta com a oceanógrafa e produtora de conteúdo Katharina Grisotti, que navegou de Galápagos à Nova Zelândia a bordo do veleiro sustentável Kat na primeira etapa da expedição. Junto com ela estão as novas tripulantes Bárbara Clara Costa, jornalista e roteirista, Jessyca Lopes, bióloga marinha e produtora de estrada, Marília Nagata, bióloga marinha e doutoranda em Oceanografia pelo Instituto Oceanográfico da USP e comandante da pesquisa científica, e Thamys Trindade, jornalista, documentarista especializada em conservação de natureza e diretora de fotografia da missão.
Além da coleta de material, a expedição registrou projetos socioambientais, cultura regional, atrações turísticas e gastronomia sustentáveis. O objetivo, conforme David Schurmann, cineasta e um dos líderes da Voz dos Oceanos, é dar visibilidade a essas tradições e a projetos locais de sustentabilidade. A iniciativa conta com o patrocínio de Localiza&co, apoio institucional da Marca Brasil e da Embratur, apoio nacional da Mitsubishi do Brasil e da Yacht Master, e apoios locais, incluindo da Marina Itajaí, partida da expedição.
O próximo passo, segundo Turra, é finalizar a catalogação dos dados e apresentar um estudo sobre os materiais mais encontrados. Isso vai permitir que sejam tomadas medidas específicas para conter a poluição, a partir da identificação precisa das fontes de descarte de lixo nos oceanos.